Pandemia aprofundou desafios para alfabetização de crianças, aponta nota técnica

Por: GIFE| Notícias| 07/03/2022
alfabetização na pandemia

Entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021, é o mostra a mais recente nota técnica do Todos Pela Educação sobre os impactos da pandemia no aprendizado de crianças e jovens brasileiros. 

Produzido com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021, o documento “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças” compara os números correspondentes ao terceiro trimestre de cada ano e confirma os efeitos negativos da pandemia de Covid-19 sobre a Educação Pública brasileira.

O cenário impõe novos desafios, por exemplo, à meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), que visa alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o final do terceiro ano do Ensino Fundamental. 

Recorte socioeconômico e racial 

O estudo também revela que há um recorte de raça, aprofundando as desigualdades entre estudantes brancos e pretos. 

Entre 2019 e 2021, o percentual de crianças brancas de 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever passou de 20,3% para 35,1%. Já os níveis entre as crianças pretas e pardas passaram de 28,8% e 28,2%, respectivamente, para 47,4% e 44,5%, uma diferença de 12,3 pontos percentuais. 

Considerando que no Brasil as desigualdades raciais andam acompanhadas de marcadores socioeconômicos, o levantamento também mostra que há uma diferença expressiva entre crianças residentes em domicílios pobres e ricos que não sabiam ler e escrever entre o período estudado: um aumento de 33,6% para 51% entre crianças mais pobres, versus 11,4% para 16,6% entre as mais ricas. 

Ações articuladas 

Tendo em vista que ler e escrever são habilidades fundamentais para que os estudantes tenham as condições necessárias para o seu desenvolvimento, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta a alfabetização como foco da ação pedagógica nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, ‘a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos.’ 

A nota técnica pontua ainda que os dados dos desafios impostos à educação em razão da pandemia são preocupantes, e serão necessárias ações do Poder Público nas esferas municipais, estaduais e federal para a mitigação de inúmeros efeitos negativos.


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