Teoria e prática sobre parcerias e alianças são abordadas em novo guia do GIFE

Por: GIFE| Notícias| 03/11/2004

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Guia GIFE sobre Parcerias e Alianças em Investimento Social Privado – Um Caminho Estratégico é o nome do quarto livro da série produzida pelo GIFE com o objetivo de qualificar a atuação das empresas que fazem investimento social na comunidade.

A publicação foi lançada na última quinta-feira (28/10), em São Paulo (SP), após o Encontro GIFE 2004. Realizada com o apoio financeiro do Instituto Synergos, ela busca avançar na discussão e na qualificação do que é parceria, conferindo maior clareza aos diferentes estágios da atuação conjunta no âmbito do setor sem fins lucrativos.

Além destas etapas, dos elementos de uma parceria eficaz e de recomendações para o gerenciamento desse tipo de atuação, são apresentados casos bem-sucedidos de parcerias e alianças promovidos por membros da rede GIFE. Elas envolvem outros investidores sociais privados, ONGs, Estado, organizações da sociedade civil de atendimento, universidades e agências de desenvolvimento.

As experiências foram selecionadas por uma comissão de lideranças sociais. Sandra Mara Costa, responsável pela pesquisa e redação do Guia, explica que foram considerados o tempo em andamento das parcerias, os objetivos buscados, o potencial de agregar benefícios permanentes à sociedade, o caráter de inovação, resultados alcançados e a existência ou não de mecanismos de avaliação.

Os principais questionamentos e preocupações sobre alianças e parcerias que chegavam ao GIFE orientaram o início do trabalho, mas a pesquisa precisou ser aprofundada e o livro foi produzido a partir da consulta a publicações, documentos eletrônicos, teses, sinopses de conferências, congressos, seminários e workshops, entrevistas com especialistas e relatos de experiências.

Para Sandra, é importante lançar um olhar mais analítico sobre as alianças e parcerias, de forma que se possa explorar ao máximo as potencialidades dessas modalidades de trabalho conjunto, tornando-as realmente sinérgicas. “”Nem toda colaboração que se estabelece entre dois atores sociais é uma relação de parceria de fato.””

Conceitos – Há relações que se dizem parceria, mas que não passam de ligações do tipo financiador-financiado, talvez com um pouco mais de diálogo do que de costume. Outras se baseiam na aquisição de serviços para viabilizar a realização de um projeto, com uma parte entrando com recursos financeiros e a outra vendendo know-how ou capacidade operacional. “”Outras, ainda, até promovem uma complementação genuína de forças, mas seus integrantes não se sentam para avaliar o custo-benefício da parceria, como se o simples fato de estarem juntos bastasse. Além das contrapartidas, trabalhar em conjunto requer um envolvimento maior – em termos de comunhão de valores, objetivos e até de culturas organizacionais – e precisa valer realmente a pena””, explica Sandra.

Simone Coelho, diretora presidente do Ideca (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e de Ação Comunitária) e apoiadora no conteúdo do guia, afirma que o terceiro setor ainda é pouco investigado, apesar de já existir um esforço de algumas instituições neste sentido. “”O impacto dessa reflexão se dará na prática das ações, tornando-as melhores e mais fortalecidas. A confusão terminológica é fruto da falta de clareza conceitual com relação ao escopo de cada um dos conceitos. Quais são os limites de interação em cada um dos casos? É preciso mais análises sobre as diferentes práticas, para entendermos melhor essas distinções. É essa falta de clareza que faz com que se use os conceitos indistintamente””, explica.

Essa análise da prática das parcerias intersetoriais também é defendida pela superintendente do Instituto Ação Empresarial pela Cidadania, de Recife (PE), Susana Leal, que participou da avaliação das experiências apresentadas no livro. “”Relações só podem ser medidas ou avaliadas a partir da sua vivência. Cada uma se dá de maneira muito particular, segundo o perfil e os valores de cada um dos parceiros e sob a influência de um determinado contexto.””

Com os exemplos apresentados no Guia GIFE sobre Parcerias e Alianças em Investimento Social Privado, é possível conhecer todos os elementos da parceria, como tempo, processo, expectativa e o que isso representa em termos de resultados concretos. A presidente do Instituto Aliança com o Adolescente, Neylar Lins, acredita que a publicação permite que as pessoas façam uma reflexão sobre sua ação, tendo clareza das diferenças e, assim, maior fertilidade, seja no resultado, seja na harmonia da relação.

Relações – Durante apresentação no encontro para os associados do GIFE, Neylar associou os conceitos utilizados no livro – como colaboração, parceria e aliança – aos relacionamentos humanos. Em ambos, é necessário que exista uma harmonia entre desejos e expectativas de cada uma das partes para que a relação seja duradoura e feliz. “”Eu comparo a colaboração a uma paquera, na qual não se espera necessariamente uma relação de longo prazo. Já a aliança é como um casamento, e precisa de muito mais sintonia de interesses””, analisa.

Segundo ela, tanto na relação entre pessoas quanto nas parcerias entre instituições, a base de tudo é confiança, ética e transparência. “”Com isso, mesmo que aconteçam mudanças, elas serão resolvidas sem conflitos””, afirma. Mais do que lições sobre o tratamento de causas em específico – como meio ambiente e juventude -, para Neylar, o terceiro setor deve ser expressão e exemplo da prática de associação com os outros.

“”Quanto mais se conhece a si próprio, mais chance de ter uma boa relação. Assim, quanto mais se aprender a lidar e conhecer sobre a questão das relações interinstitucionais, mais possibilidade de não projeção dos seus defeitos no outro, de menos frustrações e conflitos. E quem ganha é o beneficiário lá na ponta””, indica Neylar.

Embora muitas organizações já venham mostrando na prática como devem ser essas relações, segundo a superintendente da Fundação BankBoston, Sônia Favaretto, ainda falta diálogo, visão de longo prazo, compreensão e respeito dos papéis. “”Ter entendimento dos parceiros, da realidade e da dinâmica de cada um pode ser determinante para que uma parceria dê certo. As visões podem até ser diferentes, o que é rico numa parceria, mas o objetivo final deve ser sempre o mesmo, e muitas vezes não se conversa sobre isso””, explica.

Por isso, ela acredita que o guia lançado pelo GIFE pode suprir uma carência de teoria e sistematização que existe entre as organizações do terceiro setor. “”Temos ficado muito sobre a prática, até porque a realidade social exige isso. Uma publicação como essa ajuda a criar mais massa crítica no terceiro setor, sendo ponto de referência.””

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