De acordo com levantamento da Great Place To Work realizado em 2022, apenas 8% das lideranças de empresas são LGBTQIA+. As pessoas trans travam uma luta ainda maior, já que segundo a 5º Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior, publicada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2019, essa população representa apenas 0,2% desses estudantes.
Nos índices de violência, os números se invertem.
Há 14 anos, o Brasil lidera o ranking mundial de crimes de ódio contra a população LGBTQIA+.
É nesse contexto que o governo federal retomou o Conselho Nacional dos Direitos LGBTQIA+ (CNLGBTQIA+), extinto em 2019.
Para Daniel Kehl, co-diretor da TODXS, a iniciativa é importante para aprofundar as discussões de forma sistemática. “Acreditamos em algumas frentes de trabalho, como a proteção legal e igualdade de direitos; promoção da saúde e bem-estar entre a comunidade; e inclusão social e econômica.”
Keila Simpson é presidenta da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), e observa a retomada do Conselho como um sinal de preocupação da atual gestão federal. Para ela, o primeiro passo é uma Conferência Nacional. “Só nas conferências é possível sentir os impactos da falta de políticas e propor diretrizes para que sejam executadas.”
Com o trabalho do Vale PCD, Priscila Siqueira ganhou experiência com conselhos: a organização compõe o Conselho Municipal LGBT de Recife. Ela avalia positivamente os nomes que integram o CNLGBTQIA+, mas sentiu falta da representação PCD. “Por isso é necessário conversar com outros conselhos, e entender todas as dores que cercam a sigla.”
Heliana Hemetério integra a Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras Feministas (Candaces), e recentemente passou a integrar o Conselho Nacional de Saúde. Para ela, a participação da população LGBTQIA+ nestes espaços é importante, mas é preciso sempre apontar os marcadores sociais. “A sociedade continua com seu grande projeto: o pacto da branquitude e da heteronormatividade.”
Para Gustavo Narciso, diretor do Instituto C&A, o Conselho terá muito trabalho pela frente. “Ao olhar para a interseccionalidade encontramos nas pessoas transgênero negras e indígenas as necessidades mais urgentes e espero que a partir daí as prioridades sejam definidas”. O Instituto desenvolve ações na moda voltadas para população LGBTQIA+.