Ativistas reivindicam direitos, reconhecimento e recursos na celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e de Tereza de Benguela

Por: GIFE| Notícias| 24/07/2023

Na próxima terça-feira (25), o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha completa 31 anos. A data foi instituída em 1992 após o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana. A reunião se propôs a denunciar o racismo patriarcal enfrentado por essas mulheres, e uma série de organizações, coletivos e agendas se estruturaram e se fortaleceram na região a partir de então.

Foi nesse espaço que nasceu a Red de Mujeres Afrolatinoamericanas, Afrocaribeñas y de la Diáspora, que lutou junto à ONU para o reconhecimento da data. Paola Yañez é a Coordenadora Geral da Rede, e acredita que a data é um marco importante para abordar a situação da mulher negra no continente, além de ter um valor histórico e político.

“Não é uma data que nos foi dada, mas que adotamos como nosso dia”, afirma a boliviana. Para ela, tornar visível o racismo nas sociedades latino-americanas e caribenhas tem sido a principal tarefa das organizações de mulheres afrodescendentes. “É a militância ativa das mulheres afrodescendentes que tem alcançado os maiores avanços no reconhecimento dos afrodescendentes como sujeitos de direitos com instrumentos jurídicos internacionais e nacionais a partir das negociações com os Estados.”

Julho das Pretas

No Brasil, a data marca ainda o Dia de Tereza de Benguela, mulher africana que foi escravizada e se tornou líder quilombola no país. Há 10 anos, o movimento de mulheres negras do Brasil constrói o Julho das Pretas, uma ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva dessas organizações e coletivos, com pioneirismo do Nordeste e na Amazônia. O tema escolhido para 2023 foi Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver.

“É uma data que simboliza a visibilidade das nossas ações e fortalece nossas narrativas em relação a denúncia do racismo patriarcal”, destaca Naiara Leite, coordenadora executiva do Instituto Odara. A organização é a responsável pela criação do Julho das Pretas, que começou em 2013 com algumas dezenas de atividades em municípios baianos, e hoje alcança sua 11ª edição com 446 atividades realizadas por 230 organizações de mulheres negras em 20 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Para a ativista, é um momento oportuno para pensar qual investimento de fortalecimento tem sido feito para apoiar mulheres negras. Ela chama atenção ainda para a necessária compreensão dos investidores aos desafios colocados para essas organizações.

Não é possível resolver o racismo e o machismo sistêmicos no Brasil a curto prazo. Esse é um investimento que necessita de recursos e estratégias de fortalecimento institucional a longo prazo. Estamos falando de mais de 500 anos de violação. É preciso sensibilizar o olhar para as agendas e lutas das mulheres negras.


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