GIFE apresenta plano de trabalho e ações previstas para os próximos anos

Por: GIFE| Notícias| 20/02/2017

Foto: Thais Rodrigues

Uma agenda intensa de trabalho e com muitas novidades para o campo do investimento social privado (ISP). Essa é a marca do planejamento preparado pelo GIFE para 2017 e compartilhado com todos os associados em um encontro promovido no dia 15 de fevereiro, em São Paulo.

“A postura adotada pelo GIFE em apresentar e validar seu plano de ação com a rede, adotada a partir de 2014, tem sido muito relevante, tendo em vista a possibilidade de criar um momento de escuta ativa e qualificada e de troca intensa entre a equipe do GIFE e os associados”, disse Beatriz Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Governança, na abertura do encontro.

Andre Degenszajn, secretário-geral do GIFE, destacou que o plano de 2017 foi estruturado a partir do planejamento estratégico desenhado pelo GIFE para cinco anos (Visão 2020) e se constrói tendo como base uma leitura do cenário atual de investimento social no Brasil, que traz alguns apontamentos e questões essenciais para as ações do campo.

O primeiro elemento é o contexto de crise econômica pelo qual o país passa e que tem efeito direto no ISP, tanto na recomposição da relação do investimento social ao negócio, como no movimento de co-investimento, ou seja, o fortalecimento de parceiras, a fim de trazer mais relevância para as ações e otimizar recursos.

Outro movimento que vem se intensificando é o adensamento do ISP com as políticas públicas. A lógica de atuação por projetos pilotos e experiências locais dá espaço para articulação e incidência cada vez maior de institutos e fundações em políticas públicas. Porém, se por um lado esse movimento tem gerado um potencial grande de trabalho, por outro há um olhar mais crítico da sociedade frente à atuação dos investidores sociais, exigindo mecanismos e processos mais transparentes para garantir o sentido público do investimento social privado.

O contexto atual traz também novas demandas para as organizações da sociedade civil (OSCs) e, com isso, a construção de uma agenda regulatória que melhore o ambiente de atuação se torna cada vez mais relevante.

Ainda avaliando o cenário atual do ISP, o secretário-geral do GIFE destacou a demanda crescente e a expectativa para que os investidores estejam mais abertos a ouvir e atender às questões colocadas pelos diversos grupos da sociedade civil na sua atuação pública. E, por fim, o movimento de aproximação de arranjos com fins lucrativos e não lucrativos, ou seja, o campo de investimento de impacto social, tem apresentado um novo conjunto de instrumentos para aplicar em mudanças sociais.

Todas essas questões orientam e inspiram as ações do GIFE para os próximos anos, a fim de qualificar e fortalecer o ISP no país.

Parceria inovadora

Para o ano de 2017, a principal novidade apresentada aos associados é o novo projeto que o GIFE começa a implementar em parceria com o Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada (CPJA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a partir do apoio financeiro conquistado junto à União Europeia. (clique aqui e leia matéria completa sobre o projeto).

Nos próximos três anos, as organizações irão se unir para desenvolver uma série de iniciativas visando o fortalecimento da capacidade institucional da sociedade civil por meio de alterações normativas e regulatórias que ampliem as condições para a sua sustentabilidade política e econômica. O norte principal do projeto é a produção e a geração do conhecimento qualificado a respeito deste tema, a fim de subsidiar as ações de advocacy.

Mariana Levy, gerente de Advocacy do GIFE, ressaltou que o tema da Sustentabilidade das OSCs foi escolhido pelo GIFE em 2016 para iniciar uma série de discussões e, portanto, o novo projeto atuará sobre as quatro agendas estabelecidas como prioritárias neste momento a fim de criar um ambiente regulatório mais saudável para a atuação das organizações no país. Todas as ações serão articuladas nas quatro frentes de atuação do GIFE: Advocacy, Conhecimento, Comunicação e Articulação.

O primeiro ano irá concentrar os esforços na geração de conhecimento, com o lançamento de seis pesquisas a respeito das temáticas. Entre elas estão: pesquisas sobre a Lei 13.019/14 (o Novo Marco Regulatório da Sociedade Civil); duas pesquisas a respeito do ITCMD, uma sobre o cenário regulatório e outra a respeito dos impactos na sustentabilidade financeira da sociedade civil; dois estudos sobre doação de pessoas físicas, sendo um comparação com o cenário internacional e outro a respeito da dimensão sociocultural das doações; e, por fim, uma que irá sistematizar as pesquisas nacionais e internacionais sobre fundos patrimoniais.

