ALEXANDRE DA ROCHA
Subeditor do redeGIFE

Pesquisa realizada pela The Johns Hopkins University (EUA) em 35 países, incluindo o Brasil, mostrou que o terceiro setor movimenta US$ 1,33 trilhão. Se fosse um país, o setor sem fins lucrativos ocuparia a sexta posição no ranking dos maiores PIBs do mundo, na frente de países como Inglaterra, Itália, Espanha e Canadá.

“”O terceiro setor é uma das maiores forças econômicas mundiais””, afirma Lester Salamon, pesquisador do Center for Civil Society Studies, da The Johns Hopkins University. Salamon foi o principal palestrante do Seminário Internacional Perspectivas para o Terceiro Setor no Século XXI, promovido pelo Senac de São Paulo entre os dias 27 e 29 de setembro, em Campos do Jordão (SP).

Durante o evento, ele apresentou os resultados do Projeto Comparativo do Setor sem Fins Lucrativos (Comparative Nonprofit Sector Project), pesquisa realizada em 35 países, que buscou descobrir quala importância das organizações civis sem fins lucrativos na sociedade.

Além do volume de recursos, outro dado importante revelado pelo estudo diz respeito às fontes de receita do terceiro setor. Na média, a filantropia é responsável apenas por 12% do total, enquanto os financiamentos públicos atingem 35% e as mensalidades e outras taxas cobradas por serviços chegam a 53%.

Para a pesquisadora Leilah Landin, que trabalhou no projeto levantando os dados brasileiros, os números são importantes não só para medir a dimensão dessa área, mas também para ocupar uma lacuna deixada pelas universidades. “”O terceiro setor ganhou uma extrema importância social nestes últimos dez anos. Porém, ele não conseguiu adquirir relevância teórica. Esse não é um assunto muito estudado pela academia””, afirma. Além do Brasil, foram pesquisados países como Argentina, Austrália, Bélgica, Egito, França, Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Japão, Uganda e Índia.

Emprego – Salamon também apresentou dados quanto ao número de trabalhadores no terceiro setor. Segundo o estudo, 39,5 milhões de pessoas atuam em organizações sem fins lucrativos, o que equivale a 3,6% da população economicamente ativa dos países pesquisados.

O índice de empregados no terceiro setor tem uma relação estreita quanto ao desenvolvimento desta área. Em países onde as organizações sem fins lucrativos atuam de forma mais estruturada, a força de trabalho é maior. Nos Estados Unidos, por exemplo, 8,8% da população economicamente ativa está no terceiro setor. Na Holanda, o volume chega a 10%.

Na América Latina, que vem observando o crescimento do terceiro setor a partir do início da década de 90, o índice é inferior. No Brasil, apenas 1,4% da população economicamente ativa está no terceiro setor. A Colômbia tem 2%, o Peru 1,8% e o México 0,3%. Dos países pesquisados, a Argentina é o que possui a melhor marca, com 3,6%.

De qualquer forma, a comparação com outras áreas da economia mostra a força do terceiro setor como mercado de trabalho. Ao analisar os mesmos 35 países, Lester observou que a indústria têxtil emprega 4 milhões pessoas, o ramo alimentício, 8 milhões, e o setor de transportes, 33 milhões.