A Missão da Filantropia Brasileira chega nesta segunda-feira (7) à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito. Visando ampliar e aprofundar o engajamento da filantropia e do Investimento Social Privado (ISP) brasileiro na agenda climática internacional e local, o GIFE e associados permanecem no encontro até o próximo dia 14. O evento teve início neste domingo (6), e se estende até o dia 18 de novembro.

Integram a missão junto ao GIFE o Fundo Baobá, o Instituto Votorantim, a Fundação Tide Setubal e a Raia-Drogasil. A iniciativa conta com o apoio do WINGS e da União Europeia, por meio do Enabling Enviroment Fund. Durante o evento, essas e outras organizações irão aderir ao Compromisso Internacional da Filantropia sobre Mudanças Climáticas.

Para o Secretário Geral do GIFE, Cássio França, é preciso reconhecer que ao longo dos últimos anos as organizações brasileiras de filantropia têm tido uma presença importante nas negociações internacionais sobre o clima. “Temos alguns associados com presença marcante e grande capacidade de articulação e produção de conhecimento sobre mudanças climáticas”. No entanto, alerta que ainda são poucas as organizações que priorizam a agenda.

Considerando o aumento dos investimentos para combater as mudanças climáticas, e uma lacuna de financiamento, a expectativa da missão é de que o engajamento da filantropia na agenda seja traduzido em maior doação e execução de projetos sobre o tema.

Uma das metas imediatas, explica o coordenador da missão, Ricardo Batista, é capacitar as organizações não-climáticas e suas altas lideranças para atuar pelo clima identificando suas capacidades dentro da agenda. “Um exemplo é a atuação do Instituto Alana, que participou pela primeira vez de uma COP no ano passado e desde então calibrou seu trabalho para abrigar a agenda dentro da garantia de direitos de crianças e adolescentes.”

O papel estratégico da filantropia no financiamento climático

No dia 9 de novembro, GIFE, WINGS e o Fundo Casa Socioambiental realizam um painel sobre o papel prático e estratégico da filantropia no financiamento climático. O encontro acontecerá das 8h às 9h30 (pelo horário de Brasília) no Brazil Climate Action Hub.

O painel vai explorar os desafios do financiamento da agenda climática por organizações filantrópicas que atuam na agenda climática, e também por organizações que entenderam a importância fundamental do engajamento deste setor para o enfrentamento das mudanças do clima. No encontro serão apresentados, discutidos e anunciados arranjos de colaboração que ajudarão o campo da filantropia a trabalhar em buscar respostas concretas à crise climática.

O destaque da programação será a apresentação de experiências da Alianza Socioambiental Fondos del Sur e do movimento #PhilanthropyForClimate, que anunciará a adesão ao Compromisso Internacional da Filantropia sobre mudanças climáticas por de oito organizações brasileiras associadas ao GIFE que, somadas, investiram mais de R$ 300 milhões de reais em 2020, de acordo com o último o Censo GIFE. 

Pós-COP27

Cássio França acredita que “parte importante do jogo acontecerá pós-COP27”. Assim, o GIFE está comprometido em convidar seus associados a considerarem a agenda climática como transversal em seus projetos, compreendendo que todas as ações podem ser executadas pensando em um impacto positivo para o clima.

Ricardo Batista explica que, logo após a missão, será construído um compromisso de organizações brasileiras de filantropia para enfrentar as mudanças climáticas, refletindo os desafios e especificidades brasileiras. Além de buscar o credenciamento do GIFE como organização observadora da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas; ampliação do diálogo com instituições filantrópicas internacionais; e suporte ao engajamento do campo em assuntos estratégicos como o desenvolvimento sustentável e a conservação da Amazônia.