Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos define atuação conjunta

Por: GIFE| Notícias| 28/08/2017

Todo o esforço que começou a ser canalizado em 2016 para a construção de um plano de ação, dá sinais de concretude na Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos (LEQT), com diversas novidades.

Em encontro realizado no dia 24 de agosto, o grupo avaliou os primeiros resultados do trabalho e planejou os próximos passos. Além de experienciar uma iniciativa pensada e conduzida de forma coletiva, a LEQT dá um exemplo: é a primeira vez que uma rede temática do GIFE nessa linha executará uma ação direta em um território específico.

Erika Sanchez Saez, gerente de Fomento e Inovação do GIFE, lembra que tudo o que está ganhando corpo agora e os movimentos que devem vir a seguir fazem parte de uma construção de longo prazo, com amplo envolvimento do grupo, facilitação e ativação da consultora contratada pela rede, Iracema Nascimento, e trabalho dedicado da coordenação da LEQT, feito pela Fundação Itaú Social, Conhecimento Social e pelo Instituto C&A.

Consolidar um plano, integrando as propostas do grupo em uma ação convergente, não é tarefa fácil. Para tal, um recurso semente foi aplicado na rede pelo Instituto C&A e pela Fundação Itaú Social para a constituição de um fundo. O investimento deu fôlego ao trabalho e impulsionou ações que visam gerar resultados de interesse público na linha da promoção da leitura e escrita de qualidade para todos. A ideia é que a trajetória, os aprendizados e a sistematização das experiências sejam apresentados no Congresso GIFE, em abril de 2018.

A gestora de programas e projetos sociais da Fundação Itaú Social, Dianne Cristine Rodrigues de Melo, avalia que a integração do grupo e a alta disponibilidade em contribuir têm conduzido os trabalhos para o alcance de bons resultados. “É muito bom observar o movimento de todos e a participação na rede. Desde a primeira reunião tivemos um envolvimento ativo, além das trocas ricas nos intervalos via e-mail.”

Patrícia Lacerda, gerente de Educação, Arte e Cultura do Instituto C&A, ajuda a desvendar esse trabalho em rede, tão específico, mas tão rico para o campo social. “É interessante observar que sempre tem gente chegando, pessoas retomando a participação. É um grande desafio conseguir juntar pessoas que estão na mesma pauta para construir uma ação coletiva. É um exercício de organizar nossos desejos. Queremos que a rede consiga se expressar como um processo aberto e horizontal. Hoje inauguramos um novo capítulo.”

O plano de ação

Com vistas a construir um trabalho estruturado, que converse com as experiências e desejos de cada elemento do grupo, a LEQT estabeleceu duas frentes de ação. A primeira tem como objetivo identificar, sistematizar, formular e divulgar indicadores que permitam a avaliação dos próprios esforços da rede, assim como os de outras iniciativas voltadas para a promoção de leitura e formação de leitores.

A outra proposta é a ação direta em um território selecionado (saiba mais abaixo) a partir de indicações feitas pelas próprias organizações que participam da rede. O projeto-piloto tem como objetivo testar modelos de ação na articulação de diversos atores de uma localidade, buscando articulação com políticas públicas e o fortalecimento de ações já encampadas no território.

Indicadores

Roberto Catelli Jr., ‎coordenador da Unidade de Educação de Jovens e Adultos da Ação Educativa, conta que, apesar de ainda estar em andamento, o trabalho de pensar indicadores foi um processo muito rico. “Queremos um sistema que possa contribuir com a qualidade do trabalho desenvolvido aqui nessa rede, que ajude a controlar processos e que atenda à diversidade de organizações presentes na iniciativa.”

O pesquisador conta que construir indicadores comuns para a realização de ações coletivas de promoção de leitura e formação de leitores, neste caso, foi um exercício de olhar para dentro e para fora. Afinal, no fim da linha, espera-se que esse instrumental sirva não apenas à LEQT e seus participantes e, sim, a toda e qualquer organização ou coletivo de organizações que desenvolvam ações nesse sentido.

