Trabalhos científicos com as abelhas podem ajudar a conter a perda das polinizadoras

Por: Instituto Tecnológico Vale| Notícias| 08/11/2021

Apesar de ser atribuído ao físico alemão Einstein (1879 – 1955) o alerta ao mundo sobre a importância das abelhas, sem as quais, segundo ele, a humanidade não teria mais do que quatro anos de sobrevivência no planeta, não há evidências de que ele realmente tenha dito isso. Mas o que se pode garantir, conta a pesquisadora Tereza Giannini, do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV DS), é que, “sem polinizadores a humanidade pode enfrentar a redução na produção de alimentos com alto valor nutricional”.

Tereza Giannini está à frente de algumas das iniciativas do ITV DS com pesquisas sobre abelhas, relacionadas com a polinização agrícola, a recuperação das interações entre abelhas e plantas em áreas de restauração, e o impacto da mudança climática sobre essas espécies. Seu trabalho visa:

1 – Estudar as interações abelha-planta e entender o papel dos polinizadores frente à reprodução das plantas, bem como, entender como é que essas interações podem ser potencialmente afetadas pelas mudanças climáticas;

2 – Avaliar como essas interações podem auxiliar os projetos de recuperação de áreas degradadas devido à mineração, avaliando as plantas que oferecem maior quantidade de recursos para os polinizadores e quais polinizadores são responsáveis pelo sucesso reprodutivo das plantas utilizadas;

3 – Analisar o papel dos polinizadores na produção de alimentos, compreendendo a dependência das plantas agrícolas por polinizadores para formar seus frutos e sementes. São analisadas também as espécies mais importantes de abelhas polinizadoras. Essa linha de pesquisa envolve o Fundo Vale, dentro do qual há iniciativas relacionadas aos sistemas agroflorestais, negócios socioambientais, e geração de renda para as comunidades.

4 – Analisar a questão de conectividade de paisagem, uma vez que o complexo de áreas protegidas de Carajás está, atualmente, isolado de outras áreas protegidas. Assim, foram determinadas possiblidades para conectar Carajás com outras áreas, usando dados de mudanças de clima, abelhas, aves e morcegos. A ideia é tentar saber quais serão os locais com o clima mais adequado para esses animais no futuro que coincidem com os melhores corredores ecológicos que facilitariam a conexão entre as áreas protegidas.

A equipe de Tereza Giannini foi também responsável pela primeira lista de abelhas para Carajás, publicada ano passado. Essa lista é uma contribuição importante para conhecer a diversidade de polinizadores na área, um ponto fundamental para qualquer iniciativa de conservação.

Outra contribuição importante foi o estudo realizado pela mesma equipe para o estado do Pará visando compreender quais são as principais culturas agrícolas produzidas no estado e qual a dependência delas por polinizadores. Foi estimado também o valor da contribuição dos polinizadores para a produção agrícola, cujo valor é de aproximadamente 1 bilhão de dólares por ano. Também foram listadas 218 espécies de plantas usadas por comunidades tradicionais na Amazônia em sua alimentação, e a mesma equipe concluiu que 54% das espécies analisadas dependem de abelhas para sua polinização, enfatizando a importância desse grupo de animais.

Gerar este tipo de conhecimento é uma contribuição importante do ITV DS para conhecer a biodiversidade e os benefícios produzidos por ela para o bem-estar humano, além de compreender o impacto potencial da mudança climática nesses benefícios. O ser humano e a natureza são indissociáveis e, na busca pela sustentabilidade, compreender essas relações é fundamental, de tal forma a deixar um legado positivo às futuras gerações.

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