Notícias falsas ligam alerta sobre riscos à sociedade civil e democracia

Por: GIFE| Notícias| 03/06/2024
regulação de plataformas

Foto: Pedro França/Agência Senado

As informações de que donativos para as vítimas das tragédias no Rio Grande do Sul (RS) estavam sendo barrados por estarem sem notas fiscais se espalharam rapidamente nas primeiras semanas de maio e revoltaram o Brasil.  No entanto, se tratava de informações falsas, que logo foram desmascaradas, mas que ligaram o alerta sobre o perigo devastador das fake news. Para especialistas, além de pôr em risco a vida humana, informações falsas comprometem o funcionamento da democracia, perspectiva que também tem sido abordada no  âmbito do G20.

Não é a primeira vez que episódios como esses ocorrem em períodos de crise no Brasil. Durante a pandemia da Covid-19, diversas notícias falsas compartilhadas nas redes sociais provocaram ondas de desinformação retardando, por exemplo, o processo de imunização de pessoas indígenas no Norte do país, como constatou trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam). 

“A desinformação em contextos extremos pode custar a vida das pessoas, seja por não terem orientações corretas sobre como se proteger ou até por gerarem pânico generalizado, o que pode levar a decisões individuais e coletivas com grandes riscos para a população”, destaca Maia Fortes, diretora-executiva da Ajor – Associação de Jornalismo Digital. Ponto de vista alinhado com o de Natália Viana, diretora-executiva da Agência Pública, que chama atenção para os tipos de desinformação. 

“Existem vários tipos de desinformação, tanto que no inglês tem um que se chama ‘misinformation’ e outro que se chama ‘disinformation’. O primeiro é o caos informacional, e o segundo é referente à desinformação que é criada de maneira industrial, pensada para levar um grupo ou pessoa a obter certas vantagens”, explica. 

“Isso aconteceu no Rio Grande do Sul, acontece e vai acontecer muito em todas as catástrofes climáticas de grande impacto e grande alcance”, alerta destacando a importância de soluções robustas para enfrentar um cenário que vem ganhando proporções cada vez maiores. Aspecto que também é analisado em relatório, feito pelo Democracia em Xeque, que constatou “a predominância de narrativas de desinformação, na maioria dos caso baseadas em teorias da conspiração e negacionismo da crise climática”, no Rio Grande do Sul. 

Debate no G20

Devido a gravidade das fake news, elas têm sido debatidas reiteradamente não só no Brasil, mas no mundo, levando em consideração as novas camadas que a desinformação tem obtido com o desenvolvimento das tecnologias. No G20 – grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Africana e União Europeia – e que em 2024 tem sido presidido pelo Brasil, o GT de Economia Digital tem como um de seus tópicos prioritários a “Integridade da informação”. O objetivo é desenvolver debates de alto nível sobre o tema com o intuito de proteger as eleições, que este ano acontecem em outubro no Brasil, fortalecer instituições democráticas e os direitos humanos. 

“Isso leva à discussão sobre regulação de plataformas, sobre sustentabilidade do jornalismo e combate à desinformação, dando visibilidade à relevância da prática jornalística como elemento crucial para a defesa das democracias no mundo”, opina Maia Fortes. No final de abril, a Ajor, junto com outras organizações, participou da elaboração do documento “Integridade da Informação só pode ser alcançada com jornalismo livre, plural e independente”, apresentado durante as atividades do GT, no G20. 

Para Natália Viana essas iniciativas contribuem com outras que perpassam diversos setores da sociedade. “Trazer esse debate global no G20 é super positivo porque além de tentar avançar em processos globais, também ajuda a incorporar esse debate em outros campos como, por exemplo, a sociedade civil e empresas”, conclui.

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