Como a filantropia e investimento social podem transformar comunidades

Por: GIFE| Notícias| 13/02/2023

A Rede Comuá acaba de concluir os primeiros resultados de pesquisa que mostra como o Investimento Social Privado (ISP) pode contribuir para transformar comunidades: Como o ISP pode fortalecer a filantropia comunitária?”. O estudo é realizado em parceria com o GIFE.

Participam da primeira edição do levantamento, fundações e institutos empresariais, familiares e independentes, em diferentes regiões do país. O objetivo do estudo é consolidar um diagnóstico atualizado sobre as oportunidades e os desafios enfrentados por investidores no fomento à filantropia comunitária.

Planejado para ser concluído no primeiro semestre de 2023, o levantamento está estruturado em cinco etapas: análise de dados disponíveis sobre filantropia comunitária; escuta de atores-chave; aprofundamento de diagnóstico sobre o segmento; cocriação de uma agenda de fortalecimento da filantropia comunitária; e publicação dos resultados. Em 2022, foram realizadas as três fases iniciais do estudo.

“Os primeiros resultados mostram que há níveis distintos de familiaridade em relação às práticas da filantropia comunitária. Em algumas entrevistas, conceitos como ‘filantropia colaborativa’ e ‘cultura de doação’ foram associados à filantropia comunitária”, explica Graciela Hopstein, diretora executiva da Rede Comuá.

As organizações consultadas responderam a questões sobre referencial e compreensão do conceito de filantropia comunitária; alinhamento entre a atuação delas e os atributos relacionados à prática da filantropia comunitária; e dificultadores para a implementação da filantropia comunitária no contexto do ISP.

“Os achados deste estudo inédito certamente contribuirão para o fortalecimento da filantropia comunitária no Brasil”, analisa Cassio França, secretário geral do GIFE. Esta é uma estratégia que se mostrou extremamente efetiva durante a pandemia da Covid-19, por exemplo, e que tem um vasto campo para crescimento no país. “Para isso, é fundamental a valorização do papel das comunidades, de suas lideranças e de seus ativos na promoção de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável daquele determinado território, em real conformidade às necessidades e potencialidades da população local”, acrescenta França.

Como pontua Graciela Hosptein, filantropia comunitária é um conceito “em constante construção” e que apresenta características específicas de acordo com os diferentes contextos e cenários. “Trata-se de uma forma de fazer filantropia ligada a ouvir as bases, baseada em um reconhecimento dos poderes e dos ativos que as comunidades já têm”, afirma. “A partir desta visão, os financiadores se convertem em parceiros das comunidades.”

Os achados

Para a realização do estudo, foram sistematizados dez atributos que usualmente são associados à filantropia comunitária. “Valorização de ativos” foi o mais destacado. 

Na terceira etapa do levantamento [“aprofundamento de diagnóstico sobre o segmento”], foram reunidos 47 participantes ligados ao ISP, à sociedade civil e à filantropia independente. Entre os fatores atribuídos como dificultadores para a prática da filantropia comunitária, pode se destacar “distância e desconhecimento dos financiadores da lógica/prática da filantropia comunitária” e “pouco desenvolvimento da cultura de trabalho em parceria entre financiadores e organizações vinculadas ao território/comunidade”.

“O ISP pode e deve se aproximar das organizações que já atuam no campo da filantropia comunitária, garantindo que essa parceria possa elencar estratégias interessantes, como a capilarização de mais recursos”, analisa Graciela Hopstein. 

“Filantropia comunitária é muito mais um modo de fazer com base nas origens e na governança dos recursos”, enfatiza Cassio França. “A premissa é que a comunidade — do cidadão ao empresário — se torne responsável e participe do seu próprio desenvolvimento, tanto no aporte de recursos quanto na tomada de decisões”, completa o secretário geral do GIFE. 

Na última quinta-feira, 09 de fevereiro de 2023, aconteceu a última etapa de coleta de dados do estudo em oficina realizada de forma presencial com 17 lideranças do investimento social e das filantropias para formular uma agenda inicial de iniciativas para o fortalecimento da filantropia comunitária no Brasil em 2023.


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