Em diálogo com o Mês da Mulher, o GIFE organizou uma curadoria literária que explora a relação das mulheres com a cidade, destacando problemáticas como violência de gênero, segurança e o desenvolvimento urbano. Para aprofundar esse debate, a seleção reúne obras escritas por mulheres que abordam a temática, trazendo reflexões essenciais sobre a desigualdade urbana e a luta por cidades mais inclusivas.

“Se a cidade fosse nossa”, de Joice Berth

A obra aborda o direito à cidade a partir de uma perspectiva crítica, articulando arquitetura, urbanismo, raça e gênero. Joice analisa a formação das cidades brasileiras desde a colonização, evidenciando como os projetos urbanos reproduzem desigualdades estruturais e uma herança higienista. O livro questiona quem realmente tem acesso pleno à cidade e propõe caminhos para a construção de espaços urbanos mais inclusivos e democráticos.

“Morte e vida de grandes cidades”, de Jane Jacobs

O livro analisa a dinâmica urbana e os elementos que tornam as cidades seguras ou não. Com uma abordagem envolvente, ela discute a importância das ruas movimentadas, da interação entre moradores para a segurança e o desenvolvimento dos bairros. Lançando um olhar crítico sobre o planejamento urbano, Jane também examina fatores que levam algumas áreas à degradação enquanto outras se revitalizam. 

“E se as cidades fossem pensadas por mulheres”, organização de Laura Sito e Mariana Felix

Partindo da compreensão de que o espaço urbano reflete desigualdades estruturais, este livro propõe uma análise sobre como diferentes grupos sociais vivenciam a cidade de maneira desigual. Com foco na experiência das mulheres em sua diversidade – trans, negras, gestoras públicas, educadoras, estudantes, periféricas, ativistas –, a obra reúne narrativas que evidenciam a pluralidade de identidades e desafios enfrentados no cotidiano urbano.

“Cidade feminista: A luta pelo espaço em um mundo desenhado por homens”, de Leslie Kern

O livro explora como as cidades foram historicamente planejadas para reforçar estruturas patriarcais e segregar funções sociais por gênero. A autora investiga os mecanismos de poder que moldam o espaço urbano e impactam a mobilidade, a segurança e a vivência das mulheres na cidade. A obra ainda analisa como diferentes identidades femininas interagem com o ambiente urbano, propondo reflexões e alternativas para tornar as cidades mais inclusivas e acessíveis para todos.

“Mulheres, casas e cidades”, de Zaida Muxí Martínez

Nesta obra, a autora analisa o papel das mulheres na arquitetura e no urbanismo, destacando como, sobretudo, sua ausência influencia os espaços que habitamos. A autora reflete sobre a casa e a cidade como símbolos das esferas privada e pública, evidenciando como a exclusão da perspectiva feminina moldou a forma como o ambiente urbano é pensado. Ao questionar a historiografia tradicional e a suposta universalidade do conhecimento, a obra reivindica o protagonismo das mulheres no debate sobre a cidade.