Assim, Catelli e o grupo de trabalho olharam para uma série de dimensões em quatro eixos: gestão de sala de aula, gestão da escola, gestão de bibliotecas e gestão da política. Uma categorização que surgiu a partir das próprias contribuições do grupo. Ele explica, ainda, que não se trata de um formato estanque. Será possível acessar cada jogo de indicadores distintamente – a depender do que cada tipo de projeto ou organização demande para suas ações.

Vale lembrar que o processo ainda está em andamento e que um grupo de apoio está sendo criado para balizar a efetividade das fontes, métricas e medidas para construção do conjunto de indicadores. Em breve, serão disponibilizados publicamente. “Inclusive, a aplicação destes indicadores podem gerar pesquisas inéditas no Brasil”, avalia Catelli.

Ação territorial

Outra frente de ação priorizada no plano de 2017, o investimento em uma ação local mobilizou a atenção dos participantes da rede. A seleção da localidade se deu após avaliação de três propostas realizadas nos últimos meses. Por fim, foi escolhida a Biblioteca Pública Municipal Professor Cial Brito, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Esta é a primeira vez que uma ação receberá investimento direto de uma rede temática do GIFE.

Coube à equipe da organização proponente, a Recode, apresentar um breve relato sobre o município e este espaço de cultura.  Elaine Pinheiro, CEO da Recode, contou com o apoio de Beatriz Teixeira, Viviane Suhet, Ilca Bandeira e Camila Batista, todas da equipe da organização, para fazer um sobrevoo pelo caso de Nova Iguaçu, município de quase um milhão de habitantes, e sua única biblioteca pública. “É uma grande alegria estar na construção dessa rede. Nos empolga muito esse papel de ponte. Sabemos que vamos aprender muito e vamos também procurar espaços para comunicar essa experiência. É uma oportunidade para mostrar para o campo como é o ‘fazer juntos’.”

O trabalho que a LEQT desenvolverá no município fluminense reforçará o programa da Recode chamado “Conecta Biblioteca”, que tem como objetivo fortalecer as bibliotecas como espaços de convivência, articulação e promoção da leitura e apoiar o desenvolvimento das habilidades dos profissionais que atuam em bibliotecas. Tudo muito sintonizado com políticas públicas estruturantes como o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), o Plano Nacional de Cultura (PNC) e também pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), especialmente o objetivo 4 – Educação de Qualidade e o objetivo 8 – Trabalho digno e crescimento econômico.

Na sequência, organizados em grupos, os participantes pensaram em propostas que estivessem alinhadas a alguns desafios: criação e produção literária e desenvolvimento da economia do livro; fomento à leitura e formação de mediadores; valorização da leitura e rede municipal de leitura; e leitura, educação e renda.

As propostas discutidas e apresentadas no encontro serão agora avaliadas, sistematizadas e debatidas no Grupo de Trabalho. A depender da priorização e orçamento do projeto, poderão compor o plano de ação que será aplicado no território.

Literatura em movimento

Como de costume na Rede Temática Leitura e Escrita de Qualidade para Todos, o fim do encontro é dedicado à divulgação de informes:

  • Premiação

    – O Instituto Pró-Livro está lançando a segunda edição do Prêmio IPL – Retratos da Leitura. As inscrições já estão abertas e o objetivo é reconhecer projetos de fomento à leitura promovidos por organizações da sociedade civil, empresas de mídia, bibliotecas públicas e comunitárias e empresas da cadeia produtiva. Mais informações na Plataforma Pró-Livro.

  • Leitura no bairro

    – A Biblioteca Espaço Alana promove, entre 20 e 22 de setembro, das 14h às 17h, o evento “Festa Literária ‘A Primavera e os Livros'”. A ideia é mobilizar toda a comunidade do Jardim Pantanal para a valorização do livro e da literatura. Mais informações com a organização da atividade.

  • Leitura e cor

    – A Fundação Tide Setúbal promoverá, entre 8 e 10 de novembro, mais uma edição do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel Paulista. Este ano, o evento celebra a literatura em seus recortes de etnia com o tema “Letras pretas: poéticas de cor e liberdade”. Saiba mais no site da organização.

     

 

O encontro marcou, ainda, o lançamento das publicações “Prazer em Ler”, do Instituto C&A; CarnaAutores, do “Espaço Alana”, e Guia de Mediação de Leitura Acessível e Inclusiva da Mais Diferenças.

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