Uma pitada de Jari

Por: GIFE| Notícias| 01/10/2012

O GIFE convidou seus associados a fazerem uma viagem ao Jari, entre os estados do Pará e Amapá, onde o Grupo Orsa apresentou sua área de negócio e o trabalho da Fundação Orsa em plena floresta amazônica. A viagem, que aconteceu entre os dias 12 e 14 de setembro, contou com a participação de oito parceiros e associados do GIFE, além de seis conselheiros de Governança do GIFE.

A pedido do redeGIFE, a gerente da área de Relacionamento do GIFE, Ana Carolina Velasco, que acompanhou os grupos, faz um relato emocionado sobre a viagem e conta tudo o que aconteceu por lá.

Uma pitada de Jari

Ana Carolina Velasco
Especial para o redeGIFE

O trabalho a Fundação Orsa no Jari sempre suscita curiosidade. Se iniciou como um case no acordo do BNDES, quando o Grupo Orsa se comprometeu com a destinação de que 1% do faturamento da empresa seria para a fundação e, ao longo desses 12 anos de atuação, já há muita história para ser contada .

Assim, o GIFE partiu em dois grupos rumo ao Vale do Jari, que se juntaram para conhecerem um pouco deste diferente universo: grupo de associados e parceiros do GIFE, além de oito conselheiros de Governança, entre eles, Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa.

Existem mais de 200 pequenas comunidades na região do Vale do Jari. Uma região que envolve 3 municípios (Almeirim, Laranjal e Vitoria do Jari) na fronteira entre 2 estados (Para e Amapá), sendo que 98 dessas comunidades habitam na área de atuação do Grupo Orsa, que tem 1.365.000 hectares, com 90% dessa área totalmente preservada.

Contarei nosso percurso, que devido ao pouco tempo (um dia e meio) se limitou à região de Almeirim e Monte Dourado-PA

Chegando à cidade, já fomos à nossa primeira visita: “cooperativa Agulhas Versáteis”. O projeto que se iniciou como uma alternativa para geração de renda das mulheres da Vila do Planalto já garante a 18 mulheres a maior contribuição financeira em suas casas. Os projetos sociais da fundação tem a característica de ter um “valor compartilhado” para a empresa. A cooperativa, por exemplo, que recebe assessoria técnica da fundação, é a fornecedora dos uniformes de várias empresas, inclusive da Orsa, – essas conquistas são sempre em conjunto entre a cooperativa, a fundação e as áreas de negócio, que estão muito alinhadas aos projetos da fundação.

Seguimos ao viveiro de Eucalipto, onde conhecemos o trabalho cuidadoso feito principalmente por mulheres colaboradoras da Orsa, na produção de cada mudinha de eucalipto e no acompanhamento do seu crescimento em diferentes etapas no viveiro pelas “cuidadoras”, até o ponto exato do plantio.

Conhecemos também a “Casa Jari”, antiga residência de Daniel K. Ludwig, visionário que instalou a Fabrica da Jari Celulose na região, e que hoje é um espaço cultural. Este espaço narra parte da história de como tudo começou nas terras da Jari (bem impressionante) e é também o centro de memória da empresa e da fundação. La pudemos ver a maquete da fabrica, fotos de projetos da fundação e até a caneta (bic) que foi assinado o contrato com BNDES e Sergio Amoroso.

