Live da FEAC: pandemia trouxe avanços na atuação da sociedade civil
Por: Fundação FEAC| Notícias| 20/09/2021“A pandemia é uma aceleradora de futuros.” A frase da jornalista Eliane Trindade, editora do prêmio Empreendedor Social e titular da coluna Rede Social, do jornal Folha de S.Paulo, é um bom resumo das discussões que ocorreram durante a live “Pandemia: doações e solidariedade no Brasil”, organizada pela Fundação FEAC.
Os participantes destacaram que a emergência sanitária demandou respostas rápidas e eficientes por parte do terceiro setor, que conseguiu agir e amenizar alguns dos enormes problemas causados pela pandemia. O desafio é não só manter o engajamento histórico da sociedade civil durante o combate à Covid, mas fortalecê-lo, estimulando a cultura de doação.
A live contou também com a participação de Paula Fabiani, CEO do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), e de Camila Stefanelli, líder do Programa Cidadania Ativa, da FEAC, e foi mediada pelo superintendente socioeducativo da Fundação, Jair Resende.
Avanços
Duas pesquisas ajudaram a basear a percepção de que a pandemia trouxe avanços para o terceiro setor. O World Giving Index, por exemplo, é um ranking de solidariedade publicado pela Charities Aid Foundation, organização britânica parceira do Idis. Na última edição, publicada em junho e referente a 2020, o Brasil apareceu na 54ª posição, sua melhor colocação na história da pesquisa, iniciada em 2009.
“O índice mostra que o brasileiro reagiu. O que fez o país subir foi a ajuda a desconhecidos [um dos três indicadores analisados pela pesquisa]. Os países em desenvolvimento tiveram uma melhor performance no índice, e o Brasil seguiu essa tendência”, explicou Paula.
Com base nas iniciativas que participaram da edição de 2020 do prêmio Empreendedor Social, que foi especial em torno da pandemia, Eliane também trouxe um diagnóstico positivo sobre o terceiro setor brasileiro durante a emergência sanitária.
“Foi um momento histórico para a filantropia e para o investimento social privado. A pandemia nos ensinou que a gente pode ser solidário e que a sociedade civil organizada tem força e também sabe responder. O Brasil só não viveu uma situação mais dramática porque teve uma filantropia estratégica”, avaliou Eliane.
Com a experiência de quem está à frente da captação de recursos para a campanha Mobiliza Campinas, Camila destacou que, para “quem trabalha nessa área, os três primeiros meses [da pandemia] foram históricos. A sociedade respondeu muito rapidamente. Nos dois primeiros meses, arrecadamos 80% da meta da campanha”.
Desafios
Por outro lado, Camila também apontou que houve uma queda de doações em 2021, e que as pessoas físicas retomaram mais rapidamente seu papel doador do que as empresas.
Paula ressaltou a importância da mobilização de pessoas físicas ao citar um dado da Pesquisa Doação Brasil 2020, lançada pelo Idis em 23 de agosto, que apontou que elas doaram cerca de R$ 10 bilhões no ano passado. Já o Monitor das Doações Covid-19, da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), apontou que empresas doaram em torno de R$ 5,5 bi no mesmo período.
“Os indivíduos doam o dobro do que as empresas. Cadê o dinheiro das empresas? Houve uma redução drástica em relação ao ano passado, e cabe à sociedade civil cobrar que elas voltem a se engajar”, disse CEO do Idis.
Outra questão, destacada por Eliane, é o fato de os ricos no Brasil doarem pouco em proporção a sua renda. Apesar de a jornalista ressaltar todo um novo movimento de filantropos nas famílias mais abastadas, ela apontou que “as pessoas com menos recursos ainda doam mais do que os ricos do país”.
Apesar desses desafios, Paula trouxe dados da pesquisa do Idis que permitem uma visão otimista sobre o futuro. Ela, por exemplo, destacou que aumentou bastante o reconhecimento do trabalho do terceiro setor, e que as pessoas também estão falando mais sobre suas doações. “Há uma mudança de cultura em curso na sociedade brasileira”, resumiu Paula.
Clique aqui e veja a íntegra a gravação da live “Pandemia: doações e solidariedade no Brasil”.