Compromisso nacional sobre mudanças climáticas e busca por recursos são objetivos da filantropia brasileira na COP 28

Por: GIFE| GIFEnaCOP| 27/11/2023

Moradores de comunidades ribeirinhas do arquipélago de Marajó. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A partir da próxima quinta-feira (30), lideranças políticas, organizações da sociedade civil e ativistas de todo o mundo estarão reunidos para mais uma Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a COP 28. O encontro acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, até o dia 12 de dezembro. 

A COP 27 foi marcada por um chamado ao cumprimento das metas já estabelecidas em conferências anteriores. Além de um enfoque na reparação e financiamento às nações mais pobres e mais impactadas pelas mudanças climáticas. Um ano depois, um dos temas mais aguardados do evento é a divulgação do primeiro Global Stocktake (GST).

“Essa avaliação sobre como os países estão progredindo em relação às metas estabelecidas no Acordo de Paris é o que vai impulsionar o reajuste de Metas e Compromissos e orientar futuras ações e estratégias globais.”, destaca Natália Oliveira, coordenadora de inovação social no Instituto Votorantim.

Ela lembra ainda que desde a COP 27 é reconhecida a necessidade de uma transição energética justa e equitativa. Tema que acredita que deve ter relevância na participação do Brasil na COP 28, “considerando que em outubro deste ano o Brasil apresentou submissão por meio do bloco político G77 + China, sobre o Programa de Trabalho sobre Caminhos de Transição Justa, que reforça que o apoio na forma de financiamento climático, desenvolvimento e transferência de tecnologia e capacitação para países em desenvolvimento precisa ser garantido tanto para ação climática quanto para transições justas”.

Para João Alegria, secretário geral da Fundação Roberto Marinho, a atual conjuntura, com a continuação da guerra entre Rússia e Ucrânia, e o surgimento de um novo conflito – Israel e Hamas – são fatores que devem influenciar o debate. Principalmente no que diz respeito à continuação da exploração de matrizes energéticas, diretamente relacionadas às fortes emissões de carbono no planeta. 

“Continuamos falando de petróleo e carvão mineral, quando as nações passam a ter um problema de segurança energética. As lideranças políticas são levadas a dar passos atrás, à medida que suas populações ficam em insegurança energética. É o caso da continuação do conflito da Ucrânia com a Rússia.”

Além disso, ele aposta em discussões mais profundas e urgentes voltadas para adaptação e mitigação climática. Mas não necessariamente passando pelo tema do racismo ambiental. “O tema deve aparecer dentro de uma discussão de justiça ambiental, embora sejam conceitos diferentes. Mas o racismo ambiental ainda não tem aderência para uma discussão própria na COP, principalmente pelo norte global.”

Objetivos da filantropia brasileira em Dubai

Depois de aderir ao Compromisso Internacional da Filantropia sobre Mudanças Climáticas durante a COP 27, no Egito, a Missão da Filantropia Brasileira também marcará presença em Dubai. A primeira missão buscava que o engajamento da filantropia na agenda climática fosse traduzido em maior doação e execução de projetos sobre o tema. Para João Alegria, a expectativa não foi atingida. 

“O que eu vejo ainda é uma tônica do setor, principalmente corporativo, olhando muito para esforços de limpeza das suas cadeias produtivas e de terceiros que estão ligados às suas atividades. Mas não vejo, exceto em momentos de urgência e desastres, um grande aumento de investimentos para essa temática.”

Para esse ano, ele espera como um desdobramento do compromisso internacional da filantropia, a assinatura de um compromisso nacional. 

Para Natália Oliveira, o setor deve estar comprometido em impulsionar o conceito de transição justa. Considerando em todas as suas ações o fato de que as consequências da crise climática atingem de forma muito desigual pessoas e territórios.

“Para a filantropia do sul global, é importante que possamos advogar em prol dos recursos para adaptação. Precisamos empenhar todos os nossos esforços para limitar o aumento de temperatura a 2,0°C. Mas a crise climática não está no futuro, ela é uma realidade, que tem se agravado.”

A missão GIFE na COP

Pelo segundo ano consecutivo o GIFE realiza a missão COP, estratégia que busca aumentar o engajamento da filantropia brasileira no enfrentamento às mudanças climáticas. Estarão na missão deste ano: Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Fundo Positivo, Mattos Filho Advogados, Vetor Brasil / Instituto Gesto, além do Instituto Votorantim que esteve na missão anterior e associados que já atuam com temáticas relacionadas às mudanças climáticas e clima.

A Missão GIFE na COP 28 conta com o apoio do Alana, Fundação Ford, Fundação Avina, Fundo JBS pela Amazônia, iCS, WINGS. Parceiro: FGVces.

Todas as informações sobre o evento e a filantropia brasileira estarão disponíveis em nosso site.


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