Combate às desigualdades, justiça climática e descentralização de recursos: as tendências em impacto social

Por: GIFE| Notícias| 04/09/2023

Crédito: Divulgação Latimpacto

Líderes e atores do ecossistema de investimento social de impacto de toda a América Latina se reuniram entre os dias 28 e 30 de agosto para a Conferência Latimpacto: Impact Minds Standing Together, no Rio de Janeiro (RJ). A rede reúne cerca de 200 investidores que fornecem capital humano, intelectual e financeiro no continente. Inspirada em suas redes irmãs na Europa, Ásia e África, o objetivo é trocar conhecimentos e experiências, além de promover propostas e alianças inovadoras para atrair mais capital para a América Latina e o Caribe. 

Para Greta Salvi, diretora do Brasil da Latimpacto, os países do território latino-americano têm desafios sociais e ambientais muito parecidos, o que os conecta. Além disso, a região abriga a Amazônia, maior floresta tropical do mundo.

Apesar dos desafios, a diretora acredita que também é uma região cheia de oportunidades. Assim, a Conferência conecta investidores e financiadores em espaços de troca de experiências e aprendizado do que deu certo ou não, e quais soluções estão sendo propostas para esses diferentes problemas. 

“A questão é como articular esses membros para que possam coinvestir e pensar em parcerias. Entra muito em quais são as melhores abordagens de financiamento. Desde filantropia até o investimento de impacto, venture philanthropy, capital catalítico, todos esses temas a gente tem trabalhado”, explica. 

Gustavo Bernardino, gerente de programas no GIFE, destaca a criatividade para mobilização de recursos como pano de fundo das discussões da Latimpacto esse ano. “Tem uma discussão no campo dos investimentos de impacto de que o capital filantrópico apesar de vultoso, também é limitado para todas as transformações que desejamos. Portanto, ser criativos quanto a novas formas de mobilizar recursos para o bem público é bem-vindo.”

Os temas estratégicos

Entre os principais temas abordados, estão educação; impacto corporativo e ESG; apoio não financeiro; medição de impacto; finanças inovadoras; migração; Amazônia; colaboração em rede; contínuo de capital; venture philantrophy e investimento de impacto.

De acordo com Greta Salvi, todas essas discussões foram atravessadas pelos “principais desafios, não só da região, mas do mundo hoje”: as mudanças climáticas e a desigualdade social, especialmente para as populações negra e indígena. 

“Acho que a América Latina ainda não entendeu a questão racial. Mas no Brasil temos boas experiências, aproveitamos esse espaço para influenciar os outros países. Como a Colômbia, que tem uma porcentagem importante da população negra, mas o investimento social privado não está olhando para isso”. O investimento social brasileiro, segundo a diretora, é mais desenvolvido, inovador e aquecido do que nos outros países. Vale destacar que 50% dos participantes do evento eram brasileiros.

A necessidade de maior descentralização de recursos, em uma perspectiva decolonial, também apareceu com relevância no debate. Assim, o chamado blendend finance também foi uma das grandes tendências apontadas. 

“A necessidade de fazer o dinheiro chegar na ponta, na mão das comunidades negras, indígenas, provocar um senso de urgência e de agir. Fazer isso de forma colaborativa também tem aparecido muito”, aponta Greta Salvi. 

Os fundos filantrópicos também apareceram como uma tendência que merece a atenção dos investidores. Gustavo Bernardino lembra que, durante as discussões, ficou aparente que há muito recurso disponível ainda em busca de destinação, e que o campo filantrópico pode ser o ator com quem esse recurso se associa para a promoção do bem comum.

“Ganha força a questão dos fundos filantrópicos, que não é novo no Brasil mas vem ganhando relevo nos últimos anos, principalmente os temáticos. Eles podem ser um ator possível a se parceirizar para alavancagem desses recursos à promoção do bem público.”

Do dia 31 de agosto até 02 de setembro foram promovidas ainda viagens de campo opcionais para a Amazônia, Fortaleza (CE), Ilhéus/Serra Grande (BA), como uma oportunidade aos participantes da Conferência de se aproximarem da realidade de outras regiões do Brasil.

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