Terça-feira, 11 de dezembro de 2001
Por: GIFE| Notícias| 11/12/2001Pesquisa inédita mostra que a responsabilidade social ainda é exceção no Brasil
Está em andamento a pesquisa Empresários e Educação no Brasil, que pretende responder questões sobre o investimento empresarial em projetos sociais. O estudo é uma iniciativa do Programa de Promoção da Reforma Educativa na América Latina (Preal). Iniciada em 1999, com financiamento da Fundação Ford, a primeira fase do trabalho acaba de ser concluída. O investimento empresarial em educação é, em geral, recente, local, de pequeno porte, contínuo, gerado e gerido pela própria empresa e dirigido para a capacitação da sua força de trabalho, resume a socióloga Helena Bomeny, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenadora do Preal no Brasil. Em geral, o investimento é de pequeno porte: até R$ 100 mil anuais em 56% dos casos. E o público ao qual esses recursos se destinam limita-se, quase sempre, aos próprios funcionários das empresas investidoras.
Responsabilidade social – Bomeny ressalta, entretanto, que ao largo desse perfil majoritário (correspondente a 90% dos casos) começa a surgir outro tipo de ação, voltada para a comunidade em torno da empresa, desenvolvida muitas vezes em parceria com ONGs, instituições públicas e privadas. Um tipo de investimento verdadeiramente afinado com a idéia de responsabilidade social. A fase recém-terminada da pesquisa foi de análise quantitativa. No início de novembro, o trabalho entrou em sua segunda fase. No momento, os pesquisadores do Preal estão fazendo visitas e entrevistas detalhadas com mais de 20 empresas selecionadas entre as que investem em educação. Essa etapa de análise qualitativa deve ser finalizada em dezembro. (Carta Capital, p. 32 e 33, 10/12 – Flávio Lobo)
Bingo arrecada alimentos para campanha de natal em Rio Branco
Com o objetivo de participar da campanha Natal Sem Fome, organizada pelo Comitê contra a Fome, o Bingo Boa Sorte, empresa especializada em lazer e entretenimento em Rio Branco, arrecadou mais de uma tonelada de alimentos não perecíveis para serem doados a instituições beneficentes. Os 1.200 quilos de alimentos foram divididos de forma que a Associação Evangélica de Recuperação de Dependentes Químicos Sorepta de Siron recebeu 300 quilos e os 900 restantes foram entregues à Rede Amazônica de Rádio e Televisão para que fossem repassados ao Comitê Contra a Fome. O destino final dos alimentos são entidades que fazem trabalho social de combate à fome e/ou às drogas. (AGazeta-AC, p. C1-5, 2/12 – Diva Albuquerque)
Empresas investem em solidariedade
A exemplo da campanha Natal Sem Fome, a rede de supermercados Casas Sendas, pelo quarto ano consecutivo, está realizando uma campanha na qual parte da renda é doada à Pro Vita, instituição que apóia transplantes de medula óssea. O empresário Marcus Buaiz, da Buaiz Alimentos – empresa radicada há 55 anos no Espírito Santo – que está se estabelecendo no Rio, também vai doar duas toneladas de alimentos a duas instituições que atendem crianças com câncer e paralisia cerebral. Entre os maiores parceiros da Ação da Cidadania no Natal Sem Fome estão as empresas TCO/NBT (de telefonia no Centro-Oeste), Linha Amarela S.A., Metrô e as Casas Sendas. (O Globo, p. 17, 8/12)
Projeto Axé, de Salvador, enfrenta dificuldades
Segunda-feira (17/12), em Milão (Itália), o Projeto Axé estará representado nos 10 anos da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, e seu coordenador, o italiano Cesare La Roca, receberá o prêmio Unicef: Do Lado da Criança, concedido anualmente a duas pessoas e/ou instituições. Seria tudo uma grande festa, não fossem as dificuldades pelas quais a entidade, fundada em 1º de junho de 1990, atravessa. Não por falta de verba, como faz questão de frisar La Roca, mas por falta de liqüidez. E explica: os recursos – a maior parte oriunda da Cooperação Italiana, com a qual o Axé tem um convênio firmado de três anos, assinado em março deste ano – deveria ter chegado aos cofres da entidade em junho. O atraso, teoricamente, é por conta dos conflitos mundiais.
Investimento – O Axé assiste a 1.547 crianças e adolescentes entre cinco e 21 anos. É mantido com verbas do governo da Bahia, da Prefeitura de Salvador, da Fundação Bank of Boston, do Instituto Ayrton Senna (R$ 100 mil anualmente), C&A (com R$ 120 mil anuais), Unicef, Cooperação Italiana e União Européia. Ao todo, tem seis unidades, distribuídas em São Cristóvão, Cidade Baixa e Pelourinho. Consome R$ 3,5 milhões ao ano, representando, em média R$ 276 de custo per capita por cada criança e/ou adolescente por um mês. O Axé oferece estudo, assistência médica e odontológica, além de duas refeições/dia em cada um dos dois turnos nas seis unidades.
Vítimas do sucesso – Os prêmios e aplausos chegam de todos os lados. Há um reconhecimento além-fronteira, mas as instituições bem-sucedidas são, segundo La Roca, as mais penalizadas. O presidente da Credicard, com quem estive outro dia, resumiu muito bem a situação: somos vítimas do próprio sucesso. Ninguém quer investir numa instituição que chegou a um patamar respeitável. Este é o drama das organizações sociais de maior porte. (A Tarde-BA-BA, Caderno 2, p. 1, 10/12 – Iza Calbo)
Profissão de empreendedor social, por Rodrigo Baggio
Em artigo, Rodrigo Baggio, empreender social e diretor-executivo do Comitê de Democratização da Informática, aborda a nova profissão de empreendedor social, título que vem ganhando cada vez mais visibilidade com o aprimoramento e profissionalização das organizações do terceiro setor. Baggio lembra que em novembro, teve a oportunidade de participar do I Encontro Internacional de Empreendedores Sociais promovido pela Fundação Schwab. A fundação, com sede na Suíça, foi erguida com o objetivo de promover a integração e a formação de uma rede de empreendedores sociais mundo afora,congregando-os aos potenciais doadores de recursos do segmento empresarial. Indicados por organizações internacionais, foram convidados 44 empreendedores de 20 diferentes países. Com seis representantes, o Brasil despontou como um celeiro de inovações em práticas sociais, estando atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, diz. Segundo Baggio, a Fundação Schwab define o Empreendedor Social como aquele que promove mudanças que servem à comunidade através da identificação de novos processos, serviços e produtos, criando formas de sustentação e replicabilidade da atividade e/ou solução encontrada. Ele afirma que tenta divulgar esta nova profissão sempre que lhe surge uma oportunidade. Para Baggio, os empreendedores sociais brasileiros, na sua grande maioria trabalhando silenciosamente em suas comunidades, vem contribuindo para um país mais justo. (Valor Econômico, p. B2, 11/12)
Projeto Garagem Digital é inaugurado
Em artigo, Carlos Ribeiro, presidente da Hewlett Packard Brasil; Flávio Pimenta, presidente da Associação Meninos do Morumbi; Hélio Mattar, presidente da Fundação Abrinq; e Gilberto Dimenstein, presidente da Associação Cidade Escola Aprendiz discorrem sobre o Projeto Garagem Digital. Na semana passada, a empresa HP e as organizações sociais Projeto Aprendiz, Meninos do Morumbi e Fundação Abrinq inauguraram o Projeto Garagem Digital, que tem como proposta unir tecnologia e arte – no caso, a música – para desenvolver habilidades e perspectivas de vida mais digna para 120 adolescentes e jovens de 14 a 24 anos em situação de exclusão social.
Competências distintas – Os articulistas afirmam que o projeto reúne quatro parceiros com competências distintas. A HP aporta os recursos financeiros necessários à operação do projeto e a tecnologia de ponta que desenvolve. O Projeto Aprendiz, refratário ao ensino convencional, disperso, desconectado e descartável, entra com uma metodologia inovadora que utiliza arte, comunicação e tecnologia para contribuir com a educação brasileira. O Meninos do Morumbi participa focado nas artes, no esporte e no trabalho com a família, com as comunidades e com a escola pública. Seu grupo artístico é reconhecido no Brasil e no exterior. O êxito de sua ação está no uso da música como ferramenta para a inserção social de crianças e adolescentes em situação de risco. A Fundação Abrinq entra com a atribuição de coordenar o projeto e registrar todo o processo, com vistas à sua disseminação. (Folha de S. Paulo, p. A3, 11/12)
Empresas, fundações e institutos citados nas matérias publicadas hoje:
>li>Fundação Bank of Boston