Agenda ESG completa 20 anos com crescimento significativo de atenção das empresas brasileiras
Por: GIFE| Notícias| 27/05/2024Crédito: IstockPhoto
O termo ESG (Environmental/Ambiental, Social e Governança) surgiu em 2004, quando o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desafiou 50 CEOs das maiores instituições financeiras do mundo a integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais até 2030. 20 anos depois, a preocupação das empresas com a agenda cresceu significativamente.
Em 2023, 91% das companhias de capital aberto no Brasil publicaram relatórios destacando os resultados do ano relacionados a ESG; a maior proporção de reportes no estudo ESG no Ibovespa nos últimos três anos. Além disso, de 2019 a 2023, a sigla cresceu 2.600% em menções nas redes sociais, conforme pesquisa do Pacto Global da ONU em parceria com a Stilingue.
Bia Gurgel, diretora na Consultoria BG Soluções Sociais, destaca o impacto das cartas anuais de Larry Fink, CEO da BlackRock, como marco importante para alcançar esse quadro. Desde 2012, Fink envia essas cartas aos CEOs, mas a de 2020 foi especialmente significativa. Ela ressaltou a importância de as empresas incorporarem questões de sustentabilidade em suas estratégias de longo prazo e exigiu relatórios consistentes de ESG das empresas com as quais se relaciona.
“O capital liderado pela maior gestora de ativos do mundo passa a cobrar métricas sobre este tema, sinalizando que os critérios ESG se tornaram centrais. Nós que temos trajetória na responsabilidade social não imaginávamos que isso um dia aconteceria”, lembra Bia Gurgel.
Já no contexto nacional, a diretora explica que o ESG tem sido impulsionado por uma série de ações promovidas por diferentes setores. Como o aumento dos Relatórios de Sustentabilidade seguindo modelos internacionais; o Índice de Sustentabilidade Empresarial; o Compromissos Net Zero; a criação de Fundos ESG; do Instituto Ethos; e a Rede Brasil do Pacto Global.
Empresas, OSCs e ESG
Para entender a relação das empresas com organizações da sociedade civil (OSCs) no sentido de abordar questões ESG relevantes, é preciso olhar para o ‘S’ da sigla. Observando como comunidades, OSCs e demais atores externos são impactados pelas empresas.
“As OSCs desempenham papel fundamental nos seus territórios. O importante é a identificação desses atores e o processo de escuta participativa; a matriz de materialidade tem sido bastante utilizada nesse processo”, pontua a diretora da BG.
Para ela, falta maturidade ao empresariado brasileiro para reconhecer esse processo de escuta, carecendo desenvolvimento de canais mais robustos para integrar as demandas e preocupações dessas comunidades em suas estratégias de negócios. Por outro lado, ao colaborar com OSCs, acredita que as empresas fortalecem comunidades locais e promovem inclusão social.
Outra preocupação da diretora, é que o ESG ainda é tratado como pauta paralela em muitas empresas. “Muitas vezes, há uma preocupação em apenas aparentar alinhamento com as práticas ESG, sem um compromisso real e orçamento definido”. Avaliação que encontra respaldo no estudo feito pela consultoria Korn Ferry em 2023, que revela que apesar da maioria das empresas brasileiras adotar o ESG como pilar estratégico (67%), 54% ainda não estabeleceram metas para suas estratégias ESG.
Assim, algumas parcerias entre empresas e OSCs têm sido mais eficazes na promoção de iniciativas ESG. “Destaco duas mais populares”, aponta Bia Gurgel:
– Programa de Voluntariado Empresarial em parcerias com OSCs alinhadas às políticas de ESG das empresas.
– Apoio via Doação e Patrocínio Institucional, fortalecendo o terceiro setor do entorno da empresa através de apoio a projetos, sendo essencial o monitoramento.