Conferência reúne lideranças empresariais para debater potencial transformador do ESG Racial
Por: GIFE| Notícias| 05/12/2022Nos últimos dias 29 e 30 de novembro, o Pacto de Promoção da Equidade Racial realizou, em São Paulo (SP), a 1ª Conferência Empresarial de ESG Racial, com o objetivo de promover conhecimento sobre o tema para diversas lideranças de empresas e instituições.
O protocolo ESG Racial é um propulsor de transformação social do país por meio da educação qualificada, e visa garantir a sustentabilidade econômica do mercado a médio e longo prazo. Ele propõe caminhos para ampliar a capacitação da população negra, gerando oportunidades e promovendo justiça social.
Para o diretor executivo do Pacto, Gilberto Costa, durante muitos anos o racismo foi discutido de forma subjetiva. Assim, o Protocolo ESG Racial oferece uma metodologia empírica para auxiliar as empresas no planejamento de ações e estratégias de mudança da cultura organizacional, que muitas vezes se encontra enviesada e replicando o racismo estrutural. “A diversidade nos quadros das empresas gera muito mais sustentabilidade, permitindo às empresas ampliação de suas atividades e, por consequência, gerando mais riquezas para sociedade.”
Índice ESG de Equidade Racial (IEER)
O evento contou com uma Palestra Magna e 11 painéis onde foram debatidas experiências e conhecimentos atualizados sobre o protocolo ESG Racial e sua aplicação. Além de uma ampla reflexão sobre os impactos do racismo no Brasil e potenciais soluções.
Para viabilizar essas ações, o projeto se utiliza de dados quantitativos, como o número de profissionais negros nas empresas, e seus cargos. Para obter dados mais precisos, o Pacto criou o Índice ESG de Equidade Racial (IEER), que mede o desequilíbrio racial dentro das companhias.
O evento também abordou boas práticas de empresas que já estão na vanguarda na implementação dessas pautas; e o papel dos investidores institucionais na cobrança e no estímulo para que as empresas adotem práticas comprometidas com o combate ao racismo estrutural.
ISP e Filantropia têm papel fundamental
Cássio França, Secretário Geral do GIFE, participou do painel “O Papel da Filantropia na Transformação Racial”. Para ele, institutos, fundações e departamentos de responsabilidade social corporativas têm a responsabilidade de ser um exemplo para as mantenedoras.
“A filantropia pode mostrar que é possível ter organizações mais diversas e equânimes. Ao mesmo tempo, pode qualificar o debate e os projetos das empresas por meio do seu amplo leque de parceiros interessados em promover a equidade racial nas instituições.”
Thais Nascimento, coordenadora de fomento e inovação do GIFE, que também esteve no encontro, destacou as experiências compartilhadas no painel “Lideranças Negras e Espaços de Poder”. “Embora vivenciem inúmeros obstáculos, a constatação é de que há avanços possíveis desde que o discurso esteja conectado com a prática, o que significa fazer investimentos – que podem variar desde a realização de mentorias ou formações à criação de programas de ações afirmativas – e alocar recursos para promoção da diversidade.”
A Conferência foi marcada ainda pelo lançamento da pesquisa “A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022”, levantamento que analisou a participação dessa parcela da sociedade – que representa o maior grupo populacional do país – no mercado de trabalho nos últimos 12 anos. O estudo comprova que existe uma diferença negativa no posicionamento da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro, em termos de alocação e também salariais.
Em contrapartida, o número de mulheres negras com carteira assinada em relação ao de homens brancos avançou cerca de 20% entre 2010 e 2020. Existem indicativos de que essa crescente melhora possa ser explicada pelo aumento da escolaridade da população negra no período de ampliação do acesso à educação por meio da políticas de cotas.
Qualificação é um dos caminhos
Gilberto Costa explica que além de contratar mais profissionais negros, garantindo oportunidades aos quadros já pertencentes na empresa, é preciso investir na qualificação destes profissionais. Assim, o Pacto estabeleceu diretrizes norteadoras para as companhias.
“No eixo Ações Afirmativas, focamos em cinco pilares que colocam as empresas como protagonistas da mudança necessária para esse avanço. O Índice ESG de Equidade Racial apresenta às empresas os pontos de melhoria que precisam ser focados e amplia, a cada pesquisa, a fonte de informações, para auxiliá-las na jornada da equidade.”