Em seguida, fomos conhecer a Xiloteca, um local fantástico onde encontramos amostras de 850 espécies madeira, 3500 espécies de exsicatas (ramas), 200 espécies de sementes, além de amostras de insetos, resinas e óleos naturais. Este espaço já é objeto de estudo por parte de escolas locais, além de universidades e institutos de pesquisas nacionais e internacionais. O acervo está sendo digitalizado para logo mais ser disponibilizado para ampliação do acesso a estudos e pesquisas.Nesse mesmo prédio, observamos também um Telecentro de Informática oferecendo qualificação profissional e acesso à internet para crianças, jovens e adultos da comunidade; uma escola de música com aulas de canto e de uso de diferentes instrumentos musicais; um projeto de qualificação profissional de jovens e adultos, chamado Canteiro Escola, com aulas para a população no período noturno, com foco no setor de construção civil, que está bastante aquecido na região em função das obras do projeto Hidroelétrica de Santo Antônio do Jari, além do projeto Geração Aprendiz que também é desenvolvido nesse mesmo espaço, durante o dia, com foco na qualificação de adolescentes e jovens com base na Lei da Aprendizagem Profissional em parceria com as empresa do Grupo Orsa.

Após esse “tour” fomos até o prédio da Fundação Orsa, ouvir a apresentação do Coordenador Jorge Rafael, sobre sua atuação. Certamente não conseguiríamos visitar todas as iniciativas, mas tivemos uma noção, que pode ser acessada nesse link.

A apresentação contou com a participação especial do Sr. Otacílio França, castanheiro e líder da comunidade extrativista do Cafezal, que falou sobre as conquistas da comunidade nos últimos 4 anos, através da parceria com a Fundação Orsa, empresa Ouro Verde, Bancos e Governos; que juntos promoveram a quebra da dependência dos castanheiros da comunidade ao “aviamento” (financiamento feito pelos compradores locais, condicionando a entrega da produção á preços pré-determinados pelos compradores).

No próximo dia,logo cedo, devidamente protegidos do sol e com repelente, partimos por 2hs em estrada de chão para a área do Bituba, uma das áreas do Plano de Manejo Florestal Sustentável do Grupo Orsa.

Conhecemos então trabalho da Orsa Florestal. Assistimos a uma esclarecedora apresentação do simpático e experiente “Tchê” sobre a forma de manejo, identificação de árvores, forma de retirada, porcentagens de espécies, divisão das “parcelas”, e partimos para andar pela primeira parcela que havia sido manejada em 2003 e que deverá ser manejada somente daí a 30 anos. Caminhamos por uma trilha no meio da floresta (agora também protegidos com capacetes e caneleiras), observando as grandes maçarandubas, algelim vermelho, comaru, mandioqueira, sucupira, jatobá, e outras espécies. Foi uma experiência muito válida para entendermos como é possível fazer o manejo sustentável da floresta, usufruindo economicamente da madeira e respeitando o ciclo de reprodução e conservação da floresta.

Todos na van e caminhonetes de novo, e partimos para mais um tempo na estrada a caminho da propriedade do Sr. Mereco. Embaixo de uma mangueira, fizemos um lanche antes de conhecermos a produção de “eucalipio” do Sr. Mereco. Ele é um dos participantes do projeto de fomento da Orsa. O grupo faz um acordo cedendo às mudas, assessoria técnica e pagamentos antecipados, garantindo a compra da produção à preço de mercado.
Sr. Mereco, mostrou também suas outras plantações de açaí, pimenta e laranja, que também recebem assessoria técnica da Fundação Orsa.

Na propriedade do Sr. Mereco também tivemos a oportunidade de conhecer um banheiro ecológico, técnica desenvolvida pelo Instituto de Permacultura da Amazônia, que contribui para a higienização e saneamento adequados do local e, consequentemente, para a saúde da família.

Com o tempo apertado, não conseguimos conhecer a escola pública da comunidade. Sr. Mereco estava faceiro com essa escola no local, que é resultado da boa articulação da comunidade com a Prefeitura de Almeirim.

Fomos conhecer a propriedade do Sr. Fernando, outro fomentado agroflorestal. Lá tivemos a oportunidade de conhecer o plantio de curauá, planta da família do abacaxi, que a partir de um processamento muito rápido numa maquininha a diesel, é feito o desfibramento da folha. Essas fibras são muito resistentes. Os produtores vendem para empresas automobilísticas – mais uma fonte de renda a partir do uso sustentável do solo da floresta.

