Infância em risco no Brasil: o compromisso do Pequeno Príncipe com quem mais precisa
Por: Complexo Pequeno Príncipe| Notícias| 07/07/2025
Grande parte de crianças e jovens atendidos pelo Hospital vivencia triste realidade brasileira: privação de direitos na infância e adolescência. Com 60% da capacidade de internamento destinada ao SUS, instituição filantrópica oferece, há 105 anos, assistência de ponta em saúde e outros cuidados a milhares de meninas e meninos em situação de vulnerabilidade social
Mais de 60% das crianças e dos adolescentes vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza no Brasil. De acordo com o UNICEF (2023), cerca de 32 milhões de meninas e meninos de 0 a 17 anos de idade passam por pelo menos uma privação de direitos, como acesso à água, educação, moradia digna, alimentação ou proteção contra violências. Aproximadamente seis milhões de brasileiros nessa faixa etária moram, segundo a Fundação Abrinq, em casas sem acesso a saneamento básico, situação que impacta direta e negativamente a saúde.
Realidades como essa são enfrentadas por grande parte das crianças e dos jovens atendidos pelo Hospital Pequeno Príncipe, onde 60% da capacidade de internamento é destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS). E os cuidados assegurados pela maior e mais completa instituição hospitalar pediátrica do país vão além das questões de saúde.
Atento às diferentes necessidades dos pacientes, o Hospital — que há 105 anos nasceu com o propósito de oferecer assistência de ponta a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social — atua para garantir não só a continuidade do ensino escolar aos internados, como também o acesso a atividades culturais e de lazer, além de manter a Casa de Apoio para hospedagem e alimentação de familiares que não moram em Curitiba (PR), onde fica a sede da instituição.
Entre as ações na linha do cuidado humanizado, o Pequeno Príncipe garante o direito de um acompanhante permanecer ao lado do paciente durante todo o período de hospitalização. Por meio do Programa Família Participante, são asseguradas quatro refeições diárias gratuitas ao familiar (café da manhã, almoço, lanche e jantar), que também conta com áreas de convívio, higiene e descanso.
O Hospital ainda promove, desde 2006, a Campanha Pra Toda Vida — a Violência Não Pode Marcar o Futuro das Crianças. A medida inclui acolhimento, assistência e proteção para crianças e adolescentes em situação de violência, bem como capacitação de profissionais e mobilização social.
“Tudo isso só é possível graças ao fundamental apoio que recebemos de investidores sociais privados e outros doadores”, enfatiza a diretora-executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro, ao observar que a contribuição do Pequeno Príncipe à filantropia chega a 74% em prestação de serviços ao SUS, conforme os critérios de Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS).
“É dever de todos nós garantirmos que a infância seja vivida de forma plena e segura. E que seja prioridade nos debates públicos e orçamentários.” Ety Cristina Forte Carneiro, diretora-executiva do Hospital Pequeno Príncipe
Esse foi o tom de uma das importantes discussões durante o recente 13.º Congresso GIFE: maior encontro da América Latina sobre filantropia, realizado no último mês de maio. A relevância das parcerias no campo do investimento social privado (ISP) para o rompimento de ciclos de violações de direitos de crianças e adolescentes foi destacada por especialistas que participaram do painel “Infâncias e desigualdades: um diálogo sobre os dados, as políticas sociais e o papel da filantropia na alavancagem de mudanças estruturais”.
Professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Dandara Ramos apontou o “reconhecimento e enfrentamento das falhas estruturais que produzem estas desigualdades” e as parcerias entre poder público e sociedade civil como “janelas de oportunidade importantes” para a superação desse quadro.
A diretora de Políticas Públicas da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Marina Chicaro, que também participou do 13.º Congresso GIFE, ressaltou que a filantropia pode desempenhar uma série de papéis na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. “Uma parcela significativa dos atendimentos feitos em nosso país, pelo SUS, ocorre por meio de parceria com instituições filantrópicas como o Hospital Pequeno Príncipe. A filantropia também tem a capacidade de investir em inovação, pesquisa e tecnologia, focando em uma atenção baseada em evidência”, afirmou. “A atuação estratégica da filantropia com vistas a uma atenção em saúde focada em equidade serve como uma alavanca bastante forte para catalisar o combate às desigualdades sociais em nosso país”, completou Marina Chicaro à Impacto e Transformação.
“Visões como estas nos impulsionam a seguirmos firmes em nosso compromisso de contribuir para o desenvolvimento pleno das crianças e dos adolescentes”, destacou a diretora-executiva do Hospital. “É preciso construirmos juntos um país menos desigual, mais justo e, portanto, saudável nos múltiplos aspectos”, realçou Ety.