Sites de financiamento coletivo conquistam interesse de investidores individuais e empresariais
Por: GIFE| Notícias| 19/05/2014Na internet, a poucos cliques de distância, está a possibilidade de exercer a solidariedade e apoiar uma causa ou projeto. Cada vez mais comuns, as plataformas de financiamento coletivo – conceito derivado do termo em inglês crowdfunding – mobilizam a comunidade virtual em torno de iniciativas que precisam de recursos para sair do papel.
O “net ativismo” não é novidade no Brasil. Na última década, observamos movimentos que surgiram na internet e migraram para as ruas. As petições online, os financiamentos coletivos de shows e outras produções culturais e a compra online de produtos da economia solidária adubaram um terreno promissor. Hoje, muitos projetos sociais buscam nessas plataformas recursos para nascerem e crescerem.
De acordo com a pesquisa Retrato do Financiamento Coletivo no Brasil, inciativa do site Catarse em parceria com a Chorus, empresa de pesquisa com foco em projetos ligados a cultura e sociedade, 68% dos empreendedores entrevistados enxergam potencial de financiamento coletivo em seus negócios e 74% dos apoiadores participantes valorizam empresas que investem em projetos via financiamento coletivo.
Os dados mostram ainda os setores que mais atraem investidores: 52% dos participantes disseram preferir projetos artísticos e culturais que atuam de forma independente; 41% responderam que buscam inciativas com viés social e/ou ambiental, que fortaleçam comunidades de forma responsável e solidária; e 24% focam propostas ligadas ao empreendedorismo, que viabilizem novas empresas e produtos.
Confira a pesquisa na íntegra.
Eco do Bem
Uma das iniciativas mais recentes é o portal Eco do Bem, idealizado pela empreendedora social Isabella Ceccato. A ideia surgiu fora do Brasil, em um período de imersão em temas ligados à área da Sustentabilidade na Schumacher College, na Inglaterra. “Percebi que minha vontade pelo social só aumentava e a busca por novos caminhos passou a ser uma necessidade. Assim, um ano atrás, nasceu a Eco Rede Social, um site de conteúdo que fomenta e compartilha ideias e iniciativas que estão fazendo algo por um mundo melhor. A proposta de ir para a ação e buscar um site que pudesse efetivamente ajudar as pessoas a tirarem seus sonhos do papel veio naturalmente, como uma evolução do trabalho que estávamos desenvolvendo.”
A idealizadora explica que foram meses pesquisando modelos de financiamento coletivo no Brasil e no mundo. Em meio à pesquisa, descobriu que havia espaço para a inovação, a partir de um modelo que recompensa a apoiadores – prática comum em plataformas desse tipo – com produtos ou ações que estão ligados a um círculo virtuoso em prol do bem social.
Em geral, os sites de financiamento coletivo atuam com diferentes formas de captação. A maioria aposta no modelo “Tudo ou Nada”, voltado para projetos que precisam de um valor estabelecido para acontecer. Nessa modalidade, o criador recebe o valor arrecadado apenas se atingir ou ultrapassar a meta estabelecida. No caso do Eco do Bem, existe também o formato “Flexível”, para projetos que podem acontecer sem um custo mínimo e a partir de qualquer valor arrecadado.
“O financiamento coletivo já se tornou uma solução acessível e está cada vez mais seguro para proponentes e apoiadores. As pessoas estão começando a conhecer essa forma colaborativa de apoiar projetos, não só financeiramente. Muitos já perceberam que esse processo cria relações onde todos ganham”, avalia Isabella Ceccato.
Uma das proponentes de projeto na plataforma reafirma o valor que uma iniciativa desse porte representa para empreendedores sociais. “Nos países desenvolvidos o voluntariado tem altos índices de aderência da população. Percebi que além do trabalho voluntário que exerço como palhaça-doutora, um desafio maior é sensibilizar as pessoas para o engajamento no coletivo. A sociedade evolui quando evoluímos como cidadãos ativos no bem comum. O site permite que pessoas com os mesmos ideais se unam em prol de algo substancial.”, explica Adriana Perazzelli, Mentora do Projeto Social Colecionadores de Risos, disponível no portal para investimento.
Oportunidades para empresas e organizações sociais
Além das fronteiras da internet, que conecta apoiadores e proponentes, a onda do financiamento colaboraborativo chegou também às mesas de discussão do investimento social privado. Para institutos, fundações e empresas interessadas em investir em modelos inovadores de projetos, o modelo parece um prato cheio.
Isabella explica que, por estarem muito próximos às demandas das comunidades onde atuam, grandes financiadores se deparam constantemente com projetos com potencial de captação online. “As pequenas oportunidades que chegam e, muitas vezes não podem ser atendidas corporativamente, podem ser direcionadas para sites de crowdfunding onde as iniciativas tem a chance de se tornarem reais, contando com a ajuda e o financiamento de outras pessoas.”
Outra alternativa, de acordo com a gestora do portal, são as ações customizadas desenvolvidas em parceria com as plataformas. Empresas podem completar o financiamento das propostas no ar ou até criar canais exclusivos para promoção de ideias ligadas a seus próprios projetos.
“Os institutos e fundações podem funcionar como uma ponte entre proponentes das comunidades onde atuam e potenciais apoiadores. Nesse sentido, as plataformas de financiamento coletivo são o canal para esse ciclo se completar”, comenta a empreendedora.
Um dos pioneiros no investimento em plataformas de financiamento coletivo, o Instituto Walmart, dá o exemplo de como atuar nessa frente. No ano de 2013, em parceria com a organização Aliança Empreendeora, foi criado um canal exclusivo do programa Bombando Cidadania no portal Impulso. Desde então, sete projetos já entraram no ar. Para incentivá-los, o Instituto Walmart coloca 30% do recurso em todos os projetos do canal que captarem 70% do valor solicitado no prazo de 60 dias.
O Instituto Asas também tem iniciativa parecia, com o Wings for Change.
Conheça outros canais de financiamento colaborativo no Brasil
Impulso – Site de crowdfunding voltado para o financiamento de empreendedores sociais.
Catarse – Um dos pioneiros do setor, o site é voltado para projetos criativos de artistas, designers, gamers, empreendedores e ativistas.
Vakinha – Diversificado, também abre espaço para campanhas e produtos com fins sociais.
Arrekade – Tem de tudo um pouco, mas, entre as campanhas, aparecem alguns projetos sociais.
Juntos.com.vc – Plataforma exclusivamente voltada para campanhas sociais.
O Instituto Walmart é associado GIFE