Sociedade está mais consciente na Rio+20

Por: GIFE| Notícias| 18/06/2012

Em meio ao universo de vozes e visões dissonantes que marcam a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro até o dia 22 de junho, há um consenso claro: a Rio+20 encontra uma sociedade muito mais consciente, 20 anos após à realização da Eco-92.

Pelo menos é o que se apreende nas apresentações promovidas no eventos paralelos nos dias que antecedem o encontro oficial (entre 20 e 22 de junho). Um deles é o Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia, realizado no Forte de Copacabana, por quatro organizações (Ashoka, Fundación Avina, Skoll Foundation e Fundação Roberto Marinho), entre 15 e 17 de junho.

Nele, a presidente internacional da Ashoka, Diana Wells, defendeu que alguns conceitos, novos há duas décadas, como o de empreendedor social, estão mais difundidos na sociedade.

“As pessoas querem ser empreendedores sociais como objetivo de vida. Também os acessos para compreender os problemas e achar soluções ficaram mais fáceis, aumentando o ritmo das mudanças”, disse durante o painel Desafios e Oportunidades para o Empreendedorismo Social: 20 anos após a Eco-92 (veja mais informações sobre o evento).

Fazendo coro à Diana, o empresário Guilherme Leal, da Natura, também afirmou que a Eco-92 foi um marco da tomada de consciência dos problemas ambientais. Segundo ele, foi o início de uma década onde a sociedade civil começou a tomar para si, de forma mais relevante, a construção de seu futuro. De lá para cá, a tecnologia da comunicação possibilitou aumentar as articulações e as empresas perceberam que não poderiam mais se perceber sem ver o seu entorno.

Para Leal, “atualmente aumentou o número de jovens realmente qualificados que buscam sentido para sua vida e não buscam apenas prosperidade pessoal como sua grande realização de vida”. Esses jovens não se importam de ter uma remuneração menor se estiverem fazendo algo onde aliem sentido de vida e impacto na sociedade. “Querem ser eficazes e ter resultados e as redes sociais têm ajudado nisso”.

A ex-senadora Marina Silva, convidada a falar em outro painel, afirmou que a solução para a crise civilizatória não pode vir de uma empresa ou um governo, tem que ser dada por todos, ao mesmo tempo e agora. “Temos que assumir a realidade que ninguém quer lidar: não dá para continuar acelerando o crescimento sem desacelerar a destruição. A questão é como continuamos sendo prósperos, criativos e livres em um planeta limitado. A resposta está em fazer com que a mesma lei que interdita o que não pode ser, seja também espaço que possibilite uma nova agenda de investimentos e atividades”.

Defensor do princípio das civilizações andinas do “bien vivir”, o sociólogo Milton Cáceres afirma que, para chegar a ele, a humanidade, que lutou para conseguir a Declaração dos Direitos Humanos, precisa agora lugar para criar uma Declaração dos Deveres Humanos. “Esse elemento deveria gerar uma revolução em cada um de nós, para parar o consumismo e ter uma economia austera e eficiente. É um assunto de autodeterminação dos seres humanos, para o qual precisamos ter direitos e deveres”

Não foi por acaso, a saber, que o coordenador executivo da Rio+20, o francês Brice Lalonde, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (17 de junho) que se a negociação do documento final da Rio+20 estivesse nas mãos da sociedade civil, em apenas algumas horas de reuniões provavelmente o planeta já poderia respirar tranquilo por ter um texto forte, cheio de resoluções e metas bem intencionadas para garantir o caminho para um futuro mais sustentável.

Declarou ao Estado: “”(Os diálogos acabam sendo) mais úteis que as negociações oficiais, porque aqui temos novas ideias””. Lalonde explicou que, pelas regras da negociação, essas propostas não entrarão no documento final, mas elas serão entregues aos chefes de Estado, que vão ouvir o que a sociedade está pedindo, e as recomendações estarão presentes no relatório da conferência.

Setor Privado
Na recém-terminada Conferência Ethos, realizada entre os dias 11 e 13 de junho (veja cobertura completa), empresas assumiram compromissos, demandaram ações dos governos e criaram propostas para os dez principais temas do desenvolvimento sustentável que já foram encaminhadas a ONU e ao governo brasileiro.

Entre os compromissos, destacamos a ecoeficiência e a ecoefetividade, que significa operar dentro dos limites dos sistemas naturais. Outro compromisso importante é com o investimento na inovação: tecnologias, processos, produtos e modelos de negócio pautados pelos princípios da sustentabilidade.

Há também aperfeiçoamento dos processos e operação pelo melhor padrão global. Os governos, por sua vez, devem ser indutores da nova economia, com adoção de políticas tributárias e de compras governamentais sustentáveis, com o incentivo às atividades sustentáveis e o desincentivo progressivo às atividades não sustentáveis.

Leia também informações sobre o que está acontecendo na Cùpula dos Povos.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo, Fundación Avina e do Fórum.

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