Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha: luta por uma sociedade mais equânime e acesso aos espaços de poder

Por: GIFE| Notícias| 25/07/2022
Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

No Brasil, mulheres negras recebem 57% menos que homens brancos, 42% menos do que mulheres brancas e 14% a menos do que homens negros, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A relação entre o racismo e a discriminação de gênero coloca as mulheres negras em posição de desvantagem no acesso a bens, serviços e direitos.

Por isso, além da equidade racial, também é necessário pensar na igualdade de gênero, proposta trazida por datas como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Celebrado no dia 25 de julho, tem como objetivo promover o debate acerca das desigualdades, violências, identidades e cultura das mulheres negras. No Brasil, a data também marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Fazendo alusão a estas datas, o Odara – Instituto da Mulher Negra, criou em 2013, o Julho das Pretas, uma ação voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade. Para Valdecir Nascimento, coordenadora de Articulação e Mobilização de Recursos e fundadora do Odara, é necessário que mulheres negras acessem espaços de tomada de decisões.

“A importância de termos mulheres negras em espaço de poder se deve a necessidade de diversificar o olhar sobre a sociedade brasileira. Para poder assumir e construir narrativas de que nós éramos riquezas e portanto precisamos ser beneficiárias dessas riquezas”, afirma Valdecir Nascimento.

Mulheres negras sabem o caminho para uma nação mais justa e igualitária

Também historiadora, Valdecir Nascimento afirma que o cenário atual é difícil, lembrando dos retrocessos como o aumento da fome, desemprego e perda de direitos. No entanto, ela lembra que em se tratando de nós negros e negras sempre experimentamos cenários difíceis. “É nesse cenário que nós encontramos a oportunidade, como nunca, de revelar a violência, a hostilidade e a gravidade do que é viver em um estado tão racista como no Brasil.”

A fundadora do Instituto Odara afirma que as mulheres negras, através dos movimentos e ações que vem desempenhando na busca por uma nação mais igualitária, acharam caminhos para diversas problemáticas. 

“Soluções para diversos problemas da sociedade brasileira, no que diz respeito a população negra, nós temos. Nós temos solução e precisamos ser escutadas. Temos estratégias, proposições, metas, acompanhamento, monitoramento, avaliação, no entanto os gestores continuam querendo nos manter no mesmo lugar”, completa Valdecir Nascimento.

Foto: Edson Holanda/PCR


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