Construção de lideranças políticas jovens é um desafio que esbarra na pouca abertura dos grupos tradicionais e na legislação  

Por: GIFE| Notícias| 18/07/2022
juventudes - eleição

Entre as condições de elegibilidade estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está o critério da idade. Para Samara Maria de Souza, jovem engajada na mobilização para participação social de jovens, esse requisito é o primeiro impeditivo para atingir essa participação. Os únicos cargos que admitem jovens são os de deputados, prefeitos e vices (21 anos) e vereador (18 anos). Mas, esse não é o único obstáculo. “Dificilmente os jovens são levados a sério em espaços decisórios, o que contribui para que eles se achem incapazes de se candidatar.”

Em fevereiro, o TSE registrou o menor número de adolescentes com título de eleitor da história. Houve uma forte campanha de incentivo para que esse público solicitasse o documento, o que resultou em um crescimento de 58,7% de novos eleitores de 16 e 17 anos. No entanto, o número de adolescentes aptos a irem às urnas em outubro permanece menor do que o verificado nas últimas duas eleições.

“É preciso entender que as juventudes são muito diversas, então as perspectivas de determinados jovens sobre a democracia são diferentes”, afirma Samara.

O movimento de incentivo à solicitação do título, enviou para a sociedade o recado de que as juventudes começam a entender a política como um caminho para respostas às demandas atuais, defende Marcelo Bentes, coordenador de relações institucionais da Fundação Roberto Marinho.

“Furar a bolha”

Para Marcelo Bentes, o cenário ainda é fruto da Ditadura Militar, quando as juventudes ficaram à margem do processo político. O coordenador acredita que é necessário construir e consolidar lideranças jovens que sejam capazes de “furar a bolha” dos grupos tradicionais. “Desde a reabertura convivemos com os mesmos nomes. Mesmo os novos nomes, salvo exceções, são ligados às mesmas famílias e grupos que ocupam o cenário político, em alguns casos, há mais de um século.”

A falta da renovação de atores, alerta, pode sufocar o pleito por novas causas e atrasar o debate político sobre temas atuais e relevantes. Daí a importância do fortalecimento das jovens lideranças e investimento em sua formação e conexão com outras, ampliando o alcance de suas causas.

Para pensar acerca do assunto e do papel do Investimento Social Privado (ISP) no campo, a Rede Temática de Juventudes do GIFE realizou no início do mês uma reunião especificamente sobre o tema. 

“Sabemos que as juventudes têm se mobilizado, mas precisam de apoio para continuar realizando iniciativas pela participação social”, explica Mariana Resegue, Secretária Executiva da Em Movimento e integrante do RT. Além disso, foi discutida a necessidade da construção de uma agenda fortalecida e unificada, “para que possamos todos guiar as atuações e cobrar sobre as mesmas agendas.” 


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