Uma nova lógica de investimento social

Por: GIFE| Notícias| 26/03/2010

Roger Agnelli*

Uma nova lógica de investimento social privado está nascendo. Uma lógica em que o papel da empresa sai da aplicação de recursos em projetos sociais e segue para a integração com poder público e sociedade civil organizada em favor do desenvolvimento territorial sustentável. A ideia é que todos trabalhem juntos para estimular vocações locais e solucionar problemas através de ações estruturantes. Essa é a proposta da Parceria Social Público-Privada, a PSPP, que nasce hoje na forma de um projeto de lei em Minas Gerais, berço da Vale.

O conceito da PSPP resulta da experiência da Fundação Vale com governos e organizações sociais em várias cidades, na união de esforços, recursos e conhecimentos com um único propósito. Ações imediatistas e assistencialistas não têm mais espaço. O investimento social privado deve ser planejado em ações de médio e longo prazo, baseadas em diagnósticos socioeconômicos, integradas a políticas sociais emancipatórias, com metas e indicadores de resultados. É possível.

A política de investimento social estruturante, que valoriza ativos locais e reduz desigualdades, hoje é uma marca da Vale. Nosso grande desafio é fazer com que as oportunidades trazidas pelos investimentos na mineração beneficiem o território, deixando um legado de sustentabilidade para a comunidade. Por isso, um objetivo da PSPP é contribuir para fortalecer a economia local, a partir da dimensão social.

Outro objetivo da PSPP é contribuir para uma infraestrutura adequada às cidades que querem o desenvolvimento. Na prática, a Fundação Vale já realiza parcerias para reduzir o déficit de infraestrutura urbana e habitacional, aprimorar processos de gestão pública e promover o desenvolvimento humano e econômico. Em Minas Gerais, por exemplo, temos acordo para fomentar o Turismo Solidário no Vale do Jequitinhonha, contribuímos na elaboração de projetos estruturantes e montaremos três núcleos em diferentes áreas para fortalecer o empreendedorismo e oferecer atividades de arte, cultura e esporte para jovens.

A PSPP demanda uma nova postura de empresas, governos e sociedade. Exige abertura ao diálogo para a construção de uma visão comum, sobre a qual integremos esforços em favor da geração de oportunidades locais e da melhor aplicação dos investimentos sociais privados e dos recursos gerados por impostos.

Como iniciativa privada, a Vale quer colaborar com aporte de conhecimento, tecnologia e capacidade de gestão. A expectativa é de que mais empresas, governos e organizações da sociedade civil se unam no desafio de construir este tipo de parceria pelo Brasil. Todos temos a ganhar.

*Roger Agnelli é diretor-presidente da Vale e Presidente do Conselho da Fundação Vale.

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