Seminário debate mitos e verdades sobre a educação no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 29/09/2014

No último dia 18, aconteceu em São Paulo (SP) a segunda edição do seminário “Educação: Mitos x Fatos”. A inciativa, realizada pela Rede Globo em parceria com o Unicef, a Fundação Roberto Marinho e a GloboNews, teve como objetivo colocar em pauta e estimular a reflexão sobre questões relacionadas ao sistema educacional brasileiro.

Os temas centrais que nortearam os debates, mediados pela jornalista Míriam Leitão, foram: “A educação é responsabilidade da escola?”, “A escola parou no tempo?”, “O jovem não valoriza a educação?” e “Educação não dá voto?”.

O evento contou com a presença de professores, lideranças do setor e formadores de opinião, além da participação da educadora e diretora de escola Eliane Ferreira, da cientista Mayana Zatz, do sociólogo Jailson Souza e Silva e do especialista em educação Mozart Neves Ramos.

Hoje os pais, cada vez mais, estão terceirizando a educação dos seus filhos para a escola. Eu diria que a gente tem pelo menos quatro grandes ambientes de aprendizagem. O ambiente da casa – os valores –, o ambiente da escola, principalmente no ensino mais formal da relação ensino-aprendizagem, o ambiente em que essa criança e esse jovem vivem e há um quarto ambiente de formação que nós raramente levamos em consideração, que é o ambiente das redes de aprendizagem”, explicou o especialista Mozart Neves Ramos. “Você tem que tornar sua aula tão dinâmica quanto o tempo que você está vivendo, procurando trazer esses conhecimentos para a sala de aula. E isso você faz tornando a aula mais colaborativa. O jovem quer uma escola que caiba na vida.”, acrescentou.

A escola não só não é responsabilidade apenas da escola, como ela precisa ser repensada por toda a sociedade. A escola não é uma ilha dentro da sociedade. Sociedade, escola e família se retroalimentam se a gente pensar a educação no seu sentido mais amplo, que é devolver para a sociedade um sujeito mais capaz de pensar sua realidade para transformá-la”, alertou a diretora Eliane Ferreira. “Sem uma política consistente de formação continuada do professor a gente não consegue fazer com que essa escola se torne mais atraente”, completou.

Para a cientista Mayana Zatz, as escolas públicas estão desatualizadas e não motivam os alunos. “Eu acho que tem que fazer uma revolução no ensino. O foco tem que ser fazer o aluno pensar, fazer o aluno questionar e estimulá-lo a ter curiosidade”, afirmou.

Para o professor Jailson Souza e Silva, o mais importante é estimular o aluno a pensar e desenvolver as habilidades lógicas fundamentais para construir o pensamento. “Tem que ter reforma curricular. A universidade tem que se aproximar pensando em metodologias. A escola tem que trabalhar a dimensão das habilidades cognitivas, mas tem que trabalhar a dimensão ética fundamental. Trabalhar essa dimensão para além da lógica produtivista. O problema é efetivamente levar em conta que a escola tem que se representar de outra forma também. Romper a ideia da escola pública como carência e pensar na potência que está sendo produzida nesse espaço”, concluiu.

Encerrando o seminário, a jornalista Miriam Leitão propôs que os convidados apresentassem sua visão sobre como desenvolver o sistema educacional no Brasil. “É preciso valorizar o professor, promover uma reforma curricular, haver maior aproximação entre a universidade e a educação central. Além disso, é preciso ter melhor compreensão sobre o papel da escola no século XXI. A escola tem que trabalhar a dimensão das identidades cognitivas, ir além da dimensão mercantilista”, disse Jailson Souza.

Já Eliana Ferreira ressaltou o poder da escuta. “Devemos ouvir as pessoas que estão na escola – professores, alunos e pais. E debater com a sociedade, fazer entender que a educação é processo que se retroalimenta. A escola não pode perder a dimensão de formadora intelectual”. A cientista Mayana Zatz completou: “É nosso papel, como professor, ensinar o aluno a pensar e a questionar”.

As discussões também contaram com a participação do público e, ao longo do evento, foram exibidos depoimentos de pessoas de todo o país, fazendo comentário relacionados aos temas lançados. Para isso, foram realizadas aproximadamente 300 entrevistas, em sete cidades: Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Guarulhos (SP). A Central Única das Favelas (CUFA) foi a responsável pelas gravações.

No dia 30 de setembro, às 21h30, o canal Futura exibirá uma síntese do seminário “Mitos e Fatos”. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site da Rede Globo.

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