Com atuação global, Open Society Foundations associa-se ao GIFE

Por: GIFE| Notícias| 03/02/2020

Concessora de grants que ajudam a promover justiça, educação, saúde pública e mídia independente, a Open Society Foundations é a mais nova associada ao GIFE. 

Com atuação em nível global e presença em mais de 40 países, a organização teve início em 1979 com os trabalhos de filantropia de George Soros. O investidor dedicou recursos e esforços para apoiar pessoas negras que estudavam na África do Sul no período do Apartheid e também na transição democrática de alguns países do leste europeu. Desde o início, Soros investiu e acreditou na importância do acesso a informações e do pensamento crítico. 

Programa da América Latina 

A busca por fortalecer o estado de direito; incentivar o respeito por direitos humanos, minorias e diversidade de opiniões; reforçar a importância de governos democraticamente eleitos e uma sociedade civil que ajuda a manter o poder do governo sob controle levaram a Open Society Foundations a desenvolver diferentes ações ao redor do mundo. 

Apesar de ter seu programa lançado posteriormente, assim como o estabelecimento de escritórios regionais, a América Latina e Caribe já contavam com investimentos da fundação. Em 2008, o engajamento na região cresceu com o lançamento do Programa da América Latina e, em 2016, com a inauguração de três escritórios: no Rio de Janeiro, no Brasil; na Cidade do México, no México; e em Bogotá, na Colômbia. 

“Apesar de termos uma organização muito antiga no Haiti [Fondasyon Konesans ak Libéte (FOKAL)], a América Latina era a única região que não contava com escritórios locais. Nós já tínhamos um financiamento importante na região, então começamos a olhar para o fato de que, no mundo todo, a Open Society funciona a partir da sua experiência local, com funcionários e conselheiros locais, tomando decisões localmente. Por isso, não fazia sentido que só na América Latina não fosse assim”, explica Pedro Abramovay, diretor do Programa da América Latina da Open Society Foundations. 

Segundo ele, a abertura dos escritórios permitiu não só uma ampliação de orçamento para a região, mas também a interiorização da incidência da organização. “Atualmente, financiamos ações em várias cidades do Brasil. Essa presença nos permitiu não só atuar para além das capitais, mas também entrar nas favelas e periferias e ter esse olhar mais local. Tudo isso foi possível com o estabelecimento de mais raízes no Brasil.” 

Atuação brasileira

Como parte do Programa da América Latina, a atuação da Open Society no Brasil divide-se majoritariamente em três áreas: segurança pública, democracia e direitos humanos. 

O tema segurança pública é caro à organização. Nesse âmbito, o apoio concedido divide-se em duas frentes: apoio institucional para organizações que atuam com segurança pública e que têm ou não algum tipo de articulação com o governo e apoio a projetos específicos que visam a redução de homicídios no Brasil. “O Brasil pode se orgulhar de ter organizações muito competentes e sólidas atuando na área de segurança pública”, reforça Pedro. 

Além dessas ações que integram a matriz, também acontecem alguns programas temáticos da Open Society em temas como mulheres, direitos humanos, justiça, saúde pública, entre outros. “Nós sempre tentamos trabalhar em conjunto com os programas, que investem no Brasil de acordo com suas perspectivas. No programa das mulheres, por exemplo, apoiamos, junto com outras organizações, o Fundo Baobá, na iniciativa Marielle Franco, que apoia mulheres negras do Brasil. Além disso, o programa também oferece suporte a organizações que abordam gênero e defendem os direitos das mulheres no país”, relata Pedro. 

O tema do combate à corrupção e da relação indevida do dinheiro com a política e outras vertentes é outro que vem recebendo grande atenção por parte da Open Society no Brasil. 

Relevância da cultura local 

Apesar de surgir da atuação filantrópica de uma única pessoa, a Open Society Foundations adapta sua atuação de acordo com o local onde está presente. Isso porque, segundo Pedro, uma das premissas da organização é valorizar o conhecimento regional. “Nós temos escritórios em 43 países. Mas a Open Society não é uma organização que pensa sua atuação a partir da Europa e Estados Unidos. O respeito à sociedade civil e ao conhecimento local estão na nossa história, sempre contamos com esse enraizamento.” 

Dessa forma, o diretor reforça que, no caso específico do Brasil, o papel da instituição global é identificar as organizações brasileiras que, construídas pela população local, determinam uma agenda de atuação no território. “Temos um processo de acreditar na importância da sociedade civil brasileira para construir uma democracia melhor no país. Nunca está na nossa agenda trazer ideias, agendas, discussões ou visões externas para serem impostas por aqui”. 

Associação ao GIFE 

Com uma estratégia voltada predominantemente ao grantmaking, a Open Society Foundations é considerada um dos maiores empreendimentos filantrópicos do mundo. “O estabelecimento de um escritório com diretor, conselheiros e equipe brasileira faz nos sentirmos parte da filantropia brasileira e, nesse sentido, não há espaço melhor para estar do que no GIFE, que nos dá a possibilidade de troca, interação e debate de desafios e oportunidades da filantropia no Brasil como nenhuma outra organização.”


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