Pacto pela Democracia articula diferentes atores para ajudar na superação da crise política brasileira

Por: GIFE| Notícias| 30/07/2018

Passada a Copa do Mundo, um novo assunto está dominando os noticiários, as redes sociais e a internet: as eleições. Em outubro, brasileiros deverão ir às urnas para eleger o novo presidente da República, além dos governadores dos estados, dois terços do Senado Federal, deputados federais e deputados estaduais ou distritais.

Nenhum tema tem mais relação com as eleições do que a democracia. Em meio a um cenário de intolerâncias e incertezas, foi criado o Pacto pela Democracia, uma iniciativa da sociedade civil que reúne 70 organizações, grupos e movimentos dedicados a temas e agendas diversas.

A plataforma tem como objetivo ser um caminho para superação da crise política e de representação no Brasil por meio da preservação e do aprimoramento do ambiente democrático, em lugar da negação ou degradação que crescentemente o ameaça nos últimos anos.

Lançado no dia 13 de junho em um evento no Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Pacto é coordenado pela Nova Democracia, uma iniciativa conjunta de cidadãos, grupos e organizações comprometidos com a defesa da construção democrática no Brasil. Assim como seu coordenador, o Pacto não se alinha a uma corrente política específica, já que busca ser um espaço de diálogo, tolerância e pluralismo, com respeito às diferenças, sejam elas de cidadãos, organizações ou outros atores políticos.  

Entre os participantes estão nomes importantes no cenário de inúmeros temas como defesa dos direitos humanos, educação, gênero, pesquisa, inovação e, é claro, democracia. Alana, Cenpec, Conectas Direitos Humanos, Fast Food da Política, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Frente Favela Brasil, Fundação Tide Setubal, Fundação Avina, Instituto Ethos, Politize! e Rede de Filantropia para a Justiça Social são só algumas das 70 instituições envolvidas. Confira todas no site da plataforma.

Glaucia Barros, diretora programática da Fundação Avina no Brasil, explica que o convite para participar da rede de organizações que apoiam o Pacto foi feito pelo GIFE e que dialogou diretamente com ações que a fundação já estava colocando em prática.

“Há uns meses, o José Marcelo, secretário-geral do GIFE, me ligou com essa provocação de nós, organizações da sociedade civil, promovermos um espaço de diálogo mais plural e com mais diversidade, dentro de uma perspectiva de reforma do sistema político. Nós achamos a ideia muito convergente, considerando articulações que a Avina já vem fazendo há alguns anos e mais especialmente neste ano, com a revitalização da Agenda Brasil Sustentável”, explica.

Segundo a diretora, pensar em democracia é essencial uma vez que, sem ela, nenhuma agenda no país irá avançar. “Considerando alguns indicadores preocupantes que sinalizam problemas na dinâmica democrática, que em muitos momentos deixou de funcionar, entendemos o Pacto como uma iniciativa relevante. Somos a favor do restabelecimento do diálogo e da revitalização das instâncias de participação. Comungamos desse espírito de positividade e proposição.”

Democracia e cultura política

Além de estar alinhado com outras práticas da organização, muitas das proposições do Pacto são vistas como fundamentais pela Avina como, por exemplo, o reestabelecimento de um diálogo democrático no país. Glaucia acredita que é preciso trabalhar para revitalizar as instâncias de participação e representação na esfera pública e uma das formas de perseguir esses objetivos é unir diferentes atores, com atuações em campos e setores diversos, juntos por uma causa única.

“A nossa aposta é ter uma base que congregue atores diversos para dialogar, advogar e incidir politicamente. Buscar sinergias entre organizações da sociedade civil me parece ser o maior valor que a iniciativa pode aportar nesse momento político crítico que vive o país. Faz todo sentido termos organizações com diferentes causas guiadas pelo princípio da democracia republicana”, ressalta.

Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social, afirma que fazer parte de uma iniciativa que luta pelo restabelecimento da democracia está diretamente ligado à atuação da organização. “A democracia vai além de ser somente um espaço partidário. O grande trabalho da Rede relaciona-se com a luta pelos direitos, que não está exclusivamente vinculada à escolha de representantes.”

Nesse sentido, a coordenadora argumenta que falar de democracia não se restringe à democracia representativa. “A democratização para acesso aos recursos e aos direitos é um fator absolutamente importante para a Rede porque acreditamos que, ao fortalecer a sociedade civil, fortalecemos a democracia. A sociedade civil deve ser um espaço de construção do comum, de luta pelos direitos e acompanhamento de políticas públicas. Tudo isso está ligado às bases do Pacto pela Democracia.”

Apesar de ser um movimento para fazer com que mais pessoas reflitam sobre a política e a importância do exercício responsável da democracia com o voto, Glaucia tem como expectativa que a plataforma contribua em longo prazo, uma vez que mudar a cultura política de um país é um processo lento.

“Eu acredito que o que estamos fazendo na verdade é correr atrás do prejuízo da fragmentação, polarização e de todo esse esgarçamento do tecido social e político no Brasil nos últimos dois, três anos. Mudar a cultura política não é algo que se faz em um ou dois anos, talvez nem em dez anos. É necessário quase que o tempo de uma geração para isso. Mas achamos importante apostar nisso porque uma hora temos que recomeçar essa conversa, considerando públicos diversos, a pluralidade, o direito, as divergências de opinião e impulsionar um debate mais coletivo em torno das propostas”, ressalta.


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