Pesquisa inédita aponta que as crianças possuem consciência sobre as mudanças climáticas
Por: GIFE| Notícias| 14/11/2022Estudo do Instituto Alana, com o apoio da Fundação Bernard Van Leer, e metodologia específica, traz o olhar das crianças para o meio ambiente e a vida em comunidade
Segundo o relatório ‘Pobreza na Infância e na Adolescência’, de 2018, realizado pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, 39,7% das crianças entre 0 e 5 anos têm seus direitos violados no Brasil. No país, 7,5% das crianças têm água em casa, mas não filtrada ou procedente de fonte segura, estando em privação intermediária. No total, 24,8% das crianças e dos adolescentes estão em privação de saneamento básico.
Diante do cenário e de como as crianças são diretamente afetadas pelas questões ambientais, o Instituto Alana, com o apoio da Fundação Bernard Van Leer, realizou uma pesquisa inédita no país que traz o olhar das crianças para o meio ambiente. A pesquisa aponta que as crianças possuem nível de conhecimento sobre as questões climáticas, gerando, inclusive, soluções tecnológicas que partem de um urgente senso de vida comunitária que elas têm percebido se esvair. Os pesquisadores concluíram que as crianças trazem a natureza como fonte de vida e desenvolvimento, mas existe o receio com os problemas ambientais complexos e graves.
Como resultado do projeto foram apresentados dois sumários executivos, “Por um método de escuta sensível das crianças”, que utilizou uma metodologia autoral a partir de uma concepção de escuta que privilegia as múltiplas linguagens e o imaginário das crianças; e “Escuta de crianças sobre a natureza e as mudanças climáticas“, com as produções e narrativas das crianças que dialogam com a questão ambiental.
Para Ana Lucia Villela, presidente do Instituto Alana, a pesquisa traz contribuições na perspectiva da garantia de direito de participação e do olhar para a infância. “A gente precisa considerar as crianças nos processos, nos temas que são relativos a sua vida, mesmo que sejam temas complexos.”
ISP pode contribuir para que a infância esteja no centro dos debates climáticos
O coordenador do Programa Criança e Natureza do Instituto Alana, JP Amaral, acredita que através do investimento social privado (ISP) é possível chegar às comunidades mais impactadas pelas questões ambientais e pela importância da justiça climática. “O investimento social privado pode fazer o recurso chegar onde precisa”, afirma. Para a COP 27, o Instituto Alana espera um avanço com relação, principalmente, ao reconhecimento das crianças como prioritárias nas negociações climáticas. “Os líderes mundiais podem trazer o Direito das Crianças para o centro do debate como algo emergente, necessário e que vai olhar para a questão climática. A gente não pode deixar de fora as crianças.”