Coleta de Dados é fundamental para políticas públicas e impactam no sucesso do Investimento Social Privado no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 15/08/2022
coleta de dados do censo

Após sofrer restrições orçamentárias, o Censo 2020 está acontecendo apenas em 2022. 

Cerca de 2,7 milhões de famílias com perfil para receber Auxílio Brasil ainda não foram contempladas, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Com a pandemia da Covid-19 e após sofrer restrições orçamentárias, o Censo 2020 está acontecendo apenas em 2022

Para Jair Resende, superintendente na Fundação FEAC, este cenário é consequência de um “apagão de dados” e falta de interesse governamental na coleta. “É importante destacar que nas últimas décadas o Brasil vinha trabalhando fortemente com sistemas e processos para que, sobretudo as populações mais vulneráveis, tivessem na lupa das ações governamentais. Porém, nos últimos anos o Brasil vive um fenômeno que é o apagão de dados.”

Por outro lado, Jair aponta que os gestores do Investimento Social Privado (ISP) valorizam cada vez mais dados em sua atuação. Nesse processo, as organizações do terceiro setor são de fundamental importância por estarem onde muitas vezes as pesquisas ainda não alcançaram.

Apesar de todas as dificuldades, as organizações que atuam nos territórios têm muitas informações e dados. Chegam junto às populações que muitas vezes não estão em sistemas e cadastros governamentais, mas fazem parte de informação de uma rede de atuação local

A superintendente da Fundação Arymax, Vivianne Naigeborin, também aponta que é  um consenso entre os investidores sociais a necessidade de dispor de conhecimento técnico e científico. Para ela, com as informações é possível ter uma base para identificar as estratégias mais eficientes na geração de impacto social.

“Quando intervenções sociais são desenhadas, seja pelo terceiro setor ou pela gestão pública, sem um diagnóstico prévio do problema e sem que se levantem os dados e aprendizados que já existem, corremos um risco enorme de desperdiçar tempo e dinheiro.” 

Em 2020, 38,1 milhões de brasileiros foram chamados de “invisíveis” por terem solicitado auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, e não terem carteira assinada, nem acesso a algum benefício social. Consequentemente não estavam na previsão do Estado. 

Vivianne Naigeborin lembra que os trabalhadores informais estão neste grupo. O que motivou a Fundação Arymax, em parceria com a B3 Social e condução do Instituto Veredas, a realizar a pesquisa Retrato do Trabalho Informal no Brasil: Desafios e Caminhos de Solução.

“Os trabalhadores e trabalhadoras informais participam há muito tempo da atividade econômica do país, mas nunca receberam a atenção devida das políticas públicas. A pandemia da Covid-19 tornou mais evidentes os desafios e a falta de proteção social desse grupo.”

Vivianne Naigeborin lembra que as demandas de quem trabalha por conta-própria difere das enfrentadas por quem trabalha sem registro ou com um contrato de trabalho intermitente. Assim, o mapeamento é o começo para uma abordagem personalizada.

Investimento em pesquisas e estudos são eficientes na busca por novas alternativas

O Brasil é o quinto maior país do planeta em extensão territorial, com 8.516.000 km² e cerca de 212,6 milhões de habitantes. Os dados impressionam e dão uma dimensão do planejamento que pesquisas como a do censo demográfico necessitam. 

Para Jair Resende, as entidades e organizações que atuam nesse campo podem tanto investir em estruturas dentro das fundações e institutos, como também apoiar as organizações que estão diariamente nas comunidades. Mas, alerta para a importância da descentralização das informações.

“Esse conhecimento não pode ficar preso nas grandes instituições. As investidoras têm que capacitar e investir para que as organizações da ponta também consigam dados para que os gerem os impactos pretendidos.”

Para resolver o complexo desafio dos problemas sociais, Viviane Naigeborin acredita que é necessário utilizar múltiplas ferramentas.

Estudos e pesquisas são fundamentais, mas, isso não exclui a possibilidade de inovar e testar. O importante, porém, é monitorar e avaliar continuamente as ações, mensurar os resultados alcançados e, principalmente, extrair aprendizados que permitam um aperfeiçoamento contínuo de nossas ações.


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