Rodrigo Zavala

O diretor da Fundação Empresários pela Educação (ExE), Guillermo Carvajalino, usa uma analogia simples para explicar como a educação é importante para a Colômbia: um sistema que atende diariamente nove milhões de alunos (clientes), através de 25 mil instituições (sucursais), com a participação de 300 mil professores (profissionais) e possui um investimento de US$ 1,5 bilhão anualmente.

Ao apresentar a educação pública como uma empresa, Carvajalino tenta ilustrar de forma didática a equação filantropia, investimento social privado e a educação. “”Ela gera a principal riqueza da nação: a formação de crianças e jovens que podem assegurar uma economia competitiva e uma sociedade próspera e sustentável a longo prazo.

Em entrevista ao redeGIFE, ele conta um pouco mais sobre o trabalho realizado pela fundação, que completa em 2006, quatro anos de existência. Ele explica como pretende lograr transformações no sistema educativo e apontar estratégias para a melhoria da educação e a construção participativa de políticas públicas.

O colombiano Guillermo Carvajalino palestrará na mesa Parceria da Sociedade Civil com o Estado para a Construção de Políticas Públicas, no dia 25 de maio, durante as atividades do 4º Congresso GIFE de Investimento Social Privado.

redeGIFE – Quais são os principias resultados da gestão do ExE nos seus quatro anos?

Guillermo Carvajalino – Os três logros mais importantes da fundação são, em primeiro lugar ter mobilizado um número alto de empresários por toda a extensão do país, o que permitiu um trabalho articulado com o sistema educativo. Há que se ter em conta que isso é diretamente proporcional ao fato de que o setor educacional colombiano é descentralizado, com os recursos e competências regionalizadas. Em segundo lugar, ter uma oferta de programas, portifólio concreto, que chega e atende a um grupo amplo de população educativa.

Atualmente, a ExE conta com 293 empresários mobilizados em diferentes regiões; 14 comitês de apoio às Secretarias de Educação; 239 instituições atendidas em todo o país em seu Programa de Voluntariado, que contribui para a melhoria da gestão escolar, com 320 voluntários; e projetos específicos, como Modelos Escolares para a Equidade, realizado em sete municípios, atendendo mais de 38 mil estudantes.

Por último, mas não menos importante, mobilizou e investiu um volume significativo de recursos financeiros destinados à educação. O último levantamento mostrou que a ExE transferiu cerca de US$14 bilhões nos últimos quatro anos.

redeGIFE– Com esse cenário, como os empresários em geral vêem o tema da educação na Colômbia?

GC – Vai bem na questão da cobertura e não tão bem em qualidade. O governo está fazendo esforços na direção correta com respeito ao tema. No entanto, esses esforços, por diferentes fatores, não podem ser aplicados de forma homogênea em todas as regiões e os resultados vão levar tempo para serem alcançados. Há que se implementar planos de melhoria mais agressivos em regiões que mais os necessitam e elevar os investimentos públicos locais; impulsionar políticas de educação mais estáveis e lograr ter funcionários públicos mais idôneos e melhor capacitados.

redeGIFE -Nesse contexto, quais são as metas da Fundação para os próximos anos?

GC – O que nós deveremos ter nos próximos anos é o mais amplo movimento empresarial que irá trabalhar e pressionar uma reforma educativa sustentável, que assegure altos níveis de cobertura, de qualidades e de eficiência no gasto em educação. Isso só poderá acontecer por meio de ações, como a vinculação a comitês empresariais, voluntariado ou apoio a projetos específicos. Mas, o pano de fundo de tudo é a mobilização do empresariado.

A essência é ter o maior movimento empresarial do país estimulando a sociedade colombiana e ao governo para que a educação tenha um standard de qualidade mundial. Nessa estratégia é importante também conseguir mobilizar mais e melhores recursos da cooperação internacional.

redeGIFE – Mas, como os empresários identificam a importância da educação dentro da idéia de investimento social privado?

GC – Para o mundo empresarial existe uma relação direta entre o exercício da filantropia, a responsabilidade social e a educação. Acredito que os empresários são talvez o grupo da população mais sensível e consciente dos benefícios da educação para a sociedade. Desde um ponto de vista puramente econômico, porque é perfeitamente clara a importância que existe para um país contar com uma população mais capacitada e competitiva. Isso leva a um mercado consumidor mais exigente e educado.

Mas eu diria algo mais. Ainda que sempre se fale que os impactos finais da educação sejam em longo prazo, os benefícios do ensino são imediatos: o fato de ter nossos meninos e meninas na escola é um benefício imediato e tangível, que se expressa na felicidade das próprias crianças, na tranqüilidade das famílias que podem aspirar um futuro melhor para seus filhos e na paz derivada da inversão social realizada com responsabilidade.

Os empresários entendem que investir em educação é investir no futuro de seus negócios, mas também é aportar de forma concreta para fazer de Colômbia um país melhor.