Ação direta do investimento social privado é fundamental para diminuir plástico nos oceanos, afirma especialista

Por: GIFE| Notícias| 05/08/2024

Até 2050 pode haver mais plástico nos oceanos em peso do que peixes. A projeção alarmante da Fundação Ellen MacArthur baseia-se no ritmo atual de produção de plástico, que cresce mais do que a de qualquer outro material: aumentou quatro vezes nos últimos 30 anos, e deve dobrar até 2060. O seu descarte aumentou no mesmo ritmo e bateu 450 milhões de toneladas por ano. 

O cenário representa uma complexa teia de desafios, comprometendo a saúde do oceano, a vida marinha e o aquecimento do planeta, conforme explica Liziane Alberti, oceanógrafa e especialista em Conservação da Biodiversidade na Fundação Grupo Boticário. “O descarte inadequado, a necessidade de sistemas de coleta mais eficazes e índices de reciclagem ainda insuficientes levam a um acúmulo massivo de plástico no ambiente.”

Em abril deste ano, foram definidas as bases do Tratado Global contra a poluição plástica, durante a quarta e penúltima rodada de negociações lideradas pela ONU, no Canadá. Em novembro, deve acontecer a rodada final na Coreia do Sul. A expectativa é pôr fim à contaminação dos plásticos até 2040. No entanto, o esboço do acordo não define um limite à produção de plástico.

O que é possível até 2030

É visando proteger a saúde marinha que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 está entre os 17 definidos pela ONU. O objetivo tem metas como a redução da poluição marinha, da acidificação dos oceanos e proteção dos ecossistemas marinhos. Metas vitais para a regulação do clima, economia global, segurança alimentar, saúde humana e sustento de milhões de pessoas.

Liziane Alberti pontua que as expectativas para alcançá-las são otimistas, mas exigem esforços contínuos. “Acreditamos que, até 2030, possamos avançar na proteção e conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos e no conhecimento científico sobre o oceano.”

Alcançar essas metas também envolvem desafios específicos. A oceanógrafa explica que um dos principais é a dificuldade em integrar as políticas públicas entre diferentes setores que impactam o oceano, como pesca, turismo, transporte marítimo e energia. As dificuldades dos países em desenvolvimento com infraestrutura e tecnologia para monitoramento e gestão sustentável dos recursos marinhos também são desafios.

Setor privado precisa ir além das campanhas de conscientização 

O assunto é pauta do investimento social privado, já que o índice Plastic Waste Makers revelou, em 2021, que apenas 20 empresas são responsáveis por cerca de 55% do lixo plástico de uso único produzido pelo mundo. Para Liziane Alberti, essa constatação evidencia a responsabilidade que o setor privado deve assumir para além de campanhas de conscientização. “Felizmente, já vemos empresas adotando medidas concretas para minimizar o impacto ambiental do plástico, como a redução do uso de plástico virgem, priorizando materiais reciclados e embalagens inovadoras, com outros materiais e menor impacto ambiental.”

Uma medida bem-sucedida apontada por ela é a criação de áreas marinhas protegidas, eficazes para a conservação da biodiversidade marinha, recuperação de estoques pesqueiros e proteção de habitats naturais.

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional