Tire suas dúvidas sobre o Compromisso Todos Pela Educação

Por: GIFE| Notícias| 21/08/2006

Em uma série de perguntas e respostas, os organizadores do Compromisso Todos pela Educação informam ao leitor de forma prática e fácil sobre o funcionamento da iniciativa:
1) O que é o Compromisso Todos Pela Educação e quando será lançado?
No próximo dia 6 de setembro de 2006, um grupo de lideranças da sociedade civil, de empresas e de governos fará, no Museu do Ipiranga (SP), o lançamento nacional do Compromisso Todos Pela Educação. Compromisso criado a partir de uma ampla aliança intersetorial, com o propósito de ser um grande projeto de Nação para a educação brasileira, ele nasce já com missão, prioridade e horizonte claramente definidos: “”Efetivar o direito á uma educação pública de qualidade para que, em 2022, bicentenário da Independência do Brasil, todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação básica de qualidade, capaz de prepará-los para os desafios do século XXI.””

A escolha tanto da data quanto do local de lançamento, pela simbologia que possuem, reforça a crença do grupo de que um país só poderá ser considerado independente, de fato, se as suas crianças e jovens tiverem acesso à educação de qualidade. Na ocasião do lançamento nacional, o Compromisso Todos Pela Educação proporá cinco grandes metas para a educação brasileira.

2) Por que nasceu o Compromisso?
O Compromisso Todos Pela Educação nasceu da convicção de que houve progressos na última década em relação ao maior acesso de alunos à rede pública, mas a qualidade do ensino oferecido nas escolas não acompanhou essa evolução. O Prova Brasil, exame realizado pelo MEC para avaliar o desempenho de alunos de quarta e oitava séries, chegou recentemente a uma conclusão preocupante: o nível de conhecimento de um aluno de oitava série no Brasil é similar ao de um aluno de quarta série nos países desenvolvidos.

Considerando ainda o fato de que o Brasil possui taxas elevadas de repetência e abandono e tem ocupado, nos mais recentes exames do PISA (OCDE), as últimas posições mundiais em domínio de língua, matemática e ciências, é possível ter uma noção do quadro estarrecedor da educação brasileira.

No Todos Pela Educação, prevalece a crença de que ou o Brasil transforma a educação na sua mais importante política pública, assegurando as condições de acesso, permanência, conclusão e sucesso dos alunos, ou comprometerá irremediavelmente o futuro das novas gerações e o seu próprio desenvolvimento social e econômico.

Os números mostram a gravidade da situação. No Brasil, 809 mil crianças (7 a 14 anos) ainda estão fora da escola. O mesmo ocorre com quase dois milhões de jovens entre 15 e 17 anos. A escolaridade média dos brasileiros é de 4,9 anos, enquanto nos EUA, na vizinha Argentina ou na pequena Costa Rica é respectivamente de 12,1, 8,8 e 6,1 anos.

Não por acaso, alguns dos países considerados emergentes, casos de China, Coréia e Índia, com os quais o Brasil disputa a atenção dos mercados mundiais, fizeram revoluções importantes na melhoria da qualidade de sua educação básica e atribuem o seu atual estágio de desenvolvimento justamente a esta medida.

3) O Compromisso é projeto de uma organização específica ou uma campanha de comunicação?
O Todos Pela Educação não é um projeto específico de uma organização. Nem uma campanha de comunicação para chamar a atenção sobre o problema educacional do país. É sim o compromisso de um grupo de lideranças da sociedade civil, em inédita sintonia com MEC, Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) reunidos e mobilizados em torno da crença de que a educação brasileira só vai melhorar quando o brasileiro passar a ser tão exigente em relação a ela quanto é, por exemplo, em relação ao futebol.

A maioria dos pais se satisfaz com uma vaga na escola. E com a possibilidade de ter o filho na escola, recebendo uniforme e merenda. Poucos sabem avaliar a qualidade do ensino oferecido aos filhos. Menos ainda exigem das escolas e autoridades educacionais uma oferta de qualidade.

Além disso, a educação de qualidade é a melhor estratégia para diminuir desigualdades e construir o desenvolvimento econômico e social do País. Estudo recente da FGV revela, por exemplo, que a diferença no número de anos de escolaridade explica 35% das desigualdades sociais brasileiras.

4) O que distingue o Compromisso de outros projetos ou ações similares da sociedade civil em defesa da educação brasileira?
Há algumas diferenças do Compromisso Todos Pela Educação em relação a outros projetos anteriores voltados para a melhoria da qualidade da educação. A primeira está na abrangência, no alcance e no horizonte de longo prazo compatível com a magnitude das mudanças que precisam ser feitas no ensino brasileiro: trata-se de um movimento nacional, organizado pelas mais representativas forças da sociedade civil (não por uma empresa, uma fundação ou um governo), aberto á participação de todos e previsto para acontecer num período de 16 anos, até 2022, passando por vários mandatos executivos e legislativos.

A segunda diferença diz respeito ao fato de que não é um evento isolado ou uma campanha pontual, mas uma ação permanente, que não pretende fazer o papel de governos nem de organizações da sociedade civil. Pelo contrário, deseja atuar ao lado deles, fortalecendo-os.

A terceira diferença está relacionada à consistência dos resultados que espera obter e ao modo como fará o monitoramento deles. O movimento nasce já com o objetivo muito claro de trabalhar para que sejam garantidas as condições de acesso, permanência, conclusão e sucesso escolar. Este objetivo genérico será traduzido em cinco metas específicas simples, compreensíveis para todos brasileiros, exeqüíveis, mas desafiadoras, com foco no resultado e não no processo e mensuráveis a partir da coleta sistemática de dados e da análise de séries históricas.

As metas serão propostas no lançamento oficial do dia 6 de setembro. E a partir de então, comunicadas constantemente, servirão como norte para que todos os brasileiros acompanhem e cobrem os resultados esperados pelo Todos Pela Educação.

5) Para contribuir na melhoria da qualidade da educação brasileira, o Compromisso Todos Pela Educação vai atuar diretamente na escola?
Não. A quarta diferença do Compromisso em relação a outros projetos tem a ver com a dinâmica que escolheu para atuar: em vez de intervir diretamente na escola ou junto às autoridades educacionais, o Todos Pela Educação pretende qualificar a demanda por uma educação de qualidade.

Na prática, isso significar permanentemente mobilizar, orientar e estimular pais, educadores, líderes comunitários, conselhos tutelares, promotores públicos e empresários, entre outros para que eles saibam o que é uma educação de qualidade e passem a cobrar uma oferta adequada nas escolas de suas comunidades. Com a maior participação e pressão por parte desses públicos, espera-se o cumprimento progressivo das metas.

Para despertar o interesse e a adesão de todos, já que deseja ser um movimento do conjunto da sociedade civil, o Compromisso fará ações de comunicação popular, atuará em parceria com veículos de comunicação e manterá um portal na Internet, no qual terá um observatório para acompanhar o cumprimento das metas nacionais que serão propostas.

6) Quando começou a nascer o Compromisso Todos Pela Educação?
O Compromisso Todos Pela educação começou a nascer em setembro de 2005 quando um grupo de lideranças empresariais, educadores, economistas, comunicadores e gestores públicos se reuniu em São Paulo para discutir caminhos a alternativas para um grande projeto nacional de melhoria da qualidade da educação brasileira.

Os encontros, desde o início, contaram com a participação do ministro da Educação, Fernando Haddad, e os presidentes da Undime e do Consed, em uma rara situação de conjugação de propósitos, acima de interesses classistas, corporativistas ou político-partidários.

Aos poucos, mais pessoas foram se juntando ao grupo inicial de mobilização formado por Milu Villela (MAM, Instituto Itaú Cultural e Faça Parte), Luiz Norberto Pascoal (Fundação Educar – D′Pascoal), Ana Maria Diniz (Instituto Pão de Açúcar), Denise Aguiar (Fundação Bradesco), Viviane Senna (Instituto Ayrton Senna), Antonio Jacinto Matias (Fundação Itaú-Social), José Roberto Marinho (Fundação Roberto Marinho) e José Paulo Soares Martins (Instituto Gerdau). Empresários como Jorge Gerdau (Grupo Gerdau) e Daniel Feffer (Suzano) e executivos como Fábio Barbosa (ABN-Real) integraram-se também ao grupo, que já conta, entre os seus adeptos, com cerca de 180 educadores, importantes líderes de organizações de terceiro setor, como Instituto Ethos e GIFE, associações classistas como a Aberje, representantes de Unicef e Unesco, secretários de Educação de estados e municípios, jornalistas, pesquisadores e especialistas.

O planejamento do Compromisso Todos Pela Educação foi elaborado com base na metodologia do BSC- Balanced Scorecard. Entre os meses de janeiro e março de 2005, cerca de 70 educadores, empresários, comunicadores e especialistas foram ouvidos a respeito dos problemas e das possíveis soluções para a educação brasileira. O resultado das entrevistas serviu como base para um workshop de dois dias, em abril de 2006, durante o qual 60 convidados discutiram os grandes desafios e as ações necessárias.

7) E o que aconteceu depois desse encontro com educadores, empresários e jornalistas?
Do encontro, surgiu a necessidade de dividir o Compromisso em três comitês, sob a coordenação executiva de Ana Maria Diniz. O comitê técnico, coordenado por Viviane Senna, e que reúne os maiores especialistas em educação e avaliação, ficou encarregado de definir as cinco metas de qualidade da educação que pautarão as ações do Compromisso até 2022, e ainda produzir um conjunto de orientações/recomendações para pais, educadores, conselhos tutelares e promotores públicos.

O comitê de legitimação, coordenado por José Paulo Soares Martins, incumbiu-se de planejar e executar as ações de relacionamento com os diferentes públicos de interesse do Compromisso, visando ampliar a representatividade regional do movimento e atrair adesões.

E ao comitê de comunicação, presidido por José Roberto Marinho, coube planejar e executar ações de comunicação visando estabelecer mensagens e canais para disseminar o tema da educação, a proposta do Compromisso, suas metas e objetivos.

8) Como participar do Compromisso?
Em sua primeira fase, já a partir do lançamento oficial, o Compromisso Todos Pela Educação é aberto á participação de associações classistas, empresas, entidades religiosas, organizações de terceiro setor, sindicatos e indivíduos que, de alguma forma, querem se juntar ao esforço por uma educação de qualidade

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional