Etienne Eichenberger e Maurice Machenbaum*

A nova filantropia não é completamente nova: o que mudou foi a maneira como é levada à prática. Novas informações, novos espaços para interagir e novas fontes de aconselhamento estão agora disponíveis para os doadores. Porém em qualquer relacionamento doador-beneficiário tem que existir expectativas mútuas harmônicas e disponibilidade de recursos para aumentar a probabilidade de dar certo. É sobre o quê você deseja atingir tanto quanto como você deseja consegui-lo.

Como mencionou o ex-diretor da Fundação Aluna da Colômbia, Pascal Affolter, a um filantropo Suíço durante sua visita ao campo no ano passado: “”Pense criticamente, construtivamente e respeitosamente sobre as etapas que precisam ser realizadas sem gerar burocracia.””. Em outras palavras, para se progredir com eficiência é importante avaliar o nível de interação com a organização parceira para poder alcançar o correto balanço entre a avaliação honesta do progresso e o nível requerido de confiança.

A seguir alguns princípios de doação correta que temos aprendido trabalhando com famílias e empreendedores.

Selecione uma organização, mas defina um projeto em conjunto

A experiência nos mostra que uma boa organização pode desenvolver projetos bons ou ruins enquanto que uma organização ruim geralmente não consegue administrar um projeto com eficiência mesmo sendo muito bom no papel. Por isso, é essencial fazer uma visita seguida de uma definição em conjunto do projeto dentro das entidades escolhidas uma vez que isto permitirá ao doador conhecer a organização parceira tendo condições de medir o impacto do suporte dele ou dela.

A entidade apoiada pelo doador não deve somente executar os objetivos dele ou dela. Seu papel é proporcionar mudanças num contexto específico e, como tal, é importante construir um relacionamento harmônico entre ambos para benefício mútuo.

Compromisso a longo prazo
Leva tempo fazer mudanças. O doador, ao assumir um compromisso por alguns anos, pode estabelecer um relacionamento baseado na confiança e no compartilhamento de informações. Isto permite que a organização parceira tenha uma idéia razoável sobre os recursos necessários para atingir os objetivos. Ao mesmo tempo, um compromisso longo ajuda o doador a entender ainda melhor as dificuldades e os desafios enfrentados pela organização e ajuda este a ampliar seu conhecimento nas áreas que lhe interessam.

Planejamento e Estratégia de Saída
Uma estratégia de saída deve ser planejada desde o início de modo que a organização não se torne dependente do doador. Após um período de 3 a 5 anos, o doador deveria poder seguir em frente sabendo que ele tem criado um impacto duradouro e significativo. Para evitar a dependência, o doador deverá ter cuidado com os valores doados para as organizações: como referência geral, é melhor que não seja maior que 25% do seu orçamento operacional.

Comprometimento leve-toque
Os filantropos que estabelecem uma estrutura com ferramentas de planejamento e acompanhamento preparando-se desde o início para uma eventual saída, terão melhores sucessos na combinação de resultados e satisfação. As expectativas dos parceiros também têm que estar abertas, especialmente as que se referem ao potencial envolvido e à necessidade de serem flexíveis caso o projeto tenha que passar por mudanças inesperadas. Os parceiros podem ter uma satisfação plena sem a necessidade de estruturas administrativas complicadas mediante cuidadosos planejamentos realísticos, mantendo um registro escrito dos acordos, estabelecendo canais de comunicação e antecipando-se aos problemas e às mudanças.

Finalmente, alcançar o impacto desejado somando-se o anseio de ser bom para fazer o bem, são as metas chave da filantropia. Mas isto muitas vezes é difícil de captar e medir, por isso o filantropo deve permanecer humilde na trajetória do aprendizado.

*Etiennee Eichenberger e Maurice Machenbaum são co-fundadores da Wise, organização social de Genebra. Mais informações: http://www.wise.net