Guia apresenta estratégias para auxiliar investidores a acelerar doações plurianuais e flexíveis

Por: GIFE| Notícias| 31/07/2023

As organizações Funding For Real Change, MilwayPLUS e Ford Foundation publicaram o guia “Acelerando doações equitativas”, que defende que o momento para normalizar o financiamento plurianual e flexível “é agora”. A publicação, traduzida pelo GIFE com o Edge Funders Alliance, apresenta táticas, recursos, exemplos e pontos de partida para auxiliar investidores a superar preconceitos e barreiras, a fim de acelerar a mudança em direção ao financiamento flexível e à adoção de práticas que gerem impacto maior e parcerias mais fortes com seus donatários. 

O guia aponta como exemplo o período da pandemia de Covid-19, quando mais de 60% das fundações flexibilizaram restrições e simplificaram suas exigências de prestação de contas de doações.

Influência da pandemia 

“Quando se fala que esse é o momento, na verdade deveria ter acontecido há muitos anos. Mas, existe uma urgência para a flexibilização do financiamento para dar mais autonomia às organizações apoiadas”, avalia Pamela Ribeiro, coordenadora de projetos especiais do GIFE. 

Ela observa que, durante a crise sanitária, os financiadores flexibilizaram suas práticas, políticas e processos para dar conta de financiar questões emergenciais, o que exigia fazer o recurso chegar na ponta de forma rápida e efetiva. 

De acordo com o Censo GIFE 2020, o direcionamento de recursos para iniciativas, programas, ações sociais ou gestão de terceiros foi recorde sob todos os aspectos: além do volume de recursos (R$ 2,5 bilhões) ter sido 105% maior do que em 2018 (valores atualizados pelo IPCA), passou a ser também o tipo de despesa orçamentária mais significativa na atuação dos associados GIFE (47%).

Ciclo da escassez 

O período também marcou mudanças na prática de doação, como flexibilização das regras para uso dos recursos. A influência da pandemia pode ser também observada aqui, já que dos R$ 2,5 bilhões, R$ 2 bilhões foram direcionados a iniciativas de enfrentamento aos efeitos do vírus.

“A prática de repasse de recursos nunca foi uma estratégia prioritária entre os investidores. Eles sempre tenderam a executar seus próprios recursos. O guia incentiva a aproveitar essas mudanças para que permaneçam dentro das estratégias e práticas dos investidores sociais privados”, destaca a coordenadora. 

Para ela, doações mais flexíveis são fundamentais para o fortalecimento das organizações da sociedade civil (OSCs). Uma doação não flexível é aquela direcionada especificamente para um projeto. Mas, Pamela Ribeiro ressalta que além das doações 100% livres, existem outras práticas e graus de flexibilização que o investidor pode adotar e que também são relevantes para combater o chamado ciclo da escassez. “Ciclo da escassez é quando a organização não tem recursos para se financiar, apenas para financiar seus programas. Por isso a doação flexível é importante para que as organizações saiam fortalecidas dos financiamento”, explica.


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