A importância de parques urbanos acessíveis na adaptação às mudanças climáticas

Por: GIFE| Notícias| 09/12/2024

Nos centros urbanos, os parques são mais do que simples áreas de lazer – eles representam um refúgio essencial para a saúde mental e física, além de desempenharem um papel fundamental na regulação do clima local. Com as mudanças climáticas cada vez mais presentes, a preservação e o acesso a esses espaços tornam-se imperativos, mas, no Brasil, esse direito tem acontecido de forma desigual. 

É o que aponta uma pesquisa encomendada pela Fundação SOS Mata Atlântica, realizada pelo Datafolha. O estudo mostrou que três em cada quatro brasileiros frequentam parques e praças,  sendo a ida uma vez por semana o hábito mais recorrente. 

No entanto, entre os entrevistados com renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, 91% costumam frequentar áreas verdes urbanas. Esse índice diminui para 71% entre aqueles com renda de até dois salários mínimos. Além disso, 84% das pessoas com ensino superior completo visitam esses espaços, enquanto apenas 63% dos entrevistados com ensino fundamental completo têm o mesmo hábito. Para o levantamento foram entrevistadas 2.018 pessoas de 113 cidades brasileiras, com idades acima de 16 anos, entre os dias 5 e 12 de setembro deste ano. 

Os números detectados apontam para a importância do debate sobre a democratização do acesso a parques urbanos, ao mesmo tempo que reforça o papel fundamental que esses espaços desempenham na luta contra as mudanças climáticas.

“É preciso considerar que mais de 87% da população brasileira vive em cidades e, nesses contextos urbanos, a população mais pobre, além de socialmente mais vulnerável, também é a que tem menos contato com áreas verdes”, aponta Diego Igawa Martinez, coordenador de Projetos da Fundação SOS Mata Atlântica. “Isso pode ser explicado por diferentes fatores, como os custos de viagem, alimentação etc., mas sobretudo devido à falta de áreas verdes acessíveis e seguras e com informações disponíveis nas periferias das grandes cidades”, completa. O coordenador também chama atenção para os benefícios que os parques urbanos trazem às cidades e considera urgente o trabalho de preservação.

De acordo com outra pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo (USP), a cada 25% de área desmatada em um hectare de floresta a temperatura média local pode subir até 1 grau centígrado. 

“Os parques, áreas protegidas, e outras áreas verdes são bastante eficazes para diminuírem as ilhas de calor e os extremos de temperatura nas cidades. Considerando que o ano de 2024 já foi o ano em que a média global ultrapassou o limite de 1,5ºC de aquecimento, é preciso fortalecer o estabelecimento dessas áreas”, destacou Diego Igawa Martinez.

Investir para preservar

A preservação e ampliação dos espaços verdes urbanos demandam recursos, planejamento e compromisso, para garantir uma infraestrutura que atraia e atenda adequadamente à população. “As medidas incluem rever normativas de planejamento urbano, mas também criar mais mecanismos de incentivos para que as áreas verdes sejam entendidas como economicamente positivas para o bem-estar coletivo e sejam incorporadas como soluções baseadas na natureza para os desafios das cidades frente às mudanças climáticas”, observa Diego Martinez. 

Nesse contexto, o investimento social privado (ISP) pode ser uma ferramenta estratégica fundamental para garantir a sustentabilidade e a resiliência ambiental das áreas urbanas. Além de beneficiar o meio ambiente, o investimento em parques urbanos também oferece retornos sociais e econômicos.

“O Investimento Social Privado para projetos de conservação do meio ambiente em geral tem sido baixo, conforme demonstrado por diversas pesquisas como o Censo GIFE e o Benchmark do Investimento Social Corporativo. Mesmo com a crescente adoção das agendas de ESG, isso ainda não se traduziu em um aumento significativo do volume de financiamento, doações e outras formas de investimento na natureza”, ponderou Diego Martinez. 

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