Fundos patrimoniais: investimento que gera impacto além dos muros da universidade

Por: GIFE| Notícias| 20/06/2022
Fundos Patrimoniais nas Universidades

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Criado em 2011, o Amigos da Poli é o fundo patrimonial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e neste ano vai investir R$1,3 milhão na entidade. O fundo acumula atualmente R$ 41 milhões de patrimônio. 

Regulamentada através da Lei nº. 13.800 de 2019, a prática de criar fundos patrimoniais, também conhecidos como endowments, teve início bem antes disso, de forma que a lei responde a um movimento que já acontecia no país. O objetivo é contribuir para a sustentabilidade de longo prazo de organizações sem fins lucrativos e, como no caso da Amigos da Poli, universidades. 

Para onde vão os recursos

Os recursos doados são alocados em aplicações financeiras, e apenas os rendimentos são utilizados. “Fazemos o cálculo do valor que vai ser investido, e anualmente apenas os rendimentos devem ser retirados do patrimônio”, explica Tiago Ziruolo, diretor presidente do Amigos da Poli.  

A associação criou um edital de projetos, onde recebe ideias da própria comunidade universitária para os investimentos. Os projetos são focados na melhoria de ensino através de novas metodologias, infraestrutura de laboratórios e criação de disciplinas.

Com a pandemia de Covid-19, a Amigos da Poli promoveu um edital emergencial de combate ao vírus. “A gente ajuda a Politécnica a destravar esse potencial de impactar a sociedade, que é um dos grandes propósitos da universidade pública”, reflete o diretor. 

Principais desafios

Thiago Ziruolo afirma que é importante considerar que endowments jovens crescem o seu patrimônio muito mais através de captação do que com rendimentos financeiros. “Levamos em consideração não só os rendimentos, mas o patrimônio que atingimos naquele ano e o quanto investimos na instituição no ano anterior.”

Neste sentido, os Estados Unidos são frequentemente citados como modelo bem-sucedido. O diretor ressalta, no entanto, que os modelos americanos funcionam como inspiração, mas não são passíveis de comparação, já que o país carrega mais de 100 anos de operação na área. 

Para ele, a principal dificuldade dos fundos patrimoniais brasileiros está no campo das doações. “Trabalhamos para convencer as pessoas de que não se trata de doação, mas de investir no futuro da instituição e no impacto que ela gera para sociedade.”

Neste sentido, o Investimento Social Privado (ISP) é fundamental. Com o intuito de apoiar a criação de endowments no Brasil, a SITAWI Finanças do Bem apoia a Organização Gestora de Fundos Patrimoniais (OGFP) chamada Endowments do Brasil. A iniciativa gerencia o aporte de recursos, em busca de rendimento financeiro sólido de longo prazo para as instituições apoiadas. Já em março deste ano foi lançado o Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil, realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), e Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, com apoio do GIFE. A publicação localizou 52 endowments no país, que alocam um patrimônio total de mais de R$ 78 bilhões. Entre eles, fundos patrimoniais de universidades. 

Leia também: Captação e rentabilidade: desafios institucionais na gestão de fundos patrimoniais no Brasil


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