Investimento e mobilização popular fazem a diferença para a garantia dos direitos das mulheres no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 11/07/2022
direitos das mulheres

Das 1.015 iniciativas levantadas pelo Censo GIFE 2020, a maior parte não tem relação, direta ou transversal, com os temas de diversidade e equidade. Quando os temas são a relação racial, mulheres, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, a porcentagem de empresas que possuem relação transversal fica entre 31% e 40%, sendo a pauta racial o maior destaque. Para iniciativas que têm como objetivo específico essa promoção à equidade de forma direta, os percentuais são ainda menores, sendo o mais significativo na agenda de mulheres (9%).

Fundado em 2021, o Instituto Arueras é uma organização não governamental e sem fins lucrativos, que tem o intuito de fortalecer direitos de meninas e mulheres, atuando junto a governos e outras organizações da sociedade civil. Para Esther Leblanc, cofundadora e diretora do Instituto no Brasil, as políticas públicas de enfrentamento e atendimento à violência contra mulher estão condicionadas às vontades políticas.

“São muitos os entraves e gargalos para o sucesso destas políticas. Isso porque a pauta – apesar de regulamentada na forma da lei – não possui exatamente um fundo próprio de financiamento e independente para as ações.”

A cofundadora do Instituto lembra que nos últimos anos o país já possuía um cenário de insuficiência de políticas para mulheres, mas houve um agravamento pelos efeitos da pandemia e conservadorismo político. Para ela, é nesse cenário que as organizações da sociedade civil desempenham um papel fundamental. 

“Historicamente em contextos de regressão de direitos a atuação de organizações da sociedade civil são essenciais para a manutenção e fortalecimento da democracia. Queremos promover mudanças na forma como se pensa e fazer políticas para mulheres no Brasil.”

O Investimento Social Privado (ISP) é um fator fundamental 

Para a Johnson & Johnson ser uma empresa inclusiva só será possível a partir de uma sociedade inclusiva, como define o Gerente de Impacto na Comunidade Brasil, Ewerton Nunes. A empresa apoia iniciativas de impacto social, filantrópicas e voluntariado que incentivam a inclusão, a diversidade e a equidade.

O projeto #Tamojuntas, da marca SEMPRE LIVRE®️, visa essa perspectiva de gênero em territórios mais vulneráveis em duas capitais do país, Recife (PE) e São Luís (MA). Foram 45 mil pessoas beneficiadas pela ação que contou com rodas de conversa para falar sobre dignidade menstrual, distribuição de 95 mil unidades de absorventes para os municípios participantes e folhetos informativos sobre saúde menstrual. 

Em 2021, a NEUTROGENA® doou R$ 35.000 para a ONG Casa Florescer, que acolhe mulheres transexuais em situação vulnerável. Para a organização mantenedora da Casa Florescer, a Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana (CROPH), também foram doados 6.000 lenços demaquilantes.

Em parceria com o Fundo Baobá, o primeiro fundo voltado para pessoas negras do país, a empresa também vem atuando em um projeto que visa abordar vulnerabilidades sociais de comunidades quilombolas no Pará através de lideranças de saúde e comunitárias.

Esther Leblanc lembra que é importante termos mais projetos e recursos advindos do setor privado para uma atuação junto a organizações da sociedade civil, mas que também é necessário pensar em estratégias para uma transformação estrutural.

“É preciso lembrar que para uma atuação perene de longo prazo, apoios pontuais não se sustentam. Apesar de o investimento social privado ter ampliado sua destinação de recursos para OSCs durante a pandemia, percebemos que o foco foi em ações emergenciais”, explica.

Estratégias para driblar os desafios 

Com foco em combater os desafios que são comuns a várias organizações que trabalham com agenda de gênero, junto ao Fundo Agbara, fundo voltado especificamente para mulheres no Brasil, foi criada a primeira edição do Fórum Mulheres na Filantropia, previsto para março de 2023.

“O evento tem como principal objetivo fortalecer organizações e coletividades que atuam no ecossistema de gênero, promovendo fortalecimento institucional e conexões, e facilitando acessos a fundos filantrópicos”, informa Esther Leblanc.

Ela ainda ressalta a importância de buscar a equidade de gênero através de mudanças estruturais por vias governamentais. “Apostar em organizações que trabalham nessa perspectiva de mudança sistêmica é mais lento, porém mais sustentável e perene”, finaliza a gestora.


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