O projeto prevê ainda várias ações de comunicação para disseminar este conhecimento, como vídeos, campanhas de sensibilização, boletins legislativos, entre outros. Já a área de Advocacy será responsável por coordenar um mapeamento dos projetos de lei do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas, a fim de que, a partir das análises, seja possível estabelecer posicionamentos públicos do GIFE. Eventos, seminários e fóruns também deverão ser promovidos ao longo dos três anos de projeto.

“Essa iniciativa tem um potencial de expor e colocar o GIFE na interlocução com o poder público, nas três esferas, o que poderá trazer novas oportunidades para as demais agendas do setor nesta relação com as políticas públicas e com questões regulatórias. Acreditamos que será muito relevante para a ação do GIFE enquanto rede, neste espaço de representação do conjunto de associados”, ressaltou Andre.

Fortalecimento dos associados

Para fortalecer a atuação de seus associados, o GIFE planejou diversas iniciativas em seu plano de trabalho de 2017. Já está em andamento, por exemplo, a 4a edição da ‘Pesquisa de Remuneração Total GIFE’, principal estudo sobre práticas e tendências de remuneração e gestão de pessoas no campo social brasileiro. A iniciativa apresenta uma análise exclusiva de salários, benefícios, programas de remuneração em organizações, entre outros dados e pode ser uma ferramenta estratégica de avaliação organizacional e criação de cenários, especialmente em um momento de instabilidade política e econômica.

Marisa Ohashi, gerente de Planejamento e Operações, destaca que a pesquisa deste ano trouxe diversos avanços, como a escuta ativa junto aos participantes das edições anteriores, visando incluir sugestões e novas perspectivas ao estudo, assim como a participação ativa de um grupo de trabalho formado por associados, que esteve envolvido desde n planejamento, formatação e escolha da consultoria responsável. A pesquisa está em fase de inscrições e o lançamento será em junho.

A expectativa do GIFE é que os seus associados se envolvam e se apropriem de diversos espaços fomentados pela organização, como as Redes Temáticas, ambientes de diálogo propostos e coordenados pelos associados, que realizam o aprofundamento de temáticas específicas do investimento social a partir de sua atuação.

Atualmente, estão ativas e com várias ações planejadas para 2017 a Rede de Leitura e Escrita de Qualidade para Todos, a Rede de Garantia de Direitos, a Rede de Negócios de Impacto Social, a Rede Temática de Gestão Institucional e a Rede de Políticas Públicas. Algumas delas – como a Rede de Desenvolvimento Local e Rede de Saúde – estão ainda avaliando a sua continuidade. O Grupo de Comunicação, apesar de não estar formalmente constituído como rede, já prevê para o ano dois encontros, sendo um por semestre.

Outros ambientes que poderão ser amplamente ocupados por seus associados serão os eventos programados, como o “Ciclo de encontros sobre avaliação: antes, durante e depois”, sendo que o próximo já está com data marcada para o dia 21 de fevereiro (clique aqui para participar), assim como o engajamento no Fundo BIS, que começa a operar neste ano. A ideia do Fundo foi lançada na comemoração dos 20 anos do GIFE, e a proposta é que os investidores sociais aportem 1% do seu recurso neste fundo, que irá apoiar projetos que estimulem o ambiente das doações no país.

Geração de conhecimento

Além das pesquisas e estudos previstos pelo projeto apoiado pela União Europeia, o GIFE irá se dedicar a produzir novas iniciativas de geração de conhecimento sobre o setor. A principal iniciativa neste ano será a elaboração do novo Censo GIFE, a principal pesquisa sobre investimento social privado no Brasil. A iniciativa, realizada desde 2001, busca por informação confiável, abrangente e de qualidade sobre quanto e como se investe no Brasil e quem são as empresas, fundações e institutos de origem empresarial, familiar, independente e comunitária, que investem recursos privados em ações de finalidade pública, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade brasileira.

A coleta de dados terá início em abril e, ao longo do ano, vários produtos serão lançados com os resultados, como os relatórios individuais comparativos, a publicação impressa e o Key facts, um resumo das principais informações produzido em parceria com a Foundation Center (EUA).

Iara Rolnik, gerente de Conhecimento do GIFE, enfatiza que diversas questões do Censo estão sendo revisadas a fim de trazer mais qualidade para a pesquisa, assim como incorporar os principais assuntos que estão preocupando o setor. Tendo isso em vista, o estudo irá incorporar questões relacionadas às agendas de advocacy, assim como trazer como foco o tema de negócios de impacto social.

Essas informações, inclusive, servirão de norte para a elaboração do segundo número da Série “Temas do Investimento Social Privado”, que terá como tema “negócios de impacto social”. “Será uma ótima oportunidade para adensar esse assunto, que vem cada vez mais ocupando espaço nas discussões do setor, e criar um senso mais crítico e um olhar aprofundado a respeito”, comentou Iara.

Outro estudo que deve vir para fortalecer ainda mais as ações do setor será uma pesquisa a respeito do universo dos investidores sociais no Brasil. Já as iniciativas lançadas em 2016 pelo GIFE serão também fortalecidas e ganharão novas funcionalidades e melhorias, como o é o caso do Painel GIFE de Transparência, os Indicadores GIFE de Governança e a biblioteca virtual Sinapse.

Na frente de formação, o GIFE concentrará esforços na elaboração de um novo curso de Governança e irá promover um encontro em parceria com o Digital Impact, previsto para setembro, sobre governança de dados na sociedade civil. Terá início também o projeto GIFE Memória, idealizado pela Fundação Iochpe, que pretende resgatar a história da organização a partir da visão das pessoas que passaram pela trajetória do GIFE.

O ano será marcado ainda pelo planejamento da 10ª edição do Congresso GIFE, a ser promovido em 2018. A iniciativa é o principal evento da organização, no qual, durante três dias, investidores sociais, gestores públicos, pesquisadores, consultores e demais interessados em fazer uma reflexão qualificada sobre ISP, se reúnem para debater, discutir e propor ações para o campo do investimento social privado. Em breve, os associados poderão participar também do planejamento, indicando sugestões para as atividades abertas.

Opinião

Durante o encontro, os associados tiveram a oportunidade de compartilhar suas impressões a respeito do plano de trabalho proposto pelo GIFE. Foram apontados diversos aspectos positivos, como o foco em direcionar as ações de Advocacy para questões centrais de atuação do GIFE, assim como as iniciativas – projeto com a União Europeia, pesquisas, Censo etc – que trarão diversos elementos relevantes para o plano estratégico das organizações nos próximos anos.

Entre as sugestões trazidas, está a possibilidade de inserir na agenda de sustentabilidade das OSCs o tema de indicadores, principalmente em iniciativas que fomentem a articulação com políticas públicas, além da organização investir esforços em levar informações qualificadas sobre o ISP a espaços e instâncias governamentais como, por exemplo, a área de financiamento do BNDES.

Para os associados, uma forma de ampliar ainda mais a atuação neste campo poderá ser uma ação mais articulada entre as organizações que representam o setor além do GIFE, como o Ethos e o IDIS, assim como a importância de disseminar o conhecimento gerado para novos espaços.

“Para aumentar o ISP no país precisamos romper as barreiras. É fundamental darmos um passo para além dos associados do GIFE e criarmos uma estratégia de comunicação que contemple o esforço de falar com um conjunto amplo da sociedade”, sugeriu Átila Roque, diretor da Ford Foundation.

Outra ideia apontada pelo grupo é a possibilidade dos próprios associados organizarem mini-encontros para discutir temas comuns e fortalecerem suas ações.

Próximos passos

Duas novas ações irão movimentar o GIFE nas próximas semanas. A primeira delas será o anúncio do novo secretário-geral do GIFE, que irá assumir a direção da organização no lugar de Andre Degenszajn, que esteve à frente deste trabalho nos últimos quatro anos. O processo de transição deverá ocorrer até o final de fevereiro e, a partir de março, o GIFE contará com este novo profissional.

O Conselho de Governança também irá se renovar em 2017 e as eleições estão previstas para maio, durante a assembleia. Para estimular a participação dos associados neste processo, será criado, inclusive, um canal específico para facilitar as candidaturas.

Beatriz Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Governança, destacou que ambos os processos de transição estão sendo realizados de forma gradual e com muita qualidade, a fim de que todo o planejamento possa ser preservado.

“Vejo expresso no plano de trabalho apresentado, assim como na postura adotada neste momento de transição, um salto de qualidade e um grau de amadurecimento do GIFE”, pontou Beatriz Azeredo, diretora de Responsabilidade Social da Globo e conselheira do GIFE.

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