Redes sociais são fundamentais para um desenvolvimento sustentável

Por: GIFE| Notícias| 17/07/2006

O campo social vive atualmente uma moda que poderia ser chamada de “”redismo””. Resultado de criação de redes colaborativas, muitas delas com pouca ou nenhuma sustentabilidade, essa prática constitui um meio poderoso de organização social.

Em entrevista ao redeGIFE, Dalberto Adulis, coordenador de Redes da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), comenta os pontos fundamentais para o trabalho em rede e fala um pouco mais sobre o evento que será realizado esta semana em SP.

Realizado pela ABDL em parceria com o Senac-SP, o Seminário Redes e Desenvolvimento, de 19 a 21 de julho, discutirá com especialistas sobre o tema como o chamado “”redismo”” se tornou prática comum na área de desenvolvimento sustentável, devido à articulação que propicia entre diferentes atores sociais.

redeGIFE -As iniciativas colaborativas em redes serão o futuro do terceiro setor?

Creio que as redes serão cada vez mais importantes como forma de articulação dos atores sociais, o que não significa que serão as únicas maneiras de associação entre estes atores. Alianças e parcerias, por exemplo, continuarão tendo sua importância no terceiro setor, assim como formas mais tradicionais de organização, como associações e federações.

O que se pode dizer é: os problemas contemporâneos são tão complexos que não podem ser solucionados sem o envolvimento e participação dos diferentes atores sociais e as redes revelam-se como uma forma promissora de articulação entre atores e setores.

redeGIFE -O evento evoca redes e desenvolvimento. Qual é a relação?

De modo geral, as redes viabilizam a articulação de atores em torno de temas e problemas relevantes para o desenvolvimento, como meio ambiente, saúde, educação, conhecimento e desenvolvimento local. Nos últimos anos vimos o surgimento de redes nesses diferentes campos, que se unem com o propósito de compartilhar informação, trocar experiências, desenvolver ações conjuntas e influir em políticas públicas que contribuam para a promoção do desenvolvimento sustentável.

As redes podem contribuir tanto na promoção do desenvolvimento local, através da articulação de atores que atuem em determinados territórios, como na definição de políticas internacionais, e temas como direitos humanos, meio ambiente e mudanças climáticas.

No seminário, pretendemos discutir alguns aspectos da chamada “”sociedade em rede””, como a articulação de atores sociais em rede e novas formas de colaboração e produção de conhecimento, para em seguida abordar o papel das redes na promoção do desenvolvimento.

redeGIFE -As organizações do primeiro, segundo e terceiro setores ainda têm trabalhado muito isoladamente?

De certo modo sim, mas esta a tendência à colaboração pode ser vista nos diferentes setores. Nos últimos anos as organizações dos diferentes setores se defrontam com a necessidade de encontrar formas inovadoras de atuação, distintas do modelo burocrático tradicional, que abram espaço à participação e à colaboração.

Quando olhamos o setor privado, vemos que o processo de globalização e o acirramento da concorrência internacional, por exemplo, têm estimulado a formação de redes empresariais que unem organizações privadas de diferentes países.

Ao deslocar o olhar para o setor público vemos que, desde a aprovação da Constituição de 1988 o processo de descentralização abre espaços para a relação entre atores governamentais de diferentes esferas e a participação de cidadãos e organizações em processos de formulação e controle de políticas públicas, em áreas como saúde, educação, saúde e meio ambiente.

Já no campo das organizações da sociedade civil vemos uma quantidade enorme de iniciativas voltadas à articulação dos atores, seja através da formação de redes ou de espaços como o Fórum Social Mundial.

redeGIFE -Quais são os principais desafios para se trabalhar em rede no setor social?

Um dos principais fundamentos do trabalho em rede no setor social é acreditar que a colaboração é fundamental para a promoção de mudanças sociais e do desenvolvimento. Apesar desta idéia parecer óbvia e ser um dos motivadores da constituição das redes, podemos identificar alguns desafios para a sua concretização.

Entre os principais desafios podemos destacar a participação efetiva dos integrantes, que exige dedicação de tempo e energia por parte dos integrantes, a auto sustentabilidade, das organizações e da própria rede, e, finalmente, o desenvolvimento de referenciais que possibilitem monitorar e avaliar os resultados das ações da própria rede.

redeGIFE -Qual a importância da formação de lideranças na composição das redes?

O bom funcionamento das redes depende, entre outras coisas, da existência de valores e objetivos compartilhados e da participação dos seus integrantes em atividades colaborativas, como troca de informações e a realização de ações conjuntas. O sucesso de ações colaborativas depende de pessoas que estejam, de fato, dispostas a oferecer algo de si para o outro, não por interesse imediato, mas por uma generosidade que pode nascer no processo de amadurecimento da própria rede.

Serviço:
O seminário será realizado no auditório da Sede do Senac São Paulo localizado na Rua Dr. Vila Nova, 228 – São Paulo/SP. Mais informações sobre o evento: [email protected]

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