Relatórios da ONU apontam situação alimentar e nutricional no mundo

Por: GIFE| Notícias| 21/01/2019

Avaliar o quadro da fome, nutrição e questões de saúde relacionadas a alimentação. Esses foram alguns dos objetivos de dois importantes relatórios divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU): “O estado da segurança alimentar e nutricional no mundo” e “Panorama da segurança alimentar e nutricional na América Latina e no Caribe”, este último com recorte para a América Latina.

O panorama mundial foi feito a cinco mãos com a participação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Mundial de Alimentos (WFP) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em nível mundial, algumas informações e descobertas se destacam, como o fato de que a fome aumentou: segundo o documento, estima-se que em 2017 o número de pessoas subalimentadas chegou aos 821 milhões, o que equivale considerar que um em cada nove habitantes passam fome no mundo.

Dentro ainda do tema da alimentação, é possível fazer inúmeros recortes. Especificamente na infância, os números ainda são altos: quase 151 milhões de crianças menores de cinco anos estavam com atraso em seu crescimento em 2017. A obesidade tanto entre adultos quanto entre os mais novos continua sendo um problema: um em cada oito adultos, o que equivale a 672 milhões de pessoas, são obesos. Entre crianças, são 38 milhões com menos de cinco anos e sobrepeso.

Esse cenário de coexistência entre sobrepeso e desnutrição em um mesmo país se evidencia por conta da falta de segurança alimentar. Segundo o documento, algumas razões que podem explicar porque algumas famílias que enfrentam insegurança alimentar podem ter um risco mais alto de sobrepeso e obesidade são: o alto custo de alimentos nutritivos, o estresse de viver nessa situação e adaptações fisiológicas à restrição de alimentos.

O clima também tem grande influência na alimentação ao redor do mundo. O relatório defende que os efeitos cumulativos de mudanças climáticas estão minando todas as dimensões da segurança alimentar como disponibilidade, acesso e consumo de alimentos. Nesse sentido, aponta a necessidade de pensar em ações e soluções que reforcem a capacidade de adaptação de sistemas alimentícios e financiamento em larga escala de programas de redução e gestão de riscos de catástrofes provenientes de mudanças climáticas.

O cenário na América Latina e Caribe

O panorama regional também feito foi feito a cinco mãos com a participação de FAO, Unicef, WFP, OMS (regional das Américas) e Organização Panamericana de Saúde (OPS).

Segundo o documento, o número de pessoas subalimentadas na América Latina e Caribe aumentou pelo terceiro ano consecutivo, chegando ao patamar de 39,3 milhões de pessoas. O relatório tratou dos mesmos assuntos que a versão global, mas com recorte específico para a região. Por exemplo, o atraso no crescimento de crianças manteve a tendência a baixar, enquanto o sobrepeso infantil superou a média global e afeta 7,3% da população com menos de cinco anos. Outro tema abordado foi a obesidade. Em 1980, 6,6% de pessoas com mais de 18 anos eram obesas no Brasil. Em 2016, o número passou a 22,1%.

Essa edição do relatório tem como tema a desigualdade, que contribui para a fome e má nutrição. Em cada área que se manifesta, a desigualdade produz diferentes padrões. A desigualdade de gênero faz com que 8,4% das mulheres latinoamericanas estejam em situação de insegurança alimentar severa, enquanto entre os homens o número é de 6,9%. Já a desigualdade socioeconômica faz com que, em dez países, os 20% de crianças mais pobres sofram três vezes mais de desnutrição crônica. A desigualdade entre povos também tem seus efeitos: indígenas e rurais estão mais suscetíveis à insegurança alimentar que não indígenas e urbanas, respectivamente.

O panorama também aponta que vários países – entre eles Brasil, Chile, Equador, Guatemala, Honduras, Argentina e México – têm capacidade produtiva suficiente para promover a quantidade adequada de frutas e verduras para sua população. Mas, fatores como exportação contribuem para que que haja um déficit neste cenário.

Todos os dados podem ser consultados no relatório, disponível na íntegra neste link.

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional