Maiores empresas brasileiras ainda estão aquém na inclusão social, racial e de gênero, aponta estudo

Por: GIFE| Notícias| 14/10/2024

Apesar de alguns pequenos avanços, a inclusão da diversidade no mercado de trabalho ainda não é uma constante. Nos conselhos de administração das maiores empresas brasileiras, por exemplo, as pessoas brancas representam 93,8%. É o que aponta a pesquisa realizada pelo Instituto Ethos com colaboração do  IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica: “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024“. 

Com o intuito de mapear e avaliar a representatividade e inclusão de diferentes grupos sociais nas principais empresas do país, o estudo foi lançado em setembro durante a Conferência Ethos 360º, em São Paulo.

O público-alvo da pesquisa qualitativa foram as 1.000 maiores empresas e as 100 principais instituições financeiras do Brasil, de acordo com lista publicada em 2022 pelo jornal Valor Econômico, e que empregam mais de 1,1 milhão de pessoas. A pesquisa foi feita a partir de metodologia quantitativa, com informações obtidas por coleta on-line. Das 1.100, 131 participaram do estudo.

O “degrau quebrado” 

As informações confirmam que os dirigentes empresariais reconhecem a pouca diversidade em suas corporações e os desafios para alcançar patamares comprometidos com a equidade de gênero e raça, bem como com oportunidades direcionadas a pessoas LGBTI+, PCDs e pessoas 45+. O levantamento aponta a prevalência de um fenômeno conhecido por “degrau quebrado”, teorizado pela psicóloga Monique Stony. Ou seja, existe mais diversidade nos cargos de entrada do que nos de liderança.

Nos cargos de nível hierárquico foi notada uma presença maior de homens. Nos conselhos de administração eles são 81,4%, enquanto que as mulheres correspondem ao percentual de 18,6%. No quadro executivo e diretoria o cenário permanece masculino (72,6%), bem como nas gerências onde eles representam 62,7% e elas 37,3%. As mulheres são maioria quando os cargos são referentes a trainees (72,5%), estagiários (54,5%) e aprendizes (57,4%). 

Nesse sentido, o levantamento confirma que as mulheres são o grupo focal das empresas na busca por equidade. “51,6% das respondentes que desenvolvem alguma política ou ação afirmativa têm metas para ampliar a representação de mulheres em cargos de liderança”, diz outro trecho da pesquisa. 

“Há o reconhecimento por parte das lideranças de que faltam às empresas práticas e políticas mais estratégicas que caminhem em conjunto com a conscientização e mudanças culturais. Porém, essa conscientização precisa se transformar em ações”, alerta Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos. “É essencial estabelecer políticas e práticas transformadoras, que tenham metas de inclusão robustas”, completa.

No quesito raça/cor, pessoas brancas também dominam nas posições de poder dentro das empresas brasileiras. Enquanto que nos conselhos de administração empresários brancos correspondem a 93,8%, pessoas negras são 5,9%, sendo 1,3% pretas e 4,6% pardas. O percentual é ainda mais baixo para pessoas amarelas e indígenas, 0,2% para ambos os grupos nos mesmos postos. Negros e negras são maioria apenas entre trainees (70,8%), quadro funcional (52,3%) e aprendizes (60,8%). Amarelos e indígenas são minoria absoluta em todos os cargos. 

Pessoas LGBTQIA + também enfrentam obstáculos no mercado de trabalho. O perfil mostrou que a maioria das empresas participantes não mensuram o quantitativo de pessoas LGBTQIA +. 

Com relação às pessoas com deficiência, nos Conselhos de Administração elas são 8%, e as pessoas sem deficiência 92%. No quadro executivo e diretoria o número de PCDs cai para 0,7%. O grupo que pontuou com menor representatividade de PCDs foi o de estagiários com apenas 0,4%, enquanto que pessoas sem deficiência correspondem a 99,6% desse grupo.

Faltam metas

Falta empenho em adotar medidas que garantam uma maior participação dos grupos marginalizados no mercado de trabalho, perspectiva admitida pela pesquisa, “uma vez que 45,3% das empresas participantes do Perfil 1.100 afirmaram não possuir ações (com metas) para inclusão desses grupos em cargos de alta liderança”. Confira a pesquisa completa aqui.


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