“A gente precisa agir. É isso que eu gostaria da elite financeira”, afirma Belisa Maggi

Por: GIFE| Notícias| 14/10/2024

Em entrevista ao Podcast GIFE, presidente da Fundação André e Lucia Maggi, fala sobre transferência de riqueza intergeracional e potencial da filantropia no centro-oeste brasileiro.

Até 2030, o mundo deve testemunhar a maior transferência de riqueza intergeracional da história, com a geração baby boomer passando cerca de US$ 68 trilhões para os millennials e a geração Z. A projeção é da pesquisa Future of Giving 2020 da Sparks and Honey.

Essa transferência massiva de riqueza deve intensificar ainda mais as profundas desigualdades econômicas já existentes. Por outro lado, os doadores mais jovens tendem a ser mais engajados em responsabilidade social, igualdade racial e mudanças climáticas, potencialmente moldando a filantropia com uma visão mais progressista e inclusiva. O próprio relatório aponta que 73% da geração Z afirma que ser socialmente engajado é muito importante para sua própria identidade.

A urgência da Geração Z é um sentimento que Belisa Maggi, entrevistada da série “Grantmaking” do Podcast GIFE, entende. Herdeira da Amaggi, maior empresa de grãos e fibras do Brasil, ela preside desde 2015 a Fundação André e Lucia Maggi (FALM), seus avós paternos. E conta que precisou de experiência e amadurecimento para entender os processos e tempos do setor, já que estava na casa dos 20 anos quando passou a atuar na fundação da família, criada em 1997.

Belisa Maggi, presidente da Fundação André e Lucia Maggi

“Eu acho que chega de falação, a gente precisa agir. Claro que eu conto com os mais velhos e experientes para me ajudar a ter paciência para fazer isso com muita sabedoria. Mas se podemos, vamos agir, experimentar, fazer o trabalho acontecer. É isso que eu gostaria da elite financeira, porque temos o poder na mão para isso”, defende a filantropa, hoje com 40 anos.

Ela foi convidada pela família para dirigir a Fundação devido ao seu engajamento com projetos sociais. Mas foi só a partir do seu envolvimento com a filantropia corporativa, que entendeu a diferença entre ações pontuais, e o investimento social privado que pensa a longo prazo de forma planejada, monitorada e sistemática.

“O assistencialismo é importante, as pessoas precisam do imediato. Mas se empresas e pessoas com disponibilidade de herança têm a possibilidade de fazer algo além do pontual, é de grande valia para um resultado mais eficaz”, acrescenta a filantropa, que também é presidente Instituto Signativo.

No episódio, a mato-grossense também comenta sobre o cenário da filantropia no Centro-Oeste do país. Para ela, na região sobra vontade de atuar no setor, porém falta informação, cenário que a FALM tem tentado reverter especialmente através da Rede de Investidores Sociais (RIS) do Mato Grosso e promovendo reuniões e diálogos com as empresas locais.

“Precisamos nos unir, dar mais informação e ter um foco em comum. Com a agricultura, por exemplo, o Mato Grosso se uniu, estudou, conseguiu melhorar geneticamente as sementes e hoje é uma potência do agro. Por que não usar esse raciocínio, que foi muito bem executado, para o social também?”, questiona Belisa Maggi, que vê o estado como uma potência gigantesca e um lugar rico para trabalhar com projetos pilotos.

No episódio, ela se aprofunda nos desafios que se colocam na gestão de uma fundação familiar, inclusive a troca de gerações.

Ouça o podcast completo.


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