Sustentabilidade é essencial para garantir investimentos

Por: GIFE| Notícias| 20/11/2006

Rodrigo Zavala

Organizações sociais estrategicamente planejadas têm mais facilidades na hora de captar recursos. Especialistas em investimento social afirmam que, além da transparência e da prestação de contas, as grantmakers buscam projetos que se tornem sustentáveis.

Segundo o coordenador de projetos do Fund for Global Human Rights na África, Leonardo Amaral, os fundos mundiais não apenas analisam o impacto das ações para dirigir seus recursos, mas também a permanência desse trabalho. “”São projetos de longo prazo e seus gestores devem diversificar sua fonte de financiamento. Para isso, é preciso ter uma estratégia de captação de recursos””, afirma.

Embora fale da África, ele traz a discussão também para o Brasil, ao dizer que os fundos internacionais funcionam de maneira similar. Assim, as organizações da sociedade civil brasileira devem definir bem suas estratégias para não chegar ao final do ano com problemas de caixa e encerrando projetos precocemente.

O problema é diagnosticado pela diretora do Programa de Direitos Humanos da Fundação Ford, Denise Dora. A organização apóia projetos por 10 anos, porém ela lembra quando passou a fazer parte do staff da fundação: “”existiam projetos que recebiam financiamento havia 15 anos. Os gestores dessas organizações me odeiam porque eu disse que já era hora de buscarem novos patrocinadores””.

Denise vai mais fundo ao dizer que as organizações querem manter seu nicho, quando o assunto é doações. Segundo ela, existe “”uma guerra, às vezes selvagem, por recursos e ninguém quer dividir o seu””. Isto é, organizações não planejam estrategicamente a captação de recursos cruciais para sua existência e tentam manter os mesmos financiadores.

Mas a situação não é apenas brasileira. Os recursos da Fundação Ford e da Fund for Global Human Rights pelo mundo superam 1 bilhão de dólares e as dificuldades na hora de selecionar projetos são globais. “”Vale refletir qual é a prioridade da organização social. Se for de curto prazo, com objetivos pontuais, ou se quer durar 30 anos e trabalhar com questões processuais. Neste último, ela deve ter pronto um plano de arrecadação””, argumenta Leopoldo Amaral.

Um pouco mais crítica, Denise adverte sobre os riscos de instituições sem profissionais preparados para pensar sua gestão. “”É um equívoco recorrente. Criar uma organização e não saber administrar. Você é pego em problemas financeiros invariavelmente.””

Os especialistas foram um dos destaques do VI Colóquio Internacional de Direitos Humanos, realizado entre os dias 11 e 17 de novembro, em São Paulo. O evento promovido pela organização não-governamental Conectas reuniu 50 participantes, entre ativistas, representantes de instituições da sociedade civil e professores universitários de países do Hemisfério Sul (África, Ásia e América Latina) para debater questões relacionadas aos direitos humanos e construir redes de cooperação.

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