Já no fim deste dia, trocamos a estrada pelo rio Jari, de onde se olhássemos para a direita víamos o Pará e a esquerda, o Amapá.Acompanhamos a orla da cidade de Laranjal do Jari, visualizando a extensa área de palafitas e sua situação de risco em termos de habitação e saneamento. Um desafio ainda a ser superado na região do Jari.E, logo adiante, uma maravilhosa paisagem das cachoeiras de Santo Antônio. Simplesmente um presente encerrar este dia com essa imagem.

O dia acabou, mas, a noite estava só começando. Foi-nos preparada uma degustação de delícias de castanha e cupuaçu preparadas especialmente pelas mulheres da Associação de Castanheiros da comunidade Cafezal.

Também saboreamos um saboroso peixe da região (filhote – que na verdade é enorme) e assistimos uma bela apresentação grupo de dança da Fundação Orsa, Magia do Tupã, que reproduz a manifestação popular de maior expressão folclórica da região Norte do País, a dança do boi-bumbá – trazida por imigrantes e reinventada pelo povo da Amazônia. É formado por crianças e adolescentes do Vale do Jari, que utilizando a dança como forma para revelar talentos, resgatar a cultura regional e promover a busca das raízes.

Durante o jantar, assistimos a um vídeo com depoimentos de pequenos produtores fomentados pelos projetos agroflorestais da Orsa, testemunhando os benefícios econômicos e sociais da parceria entre empresa e comunidade; e expressando suas mensagens de esperança, visão de futuro e sustentabilidade na floresta.

Embora cansados, sabíamos que era a última noite e não teríamos tempo de conhecer a Loja “Riquezas do Jari”, um espaço criado pelo Grupo Orsa para estimular a comercialização local do artesanato e outros produtos florestais sustentáveis. Como bons turistas, partimos para as compras de biojóias, cestas e artefatos de madeira certificada, produzidos pelas cooperativas e comunidades da região.

Nosso vôo sairia às 11h20. Se estivéssemos em São Paulo, não teríamos tempo para outras atividades, mas saímos bem cedo para conhecer a fábrica de celulose.Estávamos curiosíssimos para ver se de fato, 30 anos depois aquela fábrica que foi construída no Japão e veio cruzando os mares ainda funcionava.Devidamente equipados com EPIs, constatamos duas grandes estruturas (uma fábrica de celulose e outra de geração de energia a base de biomassa) sustentadas até hoje em cima de 3.000 estacas de massaranduba.Subindo e descendo escadas, percorremos 4 andares de fábrica de celulose, conhecendo os processos de cozimento dos cavacos de madeira de eucalipto; lavagem, branqueamento, secagem, até a formação da folha de celulose, que em seguida é cortada e empacotada num processo totalmente automatizado e rigorosamente controlado pela área de qualidade da empresa.Um exercício impar, não somente do conhecimento histórico do projeto jari como também da origem do papel que tanto utilizamos e, por vezes, desperdiçamos, finalizando o que podemos chamar de uma maratona dentro da fábrica, que dispensa o uso de qualquer academia nos próximos 30 dias.

Como bons maratonistas, ainda tivemos tempo de visitar a fabrica da Coopnharin – Coopeartiva de Artefatos Naturais do Rio das castanhas, formada por 20 jovens que aproveitam as sobras da madeira certificada da Orsa Florestal e transformam em garden tiles e setas de madeira para cercas (comercializados na Europa e Estados Unidos), além de peças para fruteiras de madeira, portas e esquadrias (vendidos no mercado nacional).

Por fim, nos despedimos da maravilhosa equipe que nos acolheu nesses dias, e no aviãozinho até Belém já trocávamos as fotos e as impressões. Todos ainda impressionados com todo o conhecimento adquirido expressavam a admiração por pessoas tão especiais que ali vivem e trabalham, preservando algo muito importante para todos nós: a floresta amazônica.

Vejam algumas fotos da viagem aqui.

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