Mais de 600 pessoas estiveram reunidas no V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, promovido em São Paulo, no dia 06 de outubro, pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) em parceria com o Global Philanthropy Forum (GPF). O objetivo foi reunir especialistas, gestores e profissionais da área a fim de fortalecer a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira.

Jane Wales, CEO do Global Philanthropy Forum, abriu o evento ressaltando que Brasil e Estados Unidos têm enormes desafios frente às crises, mas que juntos estão aptos a enfrentar essa tarefa. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, completou a fala destacando que o debate sobre as possíveis soluções deve ser ressaltado e as iniciativas individuais são fundamentais para promover a transformação do país e do mundo.

Em seguida, Eduardo Giannetti da Fonseca, economista e escritor, fez a plenária de abertura do Fórum, discorrendo sobre “As fronteiras do capitalismo”. “A filantropia é a disposição benevolente em relação à humanidade para construir um mundo melhor. Estamos aqui para pensar e ajudar a diminuir a distância entre o mundo ideal e o mundo real”, disse.

Giannetti ressaltou que o padrão atual de vida no mundo tem se mostrado insustentável e é preciso de forma urgente, portanto, modificar o sistema capitalista. O economista fez um paralelo levando os presentes a pensarem sobre situações que eram aceitáveis há 50 anos –  como o fato das mulheres não votarem ou existir a escravidão -, mas, que hoje não são admissíveis: “E como será daqui a 50 anos? Que coisas que naturalizamos hoje e não serão admitidas no futuro? Precisamos refletir sobre isso para promovermos mudanças”, enfatizou.

Doações

Elie Horn, fundador da Cyrela, ao lado de sua esposa Suzy Horn, anunciou durante o Fórum que irá liderar no país um movimento para que mais brasileiros façam parte do movimento The Giving Pledge, programa criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett com a finalidade de reunir bilionários dispostos a doar metade de suas fortunas ao longo da vida para investir em causas sociais. Horn, ao lado de sua esposa Suzy, é o primeiro brasileiro a aderir à iniciativa.

O fundador da Cyrela quer incentivar os brasileiros a doarem pelo menos 20% dos seus bens em vida para causas de interesse público. O movimento visa ampliar a cultura de doação no país e aumentar o volume de recursos disponíveis. Porém, terá de enfrentar ainda uma série de desafios, pois o sistema tributário brasileiro dificulta os processos.

Hoje, por exemplo, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) é aplicado sobre a transmissão das heranças e doações de bens ou direitos a pessoas ou organizações. Atualmente, o ITCMD não distingue as doações de interesse público das doações de interesse privado.

Elie Horn e Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, anunciaram também uma grande campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. O bilionário irá doar R$20 milhões nos próximos dez anos em prol do projeto.

Discussões

O Fórum contou também com a presença de Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, que falou sobre o papel da filantropia na agenda social do governo, além de diversas sessões paralelas a respeito dos novos modelos de negócios com impacto socioambiental positivo, a relação da cadeia de valor com o investimento social, além da apresentação de cases de empreendedorismo social inovadores.

Na sessão “Mecanismos financeiros para o desenvolvimento socioambiental e cultural”, por exemplo, os convidados Luciane Fernandes Gorgulho, chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, Ricardo Levisky, fundador e presidente da Levisky Negócios & Cultura, Sérgio Lazzarini, professor de Administração do Insper, destacaram que as instituições precisam ter áreas específicas para pensar no próprio desenvolvimento sempre com uma visão de longo prazo.

Já Iara Rolnik, gerente de Conhecimento do GIFE, em almoço temático, apresentou aos convidados os “Indicadores GIFE de Governança”, instrumento que permite a associações e fundações avaliar por si mesmas o grau de desenvolvimento de sua governança tendo como referência as linhas gerais estabelecidas pelo Guia das melhores práticas de governança para institutos e fundações empresariais, elaborado pelo GIFE e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Para fechar o Fórum, o evento levou os participantes a refletirem sobre o espírito olímpico e a responsabilidade individual. Ana Moser, fundadora do Instituto Esporte & Educação, disse que as ações sociais e o esporte devem trazer oportunidades em escala para a juventude no país.

(*) Com informações do IDIS