Concentração de recursos e investimentos sociais no Sudeste desvaloriza atuação em outras regiões do país

Por: GIFE| Notícias| 14/08/2023

Brasília - Alunos de Taguatinga participam de atividades. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Centro-Oeste, bem como outras regiões do país, sofre com um processo de desequilíbrio nos investimentos sociais em comparação com o Sudeste, cuja concentração de iniciativas da filantropia é um padrão possível de ser observado em todas as edições do Censo GIFE. No levantamento de 2020, esta concentração não só se repetiu, como mostrou que, em todos os outros estados, houve manutenção ou crescimento do número de iniciativas, com única exceção de Goiás.

Aletéa Rufino é gerente de investimento social da Fundação André e Lucia Maggi (FALM), que atua no Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Para ela, a concentração de projetos no Sudeste provoca desigualdades regionais, desequilíbrios sociais e econômicos. “Ao concentrar a maioria dos investimentos sociais em uma área específica outras regiões, como o Centro-Oeste, podem ser deixadas de lado, privadas de recursos e oportunidades de desenvolvimento.” 

A gerente acredita que a concentração dos grandes investidores no Sudeste provoca uma percepção que restringe o olhar  para as desigualdades existentes apenas na região . No entanto, de acordo com cálculo do IBGE, a desigualdade dentro da região Sudeste contribui com 64,9% de toda a desigualdade do Brasil.

“Se fizermos um recorte no contexto de Mato Grosso, estamos em uma região que alcançou um notável estado de pleno emprego. Mas, que apresenta altos índices de violência direcionada à comunidade LGBTQIAP+; contra a mulher; qualificação de pessoas em vulnerabilidade socioeconômica”, observa.

Além disso, Aletéa Rufino avalia que a concentração de iniciativas em uma única região limita a diversidade de abordagens e soluções para os problemas sociais. 

Desafios para fortalecer a sociedade civil no Centro-Oeste

Embora ressalte que a estruturação da sociedade civil no Centro-Oeste é diferente em cada estado, Aletéa Rufino destaca alguns dos principais desafios da região: 

– Dependências de recursos externos;

– Baixa Capacitação e fortalecimento institucional;

– Articulação e networking;

Os desafios comuns são importantes para traçar um cenário, mas é fundamental também analisar as particularidades e desafios de cada estado centro-oestino. Para isso, é preciso “compreender as dinâmicas sociais, econômicas e culturais de cada um e promover uma abordagem adaptada a essas realidades.”

No Mato Grosso, a Rede de Investidores Sociais-MT busca ampliar o impacto e os resultados nas ações filantrópicas e de investimento social no estado, por meio de ações coletivas. Além disso, a FALM tem desenvolvido ações pensadas no fortalecimento da sociedade civil nas regiões em que atua. A Fundação abriu um Edital para selecionar até 40 OSCs, Movimentos Sociais e Coletivos e fortalecer suas capacidades institucionais.

“Adotar a descentralização de recursos como parte fundamental de nossa cultura organizacional contribui para uma distribuição mais justa e eficiente dos recursos, além de promover um impacto mais significativo e sustentável em longo prazo”, finaliza Aletéa Rufino.

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