Relatório da ONU destaca efeito da desigualdade no desenvolvimento de países e alcance dos ODS

Por: GIFE| Notícias| 10/02/2020

Cerca de dois terços da população mundial vive em países onde a desigualdade cresceu. De acordo com as medições de progresso entre 1990 e 2010, levará mais de quatro décadas para acabar com a desigualdade entre etnias, por exemplo. A renda de uma pessoa que vive na América do Norte é 16 vezes mais alta que a de alguém que vive na África Subsaariana. Esses são alguns dos dados apresentados pelo Relatório Social Mundial: Desigualdade em um mundo de rápidas mudanças, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 21 de janeiro.  

A desigualdade de renda, por exemplo, cresceu, em sua maior parte, em países desenvolvidos e em alguns em desenvolvimento, como China e Índia. Apesar disso, vale reforçar que, segundo o coeficiente de desigualdade, essa não é uma tendência universal, uma vez que o número apresentou diminuição, em sua maioria, em países da América Latina, Caribe, África e Ásia. 

Apesar do crescimento da desigualdade econômica em muitos países, o comparativo da desigualdade entre nações tem diminuído. Um dos fatores que explica esse movimento é o crescimento econômico forte na China e países emergentes da Ásia. 

Além disso, mesmo que tenham sido evidenciados avanços em determinados grupos ou fatias da população – com atenção especial nos cuidados de saúde infantil e educação primária -, esses mesmos grupos ficarão para trás e não alcançarão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a não ser que o progresso comece a acelerar a partir de agora, a chamada Década de Ação. 

Forças Globais

A proposta do relatório foi analisar quatro “forças globais” que influenciam os diversos tipos de desigualdades: inovação tecnológica, mudanças climáticas, urbanização e migração internacional. 

No âmbito da inovação tecnológica, mais do que a discussão sobre a possibilidade de a tecnologia acabar com determinados cargos – e gerar outros -, é preciso atentar-se que, em muitos países, novas tecnologias estão beneficiando trabalhadores muito qualificados e/ou um número pequeno de empresas líderes. Isso significa que, se a tendência continuar, a tecnologia servirá para aumentar a distância e criar uma polarização ainda maior quando o assunto é força de trabalho: entre os muito qualificados e os pouco ou medianamente qualificados. 

Já na análise das mudanças climáticas, o aumento das temperaturas afetou o crescimento econômico de países localizados nos trópicos. Para se ter uma ideia, a diferença entre a renda dos 10% mais ricos e mais pobres do mundo é 25% maior do que seria caso o aquecimento global não existisse. 

Apesar dos dados apresentados, a mensagem que o documento deseja passar é de que os desafios vividos atualmente e impostos por essas forças globais não são irreversíveis. É possível usar cada uma delas para caminhar em direção a um mundo mais sustentável e equitativo. Nesse cenário, os governos e a cooperação internacional aparecem como atores fundamentais. 

Confira aqui o relatório na íntegra em inglês. 


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