Realizando trabalho histórico na busca pelo protagonismo das favelas e na inserção de suas demandas nas agendas das lideranças globais do G20, o Favelas 20 (F20) foi oficialmente inaugurado em evento que aconteceu no Rio de Janeiro, no último dia 08 de julho, na Casa Voz Vidigal. A cerimônia de abertura contou com uma programação composta por cinco painéis temáticos e com a participação de lideranças sociais e figuras políticas. 

Gabi Santos, diretora geral da ONG Voz das Comunidades, e Erley Bispo, diretor-presidente do Instituto Águas Resilientes, ambas lideranças do F20, conversaram com o redeGIFE sobre as perspectivas da frente. 

GIFE: O que simboliza o lançamento do F20 para as favelas?

F20: O F20 é mais do que um evento, é uma oportunidade de esperança, um chamado à ação e uma celebração da força e da resiliência das comunidades faveladas. É o momento de elevarmos as vozes que foram silenciadas por muito tempo, de transformar desafios em oportunidades e de construir juntos um futuro mais justo, inclusivo e digno para todes. 

GIFE: De que forma o movimento pretende alcançar seus objetivos mantendo diálogos com os diversos territórios periféricos?

F20: Concretizando seus objetivos por meio de uma abordagem multifacetada que combina engajamento direto com as comunidades, mobilização social e advocacy estratégico. Para isso, realizamos discussões comunitárias e elaboração de propostas de maneira presencial e híbrida, alcançando globalmente outras periferias. 

GIFE: Como são feitas as mobilizações dentro do F20?

F20: Através dos GTs, que abordam temáticas relevantes para as comunidades e que estão alinhadas com a agenda de desenvolvimento global do G20. Entre os temas estão: o combate às desigualdades, pobreza, fome e promoção da saúde mental; combate à crise climática e promoção da transição energética justa; acesso à água potável, saneamento básico e higiene pessoal; transformação, inclusão digital e cultural; e combate ao risco de desastres naturais.

GIFE:  Como se deu a construção dos cinco GTs que compõem o F20? 

F20: Através de um processo inclusivo, que envolveu um chamado a lideranças de favelas de diversas regiões do Brasil e até de outros países. Cada GT é composto por lideranças que têm uma profunda compreensão dos problemas locais e estão comprometidas em elaborar um Policy Brief que reflita as preocupações e necessidades de suas comunidades. 

GIFE: De que maneira o F20 busca influenciar os debates internacionais através do olhar das favelas?

F20: Ao apresentar dados e relatos que ilustram como as decisões globais impactam diretamente as favelas, o F20 propõe que as soluções devem ser inclusivas e equitativas. Além disso, ao promover diálogos entre líderes das favelas e tomadores de decisão globais, o F20 não só eleva essas preocupações, mas também encoraja a adoção de políticas que atendam às necessidades dessas comunidades. 

GIFE: Qual a proposta inovadora de diálogo que vocês tem buscado implementar?

F20: Em uma iniciativa inovadora, o F20 irá percorrer todas as zonas do Rio de Janeiro, promovendo encontros presenciais para que os moradores possam expressar suas opiniões e ajudar a classificar as recomendações que serão entregues ao G20. 

GIFE:  Há intuito de expandir a atuação do F20 para outras regiões? 

F20: Além disso, para ampliar ainda mais a participação, será lançado um formulário online que permitirá a contribuição de pessoas de outros estados e países no ordenamento das recomendações. Dessa forma, o F20 assegura que as opiniões de um público mais amplo sejam consideradas na construção das recomendações. 

GIFE:  Como vocês têm avaliado o interesse da presidência brasileira do G20 pelos trabalhos desenvolvidos pelo F20?

F20: A avaliação é positiva. Há um reconhecimento crescente da importância de incluir as demandas das favelas nas discussões globais, o que demonstra uma abertura para integrar essas questões nas agendas oficiais.