Rio+B convida empresas para se engajarem em movimento pela sustentabilidade no Rio de Janeiro

Por: GIFE| Notícias| 03/10/2016

Terminados os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o Rio de Janeiro se volta para questões de seu dia a dia – e que impactam seu futuro. Em paralelo ao debate político, às vésperas das eleições municipais, a cidade observa uma iniciativa inédita que pode movimentar parte do campo social e empresarial carioca. Trata-se do Rio+B, uma iniciativa que visa engajar o setor produtivo local em uma sólida agenda de sustentabilidade para o município.

A empreitada é um esforço do Sistema B em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do Rio Resiliente, e com Ellen MacArthur Foundation, referência mundial em economia circular, BMW Foundation e CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), entre outras organizações. A proposta é envolver empresas da região metropolitana do Rio em um processo de autoavaliação de seu impacto socioambiental.

A organização explica que não se trata de um projeto de certificação de companhias comprometidas com processos produtivos e comerciais mais limpos, éticos e socialmente responsáveis. A ideia é, a partir de reconhecidos sistemas de certificação internacional, medir como os negócios cariocas influenciam a sociedade ao seu redor. Todo o processo é sigiloso.

Além de ajudar as empresas a refletir e levar a discussão socioambiental para dentro de seus muros, o Rio+B pretende gerar um mapa do impacto socioambiental das companhias que operam no Rio de Janeiro, permitindo a articulação de novas políticas públicas para o setor. Em pauta, temas como economia criativa, cooperação, construção de redes e sustentabilidade ganham destaque.

Tomás de Lara, colíder do Sistema B e do Rio+B , conta como a ideia foi sendo desenhada. “O Rio+B surgiu na sala de crise do Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro em meados de 2015. Naquela altura, a Rio Resiliente buscava um projeto para aumentar a resiliência socioeconômica da cidade do Rio de Janeiro. A ideia do projeto é utilizar as ferramentas que já existem no movimento global de empresas B, e que normalmente ajudam no processo de certificação destas empresas, a serem uma ferramenta porta de entrada para a questão da sustentabilidade dentro das decisões dos negócios da região metropolitana do Rio de Janeiro.”

Pedro Junqueira, chefe-executivo da Rio Resiliente – uma estratégia pioneira que aponta as principais orientações da cidade para enfrentar impactos e se adaptar a mudanças na cidade -, conta que a iniciativa Rio+B, sob as lentes da prefeitura do Rio, nasceu como consequência dos esforços do Programa Rio Resiliente, que tem na Fundação Rockefeller um importante pilar e uma das razões do início dessa história.

“Na fase em que executamos um diagnóstico sobre as questões da cidade, identificando choques e estresses da região metropolitana, identificamos que a resiliência socioeconômica deveria compor um dos eixos das ações que pretenderíamos colocar em prática. É nesse enredo que surge a possibilidade de encampar a missão de propagar no Rio de Janeiro a primeira onda estruturada de divulgação, quick-assessment e possíveis encaminhamentos para captar empresas do mercado local e regional para entrarem nessa filosofia e, antes disso, terem as provocações necessárias para ‘se olhar, interpretar melhor suas decisões’.”

Para Pedro, o sucesso da iniciativa vai depender da força da mobilização do projeto e do nível de comprometimento das companhias participantes. “Aonde isso pode chegar? Dependerá dos próximos meses de atração de empresas para se avaliarem e para aderirem ao espírito de revisão dos conceitos de sucesso em sua cadeia produtiva e comercial, e dos ânimos empresariais em, somando à necessidade de sobrevivência e crescimento, preservarem o interesse em fazer o bem.”

Tomás explica, ainda, que a expectativa é que o projeto vá para além das fronteiras cariocas. Já existem previsões de levar a iniciativa para outras localidades. “O Sistema B irá levar esta iniciativa a outras cidades da América Latina. Já estamos em conversas avançadas com Santiago+B, Medellin+B, Mendoza+B e Salvador+B”, adianta Tomás.

Como funciona o processo

O Rio+B é dividido em dois níveis de engajamento. No primeiro, a instituição participante responde a uma avaliação de impacto e passa a integrar a Rede Rio+B. A ideia é que as empresas da rede possam alavancar um movimento interno para captar oportunidades a partir das perguntas do questionário sobre suas práticas, podendo desenvolver melhorias imediatas e de médio prazo.

O preenchimento do questionário é uma oportunidade para as empresas se autoavaliarem. Tudo é feito gratuitamente sem nenhum vínculo ou custo para as empresas. Ao todo são 40 perguntas sobre governança, relação com trabalhadores, relação com comunidade, relação com meio ambiente e modelo de negócio. Todo o processo é gratuito, online, sigiloso e estará disponível para acesso entre 20 de setembro e 31 de outubro deste ano. As perguntas poderão ser respondidas no site da iniciativa.

Entre os diversos temas abordados neste processo, o objetivo é dar luz a valores contemporâneos no ambiente empresarial como sustentabilidade nos negócios, melhores práticas socioambientais, retenção de talentos, retorno de investimentos e propósito das marcas frente a uma sociedade em constante mudança.

Ao final do processo de avaliação, as empresas são convidadas a compor o Lab Rio+B, uma série de encontros presenciais para discussão e implementação de melhorias de impacto socioambiental. Ao concordar em participar, a empresa assina um termo de compromisso sobre a intenção de implementação das melhorias. O Lab Rio+B será realizado de novembro de 2016 a maio de 2017.

O projeto já tem a confirmação da participação de empresas como Amil, Accenture, Coca­Coca Brasil e L’Oreal Brasil. Estas companhias se comprometeram a avaliar seu próprio impacto socioambiental e a convidar sua cadeia de fornecedores a também fazê­lo.

 

Entendendo o Sistema B

O movimento internacional de empresas B é uma articulação global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma nova economia: mais inclusiva, diversificada, circular e de baixo carbono. Seu início se deu nos EUA, em 2006, com a ONG “B Lab”, mundialmente reconhecida por suas ferramentas de mensuração de impacto. Assim também surgiu o selo “Empresa B Certificada”, voltado para negócios que se submeteram a uma autoavaliação, seguida de um rigoroso processo de certificação, e obtiveram uma boa pontuação em suas práticas socioambientais. Ao redor no mundo, já são mais de 1800 empresas certificadas B, em 50 países.

O Sistema B, versão latino-americana da B Lab, atua no Brasil há três anos. Ele utiliza as mesmas ferramentas e metodologias para apoiar a certificação de empresas com melhores práticas socioambientais e pretende ser um interlocutor ativo, apoiando a transição do setor privado para uma nova economia, que faça dos negócios com lucro uma força de transformação positiva no mundo. Atualmente, 250 empresas B já foram certificadas na América Latina, 60 no Brasil e 13 no Rio de Janeiro.

“As empresas B são empresas certificadas, que atendem a métricas muito elevadas de impacto socioambiental. Já o Rio+B é um projeto que visa conversar com as empresas que ainda não estão próximas do movimento. Ele quer ser uma porta de entrada, um começo de conversa, a partir da Avaliação de Impacto mais simples de que dispomos. A característica comum das empresas que atenderão ao chamado do Rio+B é a preocupação com o impacto gerado pelo seu negócio na cidade e nas pessoas, e têm o desejo de melhorar indicadores e práticas neste sentido”, analisa o colíder do Sistema B no Brasil.

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