Edital Alimentação + Nutrição quer reunir projetos de melhoria da nutrição brasileira

Por: GIFE| Editais| 13/11/2017

Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a obesidade como um dos maiores problemas em termos de saúde pública no mundo, o Ministério da Saúde afirma que uma em cada cinco pessoas no Brasil está acima do peso. Com o objetivo de melhorar o estado nutricional dos brasileiros e direcionar a atenção para os desafios enfrentados no campo da alimentação e nutrição no país, o Movimento Coletivo, plataforma de investimento social da Coca-Cola Brasil, lança o edital Alimentação + Nutrição.

Segundo Andrea Mota, diretora de categorias da Coca-Cola Brasil, a ideia de realizar uma chamada pública de projetos sobre alimentação e nutrição surgiu a partir de conversas com pessoas que já atuam nessa área. “Descobrimos que havia uma oportunidade de fortalecer este campo que, embora extremamente importante, ainda carece de um financiamento e apoio”, explica.

Andrea defende que os debates com atores e empreendedores iluminaram o assunto sobre como a indústria e a iniciativa privada vinham atuando em questões relacionadas à alimentação. O Movimento Coletivo, então, decidiu empenhar recursos financeiros para identificar e apoiar iniciativas de educação nutricional ao invés de focar em iniciativas mais pontuais, como congressos ou eventos, por exemplo.

Categorias

Os projetos que serão aceitos pelo edital podem estar dentro de três temáticas. São elas: “Educação e conscientização nutricional”, “Acesso à informação” e “Acesso a alimentos saudáveis”. A escolha dessas categorias deve-se ao fato do Movimento Coletivo acreditar que fatores relacionados ao contexto que a pessoa está inserida, como a prática de atividade física e o acesso a alimentos saudáveis e suas condições de preparo, assim como o ambiente em que se vive e a consciência da pessoa, interferem no desenvolvimento ou não de hábitos saudáveis.

“A obesidade é um problema sério e extremamente complexo. Eu acredito que felizmente estamos começando a quebrar a visão simplista de achar que ‘o problema é um só, que sedentarismo se revolve se mexendo melhor ou com novas formas de alimentação’. Nós sabemos que a obesidade é multifatorial e que não vai ter uma única solução. Mas acreditamos demais na questão da educação”, afirma Andrea.

Nesse sentido, ela ressalta também a necessidade de ter empatia para entender qual é a realidade enfrentada pelas famílias brasileiras. “Não adianta nada fazer programas de gastronomia para ensinar mulheres a fazer alimentos frescos quando a realidade dela é passar quatro horas do dia dentro do ônibus, chegar em casa 10 horas da noite e no dia seguinte ter que acordar cedo e ainda cozinhar”.

Sendo assim, na temática “Educação e conscientização nutricional”, podem se inscrever ações com crianças, jovens, adultos ou idosos, que promovam e incentivem escolhas alimentares de qualidade a partir da realização de um trabalho educacional, objetivando uma transformação a longo prazo. Já em “Acesso à informação”, podem participar propostas que promovam a transformação do campo da alimentação e nutrição a partir da ampliação do acesso à informação, conhecimentos e saberes corretos, visando a quebra de mitos.

Na terceira categoria, “Acesso a alimentos saudáveis”, serão aceitas ações que trabalhem para aumentar o acesso a alimentos saudáveis e sustentáveis (in natura ou minimamente processados), por exemplo, a partir de ações que facilitem e/ou ampliem o acesso e a distribuição ou reduzam o desperdício de alimentos disponíveis em regiões onde há escassez de produção e comercialização.

Critérios de seleção

Podem participar da chamada de projetos alianças e coalizões intra/intersetoriais, coletivos, movimentos sociais e redes (formalizados ou não); grupos de pesquisa ligados a universidades (públicas ou privadas), organizações sociais e centros de estudos (com aplicação em campo); negócios de impacto, startups, cooperativas e empreendimentos sociais em geral e organizações da sociedade civil (OSC). Todos os proponentes devem ser residentes e domiciliados no Brasil.

O grande leque de atores que serão aceitos no edital deve-se ao fato de que o Movimento Coletivo está buscando uma união de esforços de diferentes setores, como governo, iniciativa privada, academia e sociedade civil. Segundo Andrea, diferentes ações podem produzir um impacto positivo. A indústria, por exemplo, pode oferecer produtos com porções menores, rótulos com informações claras e acessíveis para todo tido de público, assim como alimentos com menos açúcar e gordura. Entretanto, ela ressalta que é necessário pensar em uma abordagem maior, uma vez que a questão envolve educação, mudança de hábitos e de paladar. “Nesse ponto, eu acho que é possível uma parceria com a academia, para que aqueles que estudam o comportamento das pessoas entrem com conhecimento para ajudar”.

As políticas públicas também devem participar do debate, considerando a necessidade de pensar em saúde e mobilidade urbana. “Hoje o cidadão urbano pouco se locomove. É preciso pensar na cidade em que nós vivemos. Há também a questão do crescimento de obesidade entre crianças. As crianças estão em casa, principalmente em áreas de mais violência. Então é um tema muito maior do que só ‘o que se come’. Por isso gostamos muito do conceito de impacto coletivo”.

As iniciativas desenvolvidas serão selecionadas de acordo com alguns critérios de concepção e critérios técnicos. Nos critérios de concepção, a ideia do Movimento Coletivo é estabelecer uma relação de proximidade com as ações a serem financiadas. Por isso, serão aceitas propostas que estejam abertas ao diálogo, à parcerias e experimentação e que proponham uma abordagem colaborativa. Ainda, ações que promovam a equidade de gênero e racial, a valorização de alimentos e saberes das comunidades tradicionais, além da diversidade regional, institucional e temática serão priorizadas na seleção.

Já os critérios técnicos são: potencial de impacto positivo (se a iniciativa apresenta soluções relevantes, inovadoras e efetivas no campo da alimentação e nutrição); viabilidade (se a iniciativa é viável e conversa com o tempo de execução e o orçamento disponível, além de seu histórico, conhecimento e capacidade da equipe de realizar a proposta); e modelo operacional (serão priorizados inscrições coletivas, em rede e multissetoriais, com abertura ao diálogo e colaboração).

Serão selecionados até dez projetos, que receberão financiamentos de R$ 150 mil até R$ 500 mil, totalizando R$ 1,5 milhão disponível para o edital. O prazo de execução das propostas é de no máximo um ano.

Inscrições

Organizações que respondem positivamente aos critérios de seleção podem enviar seus projetos até o dia 17 de novembro neste link.

Para participar, é necessário responder as cinco perguntas. Nessa primeira etapa, não será necessário o envio de documentação comprobatória. O Movimento Coletivo fornece algumas dicas para responder às perguntas, como: escrita de forma clara, objetiva e concisa para ampliar as chances de seleção; ressaltar o diferencial e a proposta única de valor da solução dentro do contexto que ela está inserida, entre outras.

A lista de propostas selecionadas para a segunda fase de seleção será divulgada a partir do dia 11 de dezembro. Já a lista final com os projetos que serão financiados será disponibilizada em março de 2018. O regulamento com informações detalhadas sobre o edital está disponível na íntegra no site.

Em caso de eventuais dúvidas, é possível encaminhar um email para o endereço: [email protected].


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