Sumário Executivo do Censo GIFE 2020 apresenta a compilação dos principais dados da 10ª edição da pesquisa
Por: GIFE| Notícias| 09/05/2022Com o objetivo de destacar dados do Censo GIFE 2020, e facilitar o acesso ao leitor, o GIFE está lançando o Sumário Executivo da pesquisa em duas versões: português e inglês. Divulgada em dezembro de 2021, a 10ª edição do Censo GIFE contou com a participação de 81% da base de associados, o que equivale a 131 organizações. O levantamento é considerado uma das principais pesquisas sobre o setor do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, e esta edição foi marcada por recordes e fatores inéditos.
“Trata-se de mais uma produção de conhecimento para o campo, que visibiliza números da última pesquisa e compartilha algumas das principais informações”, relata a coordenadora de conhecimento no GIFE, Patrícia Kunrath, sobre o Sumário Executivo. De acordo com ela, a publicação “tem um formato enxuto e traz um panorama geral do campo, permitindo aos leitores um primeiro contato antes de se aprofundarem na publicação completa.”
Produzida a cada dois anos desde 2001, a análise, quantitativa, autodeclaratória e voluntária, apresenta um panorama sobre recursos, estrutura, formas de atuação e estratégias das empresas, institutos e fundações empresariais, familiares e independentes que destinam recursos privados para projetos de finalidade pública. O objetivo é contribuir com o planejamento, estruturação e qualificação da atuação dos investidores sociais.
A variável da equação: a Covid-19
Para Patrícia Kunrath o último levantamento traz os dados do campo do ISP em um contexto muito específico, e que não pode ser desconsiderado: a pandemia de Covid-19. De acordo com a pesquisa, o setor mobilizou, em 2020, R$ 5,3 bilhões, um resultado inédito, e um aumento de 53% em relação à pesquisa anterior, de 2018, que contabilizou 3,25 bilhões de reais. Outro dado que chama atenção, é o volume de repasses para terceiros, na ordem de R$2,5 bilhões. “O Censo retrata que há espaço para o setor crescer e se qualificar. Nesse caso, verificou-se essa ampliação das iniciativas de ISP em termos de volume e de repasses no contexto de crise. Mas estima-se, e espera-se, que essas mudanças possam ganhar espaço no desenvolvimento regular do campo”, projeta a coordenadora.
Do total destinado ao enfrentamento da Covid-19, R$ 1,4 bi (63%) foram aportados por empresas. Os institutos, fundações e fundos filantrópicos empresariais são o perfil com maior participação entre os investidores sociais (54%), mas também são os que mais sinalizam previsão de redução nos investimentos em 2021.
No entanto, a previsão estimada para o investimento em 2021 confirma a expectativa de Kunrath. As organizações apontaram uma estimativa de investimento de R$ 4,2 bilhões, que já é maior que a média histórica de R$3,3 bilhões. “O ano de 2020 foi de fato muito atípico e somente vendo as próximas edições poderemos confirmar o que veio para ficar e os recuos que o campo poderá fazer”, enfatiza Patrícia.
Diversidade avança a passos lentos
Não tão animador quanto o volume inédito de investimentos, os dados que se referem à diversidade revelam um cenário que ainda sofre com a carência de iniciativas.
Ainda que as organizações tenham ampliado sua presença em comparação a anos anteriores, dos 1.015 projetos analisados, entre 55% e 65% não tem relação, direta ou transversal, com os temas de diversidade e equidade mapeados: racial, mulheres, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. Além disso, 51% das organizações não adotam critérios baseados em recortes por raça, origem e comunidades tradicionais para suas iniciativas.
Patrícia acredita que um olhar interno das próprias organizações para as suas estruturas, além de projetos que pensem em políticas afirmativas, são algumas das estratégias que podem mudar o cenário.
“As pautas de equidade e de diversidade avançam a passos um pouco lentos no campo e a maior parte das iniciativas das organizações respondentes as abordam de forma transversal. Se o setor começar a olhar para elas com prioridade e como uma ferramenta de transformação e não somente tangencia-las, poderemos ver números melhores no futuro”, completa.